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Resenha critica do livro ''O abraço - Lygia Bojunga''

Por:   •  2/6/2018  •  Resenha  •  917 Palavras (4 Páginas)  •  5.037 Visualizações

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Emanuel Oliveira Ferreira

RGM: 192.808

Resenha critica do livro O abraço – Lygia Bojunga

De Lygia Bojunga, este livro foi publicado pela primeira vez na data de 1996, e é uma obra que trata de assuntos fortes, tais como estupro e síndrome de Estocolmo. Apesar do foco da autora ser a literatura infanto-juvenil, ela usa de termos fortes e de forma muito intensa na linguagem, fazendo uma narrativa rápida e objetiva, mas que impacta o leitor e o faz pensar. Este também tem as seguintes características: Zem ordem cronológica, muitas metáforas, capítulos curtos, narrador personagem, onisciente e interlocutor, texto dramático e usa da relação e ‘’cruzamento’’ do passado com o presente para prender a atenção do leitor. Esta obra foi ganhadora de dois prêmios pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIS) que são ele ‘’Orígenes Lessa’’ e ‘’Altamente Recomendável’’ em 1996, o premio ‘’Adolfo Aizen’’ em 1997, outorgado pela União Brasileira de Escritores (UBE), e juntamente com outras obras recebeu o premio em memoria de Astrid Lindgren em 2004.

O Abraço traz o lado obscuro das fascinações, fazendo uma busca no mais íntimo e profundo da personagem principal Cristina. Onde se torna de conhecimento do leitor uma experiência de estupro sofrido por Cristina quando a mesma tinha somente 8 anos, crime cometido pelo ‘’Homem da água’’ como citado no livro.

Todavia, sua memória de criança criou uma autodefesa adormecendo a s lembrança s deste chocante fato, que vem a tona somente na sua fase adulta, ao visitar um circo e sofrer uma epifania ao contrário, onde a lembrança do estuprador e perfilhada a imagem do palhaço, mas, contudo é sua voz que o denuncia, e para surpresa dos leitores invés de ódio, a personagem principal surpreende a todo s com uma reação não de ódio, mas sim de desejo.

Logo em seguida ela é convidada a uma festa, pela mulher mascarada (a Dona Morte), onde reencontra o palhaço, que a arrasta para a mata, a enforca com uma gravata e a estupra  novamente.

Outro personagem que nos é apresentado é Clarice, amiga de Cristina que desapareceu aos 7 anos de idade e que a gente passa o livro inteiro sem saber se existe ou se ela mesma inventou. Também há outra personagem, eu nome é Clarice. Que é o nome que seu algoz a chama durante o cativeiro. Cristina, certa vez que visitava à fazenda de um amigo de seus pais, é sequestrada, mantida em cativeiro e submetida a todo tipo de atrocidade que era desejo do seu estuprador.

Quando ela consegue se libertar e voltar pra zua família, o assunto vira um tabu e como ninguém a ajuda a superar esse trauma, ele cai no esquecimento por defesa do seu subconsciente. Ela simplesmente passa a fingir que nada aconteceu até em um certo momento da trama ela encontra seu abusador ao acaso onde menos esperava, mas agora já adulta, já mulher. E este também é marcado como um dos epílogos desta história, onde invés de sentir ódio, medo ou repugna, ela sente-se atraída pelo seu estuprador.

O próximo acontecimento importante do livro é a reaparição da antiga clarice que começa a conversar com ela em sonhos e aparece fisicamente pra ela em alguns momentos. Aquela Clarice de infância lhe diz que ela é cúmplice do crime que a acometeram. E este é um momento de grande tensão no livro onde normalmente o leitor fica chocado e faço questão de transcrever aqui, pois é um dos mais impactantes e fortes desse livro:

" - É por causa de gente feito você, gente que não tem memória, que perdoa fácil, que esse crime continua sem o castigo que merece. Tá me olhando assim por que, hem? por quê? Será que você nunca parou pra pensar que o que te aconteceu foi um crime? Crime, sim, crime! Então não é criminoso quem arromba uma casa pra se apossar do quem tem dentro? e, se é preso, não é condenado? não vai pra cadeia? Mil vezes pior é o criminoso que arromba meu corpo. Meu, meu! a coisa mais minha que existe; a minha morada verdadeira, do primeiro ao último dia da minha vida, o meu território, o meu santuário, o meu imaginário, o meu pão de cada dia, e ele vai e arromba! Nem disfarça, nem se insinua: entra na marra. Só porque tem mais força. Não, não, desculpa, eu me expressei mal: força é inteligência, força é imaginação, força é saber trincar dente quando a dor é grande, ele entra na marra porque tem mais músculo, e por isso, só por isso, ele me arromba, ele me rasga, ele me humilha (ele sabe que humilhação é a dor que mais dói, e pra qualquer ser que se preze não tem humilhação maior do que ser arrombado assim) e ainda arrisca na saída de me deixar um filho que eu vou ter que arrancar, uma aids que eu nunca mais vou curar. E você fica aí me olhando feito quem tá duvidando que pra esse arrombamento o castigo tem que ser o pior. Você é mesmo uma infeliz." (O Abraço, 2014, p. 64)

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