Violência e vulnerabilidade : uma abordagem sobre direitos
Por: Stephanie Braz • 28/10/2019 • Projeto de pesquisa • 1.524 Palavras (7 Páginas) • 302 Visualizações
Título do Plano de Trabalho
Violência e vulnerabilidade: Uma abordagem sobre direitos
reprodutivos e gênero.
Aluno
Stephanie Abreu Braz de Siqueira
Matrícula
170156427
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da saúde pública no Brasil o sexo feminino é visto somente como
reprodutor, mesmo havendo alguma atenção era tida como secundária em virtude dos
problemas que poderiam ser evitados na vida privada como contracepção, violência doméstica
e a sobrecarga de trabalho na vida cotidiana feminina. Com o passar dos anos e com a
inserção da mulher no mercado de trabalho houveram diversas reivindicações em prol dos
direitos das mulheres pelo movimento feminista, separando a saúde da mulher do termo
“materno-infantil” pelo fato de só haver assistência médica durante a gravidez e parto deixando
todo o restante da vida das pacientes em questão sem nenhuma atenção. Em 1984, o
Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM)
criando uma ruptura nos princípios que norteavam as políticas da época, visando práticas
educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, a atenção à saúde fora
estendida antes, durante e depois da gestação, procurando prevenir câncer de mama e colo de
útero e DSTS, o Programa também serviu como base para a formulação do Sistema único de
Saúde com o Movimento da Reforma Sanitária auxiliando também na criação das Normas
Operacionais, na segunda metade dos anos 80 com a implementação do Programa métodos
anticoncepcionais foram distribuídos para a população.Anos depois no dia 12 de janeiro de
1996, foi sancionada a Lei n.º 9.263, que regulamenta o planejamento familiar no Brasil com
uma abordagem mais integrada sobre a prevenção de ISTS ,HIV/AIDS, uma vez que os
problemas não foram tratados isoladamente e que houve a incorporação de um tema novo
como a violência sexual, no entanto ainda haviam lacunas sobre o tratamento de mulheres que
não estivessem em idade fértil, saúde mental e ocupacional e doenças infecto-contagiosas e a
perspectiva de gênero, e por fim em 2004 o Ministério da Saúde lança a Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) garantindo atenção à todas as mulheres em
quaisquer situações.
Mulheres representam maior parte da população brasileira sendo aproximadamente 100,5
milhões de habitantes, ou 51,5% da população total, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em 2012 também fazem representam maioria dos usuários do SUS e
outros serviços de saúde, muitas vezes pela questão do autocuidado, no entanto em casos de
violência sexual poucas procuram atendimento pela provável culpabilização dupla que os serviços
estatais muitas vezes expõem, o contexto epidemiológico brasileiro mostra uma situação
preocupante sobre saúde da mulher, as taxas de natalidade e fecundidade têm caído em
comparação a outros anos, no entanto casos de violência sexual aumentam periodicamente
enquanto direitos reprodutivos são cada vez mais debatidos e questionados, um exemplo disso
é a criação do Estatuto do Nascituro pela Câmara Legislativa ( PL 478/2007) que impede e
criminaliza a interrupção da gestação mesmo em casos de estupro, feto anencéfalo ou risco à
vida da mãe. Ao passo que o Supremo Tribunal Federal defende a legalização, no momento
atual faz-se necessário o debate sobre direitos reprodutivos, direitos humanos e prevenção.
Outro fato preocupante é o crescimento de casos de violência contra a mulher, em cada 10
(dez) ocorrências, em 6 (seis) são crimes cometidos pelo marido/companheiro ou
ex-marido/companheiro, mesmo depois da denúncia a vítima muitas vezes volta a viver com o
agressor, mesmo com A Lei Maria da Penha em vigor muitas delas morrem em decorrência da
lentidão que a justiça trata quaisquer casos ou medidas protetivas.
Em meio a disfunção do Estado na proteção das mulheres não é incomum encontrar casas e
abrigos para vítimas de violência, um exemplo disso é a Casa Frida em Sobradinho e a Casa
Ipê na Ceilândia, ambas são situadas em regiões no Distrito Federal em que os dados são
alarmantes em questão de violência sendo Ceilândia a maior em concentração.
As mulheres atendidas pelas Casas apresentam em sua maioria uma vulnerabilidade
socioeconômica em virtude da dependência econômica com o agressor. No contexto também
podemos abordar toda a violência sistêmica sofrida pelo sexo feminino, como violência sexual
que engloba vários aspectos socioeconômicos, de acordo com a Nota Técnica Estupro no
Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde (Ipea, 2014)¹, a partir de informações
coletadas em 2011 pelo Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério
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