Erros Inatos do Metabolismo
Por: Cintia Aline Martins • 11/9/2015 • Trabalho acadêmico • 3.752 Palavras (16 Páginas) • 968 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO SUL DE MINAS[pic 1]
BACHARELADO EM FISIOTERAPIA
GRUPO 2
SEMINÁRIO DE NEUROPEDIATRIA: erros inatos do metabolismo, fenilcetonúria, mucopolissacaridose e defeitos do ciclo da ureia
Varginha
2015
Visão panorâmica dos erros inatos do metabolismo (EIM) com ênfase em fenilcetonúria, mucopolissacaridose, defeitos do ciclo da ureia
Grupo 2¹
Resumo: Introdução: Os erros inatos do metabolismo (EIM) são distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica. Ocasionam, portanto, alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. Objetivo: Abordar uma visão panorâmica acerca dos erros inatos do metabolismo dando ênfase nas doenças: fenilcetonúria, mucopolissacaridose e defeitos do ciclo da ureia. Metodologia: Trata-se de uma revisão bibliográfica na base de dados SCIELO, referente a publicações dos últimos 13 anos. Foram usadas as palavras chave: erros inatos, metabolismo, tratamento, mucopolissacaridose, defeito do ciclo da ureia, fenilcetonúria. Resultados e discussão: Estes distúrbios hereditários são transmitidos, em sua maioria, de forma autossômica recessiva. As alterações ocorrem ao nível molecular e esse bloqueio além de induzir o acúmulo de substâncias tóxicas e/ou falta de substâncias essenciais, pode gerar problemas no desenvolvimento físico e mental dos pacientes. A fenilcetonúria (PKU) os portadores são incapazes de produzir uma enzima que atua na conversão de um aminoácido fenilalanina no aminoácido tirosina. Sem essa conversão a fenilalanina acumula-se no sangue e é convertida em substância tóxica que provoca lesões no sistema nervoso, culminando com retardo mental do portador. Reconhecida a existência da doença, as crianças passam a receber alimentação pobre em fenilalanina (lembre-se que a fenilalanina é importante no metabolismo de construção, uma vez que parte da estrutura de muitas proteínas). A mucopolissacaridose(MPS) existe a deficiência ou falta de uma determinada enzima nos lisossomos, o que leva ao acumulo de glicosaminoglicanos(GAG), conhecida antigamente como Mucopolissacárides, nome que deu origem a patologia. As manifestações clínicas são normalmente multissistêmicas (afetam diversos órgãos) e muito variáveis, existindo formas leves, moderadas e graves. Podem afetar o cérebro, olhos, ouvidos, coração, fígado, ossos e articulações. O tratamento mais utilizado e eficaz é a Terapia de Reposição Enzimática (TRE). A TRE introduz via venosa o fármaco deficiente nos lisossomos das células. Os defeitos do ciclo da ureia, consiste em uma série de reações enzimáticas que convertem a amônia, liberada durante o catabolismo das proteínas, em uréia. A uréia, a principal escória nitrogenada, é então excretada na urina. O tratamento visa limitar a ingestão de proteína, que será, posteriormente, transformada em amônia, bem como aumentar a excreção desta última. Conclusão: Os Erros Inatos do Metabolismo são clássicos distúrbios genéticos, portanto, é necessário conhece-los para o indispensável aconselhamento familiar que compreenda, principalmente, o prognóstico do paciente e o risco de recorrência da doença.
Palavras-chave: erros inatos, metabolismo, tratamento, mucopolissacaridose, defeito do ciclo da ureia, fenilcetonúria.
Grupo 2: Cíntia Aline Martins, Helen Monteiro, Jéssica Caroline, Lais Leite Ferreira, Letícia Costa, Susilaine Alves
1 INTRODUÇÃO
1.1 Erros Inatos do metabolismo
Os erros inatos do metabolismo (EIM) são distúrbios de natureza genética que geralmente correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica. Ocasionam, portanto, alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. Tais erros do metabolismo são considerados a causa das Doenças Metabólicas Hereditárias (DMH) em que a ausência de um produto esperado, acúmulo de substrato da etapa anterior a interrompida ou o surgimento de uma rota metabólica alternativa podem levar ao comprometimento dos processos celulares. Esse grupo de doenças representa cerca de 10% de todas as doenças genéticas. Em grande parte, são doenças que afetam todo o organismo e podem se manifestar em qualquer faixa etária.
1.2 Incidência
No Brasil, estima-se a prevalência isolada de algumas doenças, como da fenilcetonúria, variando entre 1:12000 e 1:15000, da Doença da Urina de Xarope de Bordo com prevalência de 1:43000 e da Deficiência de Biotinidase com 1:125000 recém-nascidos vivos.
1.3 História
Os estudos sobre os EIM iniciaram-se na primeira década do século XX quando Archibald Garrod descreveu a alcaptonúria. Em seu clássico artigo eram destacados os aspectos genéticos da doença que foi uma das primeiras alterações para a qual a herança mendeliana recessiva foi proposta. Ao tratar da “individualidade química, estava dando início à genética bioquímica. A Garrod deve-se o termo consagrado “Erros Inatos do Metabolismo-, título de seu livro, publicado em 1909. Desde a segunda edição do livro Erros Inatos do Metabolismo, em 1923, quando se incluíam no grupo apenas seis doenças metabólicas hereditárias, até o ano de 1950, o avanço no conhecimento sobre estes distúrbios foi lento. A situação se transformou a partir dessa década com o desenvolvimento de novas técnicas laboratoriais, como a cromatografia e eletroforese de proteínas. Além disso, a tecnologia do DNA possibilitou a detecção das causas moleculares dos erros inatos.
1.4 Classificação
Tratando-se de alterações metabólicas bastante distintas, os Erros Inatos do Metabolismo possuem diversas classificações. No entanto, é conveniente descrever aquela estabelecida por Saudubray e Charpentier (1995) por se apresentar mais didática e de maior aplicação clínica
- Categoria 1: engloba as alterações que afetam um único sistema orgânico ou apenas um órgão, como o sistema imunológico e os fatores de coagulação ou túbulos renais e eritrócitos;
- Categoria 2: abrange um grupo de doenças cujo defeito bioquímico compromete uma via metabólica comum a diversos órgãos, como as doenças lisossomais, ou restrito a um órgão apenas, porém com manifestações humorais e sistêmicas, como a hiperamonemia nos defeitos do ciclo da uréia.
Respeitando a grande variabilidade de alterações da Categoria 2, as doenças metabólicas hereditárias que a compõem são divididas em três diferentes grupos conforme suas características fisiopatológicas e fenótipo clínico:
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