Diabetes
Por: adriana_msousa • 9/12/2015 • Trabalho acadêmico • 8.080 Palavras (33 Páginas) • 227 Visualizações
1. Introdução
Define-se Diabetes Mellitus (DM) como uma síndrome de etiologia múltipla, resultante de uma deformidade na secreção de insulina e/ou da capacidade da insulina em exercer adequadamente sua função (Sociedade Brasileira de diabetes - SBD, 2002).
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (2002), a classificação atualmente recomendada incorpora o conceito de estágios clínicos de DM, desde a normalidade passando para a tolerância à glicose diminuída e/ou glicemia de jejum alterada, até o DM propriamente dito.
A nova classificação baseia-se na causa originária do DM e esclarece que:
o Diabetes Mellitus tipo 1(DM1) é um distúrbio auto-imune, com produção de auto-anticorpos contra as células β das ilhotas de Langerhans e, conseqüentemente, leva à diminuição na produção de insulina. Desenvolve-se em indivíduos geneticamente suscetíveis e pode estar associado a variados fatores ambientais (FOSS, 2005).
No Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) o mecanismo patogênico é diferente, pois a hiperglicemia crônica é causada, predominantemente, por resistência da célula alvo à ação da insulina circulante. Ela é freqüentemente associada à deficiência quantitativa e qualitativa da secreção de insulina para o controle dos níveis glicêmicos normais (FOSS, 2005).
Os trabalhos específicos sobre prevalência de diabetes tipo 2 são raros. Porém, a interpretação de trabalhos sobre a prevalência de diabetes em geral (tipo 1 e 2) é facilitada já que a diabetes tipo 2 é a mais comum e abrange 90% dos casos diagnosticados (World Health Organization, 2000).
Estudo realizado por Roglic et al. (2005), estimou o número global de mortes atribuídas ao diabetes no ano de 2000. Para isso, foi utilizado um modelo computadorizado desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os resultados foram alarmantes: 2,9 milhões de mortes, sendo que aproximadamente 5,2% de todas as mortes foram atribuídas ao diabetes. Desses 2,9 milhões, 1 milhão de mortes foram constatadas nos países desenvolvidos e o restante nos não desenvolvidos. No geral, 7,5 milhões foi o número estimado para as mortes no ano 2000. Esse número descreve 4,5 milhões de pessoas diabéticas que morreram por diferentes causas da doença em questão. Nesse mesmo estudo, em indivíduos menores que 35 anos, 75% de todas as mortes foram atribuídas ao diabetes; nos indivíduos entre 35 e 64 anos de idade, esse número cai para 59% enquanto em indivíduos maiores que 64 anos essa porcentagem foi de 29%. Esse estudo move o diabetes de oitavo para quinta posição na causa mais freqüente de mortes, sendo precedido por doenças infecto-contagiosas, cardiovasculares, câncer e traumas.
Outro estudo realizado por Wild et al. (2004) fez uma estimativa da prevalência global de diabetes para o ano de 2000 e 2030. Para isso foram coletados dados sobre a prevalência de diabetes de acordo com a idade e sexo de indivíduos de 191 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU). Os dados da população urbana e rural foram separados dos dados dos países desenvolvidos. Os resultados mostraram que a estimativa da prevalência global de diabetes para o ano de 2000 foi de 2,8% e 4,4% para 2030.
O número total de pessoas com diabetes aumentará de 171 milhões em 2000 para 366 milhões em 2030. A prevalência é mais alta nos homens, mas existe um maior número de mulheres diabéticas. A população urbana dos países em desenvolvimento tende a dobrar e, como informação mais significativa, está previsto um aumento do diabetes entre indivíduos maiores de 65 anos (WILD et al.,2004).
Nos países desenvolvidos os grupos socioeconômicos mais baixos são mais afetados enquanto o oposto é observado para os países ainda em desenvolvimento (SHAW & CHISHOLM, 2003).
Nas Américas, o número de indivíduos com diabetes foi estimado em 35 milhões para o ano de 2000 e projetado para 64 milhões em 2025. Individualizar esses dados para os países latino-americanos fica difícil, pois estes não desenvolveram um sistema de vigilância epidemiológica para as doenças crônicas na população adulta, em particular sobre o diabetes mellitus tipo 2. As informações sobre a prevalência do diabetes derivam de inquéritos realizados esporadicamente e não em bases regulares. Poucos têm uma abrangência nacional, sendo a maioria envolvendo cidades ou regiões (SARTORELLI & FRANCO, 2006).
O estudo realizado por Wild et al. (2004) mostrou que o Brasil está entre os dez países com o maior número de diabéticos tanto em 2000 (8o lugar) como em 2030 (6o lugar). Portanto, existe uma previsão para o aumento do número de pessoas diabéticas no Brasil.
No Brasil, um estudo multicêntrico e transversal feito com uma amostra aleatória de 21847 indivíduos retirada de 9 grandes capitais e pertencente à faixa etária de 30 a 69 anos de idade, mostrou uma prevalência de 7,6% para diabetes. A prevalência segundo gênero comportou-se da seguinte maneira: 7,6% e 7,5% para homens e mulheres respectivamente. Em relação ao grupo étnico observou-se uma prevalência de 7,8% entre os brancos e 7,3% entre os outros grupos étnicos. Por último, em relação à faixa etária observou-se 2,7% para a faixa de 30 a 39 anos de idade e 17,4% para a de 60 a 69 anos de idade (MALERBI & FRANCO, 1992).
Foi também verificado que casos ainda não diagnosticados representavam 46% do total da prevalência. Entre os previamente diagnosticados, 22,3% não estavam submetidos a nenhum tratamento, 7,9 % tomavam insulina, 40,7% tomavam medicamento oral e 29,1% controlavam a glicemia apenas com a dieta. Neste país a prevalência de diabetes é comparável com a dos países desenvolvidos: 0,1%, 3%, e 11,6% nas faixas etárias menores que 30, entre 30 e 69 e maiores que 70 anos de idade respectivamente (MALERBI & FRANCO, 1992).
Em São Paulo, grande metrópole do Brasil, um estudo realizado por Goldenberg (2003), com amostra de indivíduos entre 30 e 69 anos de idade, moradores de três regiões de São Paulo: Vila Mariana, Santo Amaro e Saúde mostrou uma prevalência de 9,1% para a diabetes (4,7% de casos pré diagnosticados e 4,4% de casos recém diagnosticados). Em relação ao gênero, dados evidenciaram maior presença entre as mulheres, no caso de diabetes pré diagnosticada (5,9%) e maior prevalência na população masculina (5,4%) entre os recém diagnosticados. Esta inversão aproximou a prevalência total entre os sexos, sendo que a soma dos indivíduos com diabetes pré e recém diagnosticados totalizou 9,4% entre as mulheres e 8,7% entre os homens na população da amostra.
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