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Brincadeiras E Jogos Indígenas Na Educação Física: Reflexões E Possibilidades

Por:   •  13/10/2023  •  Artigo  •  1.634 Palavras (7 Páginas)  •  92 Visualizações

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BRINCADEIRAS E JOGOS INDÍGENAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA: REFLEXÕES E POSSIBILIDADES

Mário Celso Corrêa Júnior

Fábio Arnoni

        É de conhecimento dos professores da educação básica, o fato dos dispositivos formativos e legislações oficiais fomentarem o trabalho da educação das relações étnico-raciais, e em especial de matriz indígena, no âmbito escolar. Porém, é inegável que essa temática ainda aparece como algo desafiador para a maioria deles, sendo necessários muitos esforços voltados para sua efetivação na prática docente em geral e principalmente no componente curricular de Educação Física.

        Diante dessa conjuntura, o objetivo desse artigo é trazer possibilidades e reflexões acerca do trabalho de brincadeiras e jogos indígenas nas aulas de Educação Física, iniciando com uma prévia análise dos documentos oficiais que embasam esse conteúdo cultural tão importante para a educação e a formação integral dos estudantes.

         A Lei nº 11.645/ 2008 foi um marco legal, de fundamental importância para a educação básica, pois incluiu no Currículo Oficial do Ensino Fundamental e Ensino Médio, a obrigatoriedade da abordagem da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Legislação essa, que teve como um dos principais objetivos valorizar a contribuição desses povos originários, tanto no quesito social, quanto econômico e político, para a consolidação e formação da população brasileira.

        Com isso, os documentos oficiais, que tratam da Educação em território nacional, foram se adequando para contemplar essas diretrizes. Nessa linha, a Base Nacional Comum Curricular – BNCC, trouxe em suas competências gerais e também nos diversos componentes curriculares, menções relacionadas ao trabalho de atividades culturais indígenas ao longo da educação básica, visando à formação cultural, social e artística dos discentes (BRASIL, 2018).

        No componente curricular de Educação Física, para os anos iniciais do Ensino Fundamental, mais especificamente 3º ao 5º ano, a BNCC apresenta três unidades temáticas que englobam a matriz indígena, a saber: brincadeiras e jogos; dança; lutas.

Diante desses pressupostos, daremos ênfase às brincadeiras e jogos, que se apresentam como vertente central dessa discussão. Acerca desses conteúdos, a BNCC traz as seguintes habilidades a serem desenvolvidas durante as aulas de Educação Física:

(EF35EF01) Experimentar e fruir brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e recriá-los, valorizando a importância desse patrimônio histórico cultural.

(EF35EF02) Planejar e utilizar estratégias para possibilitar a participação segura de todos os alunos em brincadeiras e jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana.

(EF35EF03) Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita, audiovisual), as brincadeiras e os jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana, explicando suas características e a importância desse patrimônio histórico cultural na preservação das diferentes culturas.

(EF35EF04) Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e demais práticas corporais tematizadas na escola, adequando-as aos espaços públicos disponíveis (BRASIL, 2018, p. 229).

        Diante desses aspectos expostos pelos documentos e legislações oficiais, fica cristalina a relevância da abordagem dessa temática, valorizando o patrimonial cultural indígena nas unidades escolares e especialmente no componente curricular de Educação Física.

Possibilidades para as aulas de Educação Física

A vista desse cenário, trataremos na sequência de algumas possibilidades de brincadeiras e jogos que podem ser utilizados por professores de Educação Física em suas aulas. Quando falamos em educação para as relações étnico-raciais e, em especial de matriz indígena, é indispensável à ênfase na contextualização dessas práticas, versando sobre seu valor cultural, bem como é necessário que haja uma ressignificação das mesmas, a fim de atribuir novos sentidos para estabelecer relações com o cotidiano dos alunos.

Jogo da Onça

        Esse jogo, de origem indígena, é também conhecido como Adugo e tem suas raízes históricas relacionadas às etnias Bororos – MT, Guarani – SP e Manchakeri – AC. Rotineiramente, nas aldeias, ele é jogado no chão, sendo que os povos utilizam pedras como peças (SARDINHA; GASPAR; MOLINA, 2011).

        Nas aulas de Educação Física, após uma contextualização prévia, o professor pode trabalhá-lo como um jogo de tabuleiro, feito em uma folha de papel ou até mesmo desenhado no chão, deixando-o, assim, mais próximo de suas origens. É disputado em duplas, onde seu tabuleiro é formado por um triângulo na parte de baixo e um quadrado na parte principal, como mostra a imagem ao lado.

        Ele é composto por quinze peças, sendo quatorze cachorros e uma onça. As peças podem ser fabricadas com papéis da mesma cor - para identificar os cachorros - e de cor distinta para a onça. As peças só podem se mover nas interseções das linhas, podendo andar apenas uma casa vazia por vez. Apenas a onça pode fazer capturas, pulando por cima do cachorro e caindo em uma casa vazia, parecido com a captura do jogo de damas. Os cachorros precisam fazer ações que busquem encurralar a onça deixando-a sem movimento. Caso isso aconteça o aluno que estiver jogando com os cachorros vence a partida. Caso a onça capture 5 cachorros, quem estiver jogando com a onça será o vencedor (SANTOS; VIANA, 2016).         [pic 1][pic 2]

[pic 3]

Arranca Mandioca

        Essa brincadeira, bastante divertida e adorada pelos alunos, ainda é muito pratica em diversas aldeias indígenas, sendo oriunda dos povos Guarani e Xavantes. Era muito utilizada para trabalhar a força nos praticantes (MEIRELLES, 2007).[pic 4]

        Para desenvolvê-la, o professor pedirá aos alunos para que formem uma fila sentados ao chão. O primeiro da fila será o “dono da roça” e ficará agarrado em um ponto fixo, que pode ser um pilar, uma árvore ou até mesmo a trave do gol. Os outros participantes devem segurar firmemente no companheiro da frente e assim sucessivamente, formando algo parecido com uma corrente. Quando o “dono da roça” der o sinal, um aluno, selecionado pelo professor tentará retirar as “crianças mandiocas” da fila, começando pela última.

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