O Sorgo Consorciado
Por: Higor Corandim • 31/5/2019 • Projeto de pesquisa • 1.456 Palavras (6 Páginas) • 281 Visualizações
O sorgo é uma das culturas de grande importância para a produção de grãos e produção de palhada para manutenção do sistema de plantio direto junto ao milho, o sorgo (Sorghum bicolor L.) pertence à família das gramíneas sendo o quinto cereal mais importante do mundo, sendo precedido pelo trigo, arroz, milho e cevada onde é utilizado como principal fonte de alimento em grande parte dos países da África, Ásia e da América Central e importante componente da alimentação animal nos Estados Unidos, na Austrália e América do sul. Os grãos podem ser utilizados em diversas áreas tais como produção de farinha para panificação, amido industrial, álcool, alimentação animal e a manutenção da palhada como forragem e/ou cobertura de solo (BOREM, 2005).
Nos últimos anos a cultura do sorgo vem apresentando uma grande expansão tanto em área plantada quanto em produção, na safra 17/18 a cultura chegou a 784,7 mil hectares com produtividade aproximada de 2.446 kg/há (CONAB, 2019) onde sorgo granífero é cultivado quase que exclusivamente em safrinha, em sucessão à soja, entre fevereiro à março, na região centro-oeste do Brasil, período de cultivo, onde as chuvas diminuem gradativamente com o desenvolvimento da cultura, a preferência dos produtores pelo sorgo deve-se, principalmente, a tolerância à seca, o que permite ampliar a época de semeadura (COELHO et al., 2002). A planta do sorgo adapta-se a uma gama de ambientes principalmente com deficiência hídrica e alta temperatura, condições desfavoráveis à maioria dos cereais, pertencendo ao grupo de plantas C4, o que proporciona um metabolismo mais eficiente minimizando a perda de água pela regulação da abertura dos estômatos e possibilita maior tolerância a elevados níveis de radiação solar respondendo com altas taxas fotossintéticas (CUNHA, 2010).
Além da semeadura na época adequada e das práticas culturais realizadas na cultura, a utilização de híbridos resistentes a doenças e de maior potencial produtivo são fundamentais para obtenção de maiores rendimentos dos grãos que são utilizados na alimentação animal, produção de massa verde e matéria seca (DOURADO NETO et al., 2003) além de ajudar na descompactação do solo, em sistemas de rotação com a soja (Pasqualetto & Costa, 2001), por possuir um sistema radicular agressivo que explora camadas mais profundas do solo, extraindo e reciclando nutrientes que não absorvidos pelas culturas anuais de verão (Kliemann et al., 2006).
Agronomicamente, a cultura do sorgo é classificada em quatro grupos: granífero, grupo que inclui plantas de porte baixo e que são adaptados à colheita mecânica; forrageiro para silagem e/ou sacarino, o grupo inclui plantas de porte alto apropriado tanto para silagem\ ou produção de açúcar e álcool; forrageiro para pastejo/corte, grupo que inclui sorgos utilizados para pastejo, corte verde, fenação e cobertura morta; verde/fenação/cobertura morta e vassoura, que são plantas cujo tipo de panículas é confeccionadas vassouras (EMBRAPA 2009).
Entre as espécies de sorgo o granífero é a que vem se destacando onde suas características nutritivas e cultivo são muito semelhantes à cultura do milho, se transformando em uma alternativa rentável para uso em confinamentos e na criação de aves e suínos, proporcionando ainda redução nos custos de produção. (Neumann et al. 2004). Além de se destacar pela fácil adaptação em diversas regiões do país com diferentes condições de fertilidade de solo, tolerância a altas temperaturas e principalmente regiões com irregularidade nas chuvas, sorgo granífero apresenta amplo potencial para uso nos cultivos de safrinha na região Centro-Oeste onde é possível mecanizar todas as práticas culturais da lavoura. (Franco et al., 2011). Demonstrando que a plantio de sorgo apresenta o desenvolvimento adequado em sucessão às culturas de verão, possuindo até uma maior amplitude de semeadura em comparação com outras culturas cultivadas em segunda safra.
Entre os fatores que contribuíram para o aumento da produção de sorgo granífero nas últimas décadas estão: a criação do Grupo Pró-Sorgo, no início dos anos 90, constituído por representantes da indústria de sementes, da pesquisa agropecuária, e instituições públicas, que teve como objetivo o fomento da produção de sorgo no Brasil, com maior divulgação das potencialidades da cultura e suas modernas tecnologias; a adoção crescente do sistema de produção de plantio direto nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, tendo o sorgo como uma cultura que, além de viável para a rotação com a soja, produz boa palhada, necessária para o sistema; e a crescente importância da safra de outono “safrinha” na região central do Brasil, onde o sorgo representa menor risco de perda de safra do que outras culturas, por apresentar características mais adaptativas que a culturas como o milho (DUARTE, 2010).
Nos últimos anos, novos híbridos de sorgos granífero foram lançados no mercado, visando o desenvolvimento da cultura com diferenças morfológicas, principalmente relacionadas ao ciclo, sanidade e potencial produtivo (SILVA et al., 2010). É oportuno enfatizar que o uso de sorgos adaptados aos sistemas de produção agrícola e às condições ambientais da região de cultivo potencializa o rendimento de grãos (CYSNE & PITOMBEIRA, 2012).
No sistema plantio direto, a manutenção da cobertura vegetal é um fator extrema importância para continuidade do sistema. Onde umas das maiores dificuldades encontradas pelos produtores do Centro-Oeste para formação e manutenção de palhada, é atribuído às altas temperaturas e umidade, o que favorece a decomposição da palhada (Andreotti et al., 2008). As culturas de safrinha vêm sendo fundamentais para a implantação e viabilização desse sistema, além de proporcionar a cobertura do solo, diversifica as receita da propriedade e a diluição dos riscos com a atividade agrícola. Culturas como o milheto, sorgo e as gramíneas forrageiras como as do gênero Brachiaria são fundamentais para aumentar o aporte de biomassa para cobertura do solo (Pariz et al., 2011).
No sistema de consorcio entre culturas anuais e forrageiras, a camada vegetal residual possui papel de grande importância para o sistema de plantio direto (ALBUQUERQUE et al., 2013), realizando a cobertura para o solo, auxiliando assim nos atributos físicos e químicos do solo, bem como a retenção de umidade, aumento no teor de matéria orgânica, melhor agregação e ciclagem de nutrientes (MACEDO, 2009).
O sorgo tem sido usado como uma cultura alternativa em sistemas de consorciação de culturas (Horvathy Neto et al., 2012, Silva et al., 2013). O consórcio de sorgo com braquiária vêm sendo bastante promissor, pois o sistema permite a produção de grãos e forragem (MATEUS et al., 2011), o cultivo de braquiária, especialmente em áreas de plantio direto, proporciona aumento de biomassa na superfície do solo, favorecendo o manejo e a conservação do solo (SILVA et al., 2007). A associação de gramíneas com forrageiras, principalmente do gênero Brachiaria, é justificado, principalmente, pelo potencial de produção de grãos do cereal e de massa seca de ambas as culturas de modo que o sorgo tem sido excelente opção para produção de grãos, forragem e silagem em todas as situações em que o déficit hídrico e as condições de baixa fertilidade dos solos oferecem maiores riscos para cultivo de outras culturas, como o milho (Rodrigues, 2012).As gramíneas do gênero Brachiaria apresentaram alta adaptabilidade aos solos e ao clima do Centro-Oeste brasileiro, sendo testadas e utilizadas para cobertura de solo, rotação de cultura e pastejo no outono-inverno (BROSSARD & BARCELLOS, 2005; MACEDO, 2009).
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