Discurso sobre a origem e o fundamento das desigualdades entre os homens
Por: Silvino Silva • 23/4/2015 • Trabalho acadêmico • 1.726 Palavras (7 Páginas) • 431 Visualizações
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Administração Pública
Ciências Políticas
Discurso sobre a origem e o fundamento das desigualdades entre os homens
Profº.: Marcelo Sevaybricker Moreira
Aluno: Silvino Ananias da Silva
Turma: 26-A
1 – Quais são as causas das desigualdades entre os seres humanos?
R= Segundo Rousseau, os primitivos deviam viver em bandos mais ou menos organizados, que se ajudavam esporadicamente, apenas enquanto a necessidade emergente exigisse, para fins de alimentação, proteção e procriação. Findada tal necessidade, os primitivos seguiam suas vidas de forma isolada, até que nova necessidade aparecesse.Com o surgimento de novas exigências, as quais estes povos não estavam acostumados, surgiu, também, a percepção de que poderiam ter, além do necessário, algo mais que pudesse fazê-lo melhor do que os outros homens. Esta noção, ainda rudimentar nesses povos, foi-se aperfeiçoando, até alcançar um nível de elaboração que fizesse surgir a idéia de propriedade, fosse ela um animal, terras, armas e, até mesmo, outras pessoas.Essa noção de propriedade criou nos primitivos a idéia de acumulação de bens e, conseqüentemente, superioridade frente aos demais. Essa suposta superioridade foi o estopim para o início dos conflitos entre os homens de uma mesma tribo e, posteriormente, entre cidades e nações.Outra novidade nesse progresso mental foi a noção de família, que com o tempo, levou homens e mulheres a deixarem de lado o comportamento selvagem que tinham. Essa moderação no comportamento, fez emergir a fragilidade perante a natureza e os animais, mas trouxe como compensação e noção de grupo, que transmitia maior poder de resistência do que o indivíduo isoladamente. O amor conjugal e o fraternal surgem nesse momento, segundo Rousseau.Entretanto, a facilidade da vida em grupo trouxe outro problema: a ociosidade e a busca por algo que desse sentido a vida, além do trabalho. Assim, o lazer se instituiu, porém, com o passar do tempo, o que era comodidade passou a ser visto como necessidade e novos conflitos surgiram, fazendo com que o homem ficasse mais infeliz pela privação das comodidades, do que feliz de possuí-las.Assim, segundo Rousseau, as desigualdades entre os homens têm como base a noção de propriedade privada e a necessidade de um superar o outro, numa busca constante de poder e riquezas, para subjugar os seus semelhantes.
2 - As desigualdades entre os homens podem ser explicadas em função das diferenças naturais existente entre eles?
R= Para bem avaliar o conteúdo e a importância dessa tese é preciso ter bem presente, no entanto, o estado em que, segundo Rousseau, se encontrava o homem em suas origens, antes que o progresso da civilização o tivesse precipitado nessa nova e perversa situação. A verdade, segundo a lição do Discurso, é que originalmente os homens eram iguais e viviam em uma situação de independência recíproca e ausência de conflitos, protegidos pela interação rara e escassa, que naturalmente os afastava dos sentimentos de autoconsideração, de estima ou desprezo pelos outros, assim como da distinção entre o meu e o teu. Em tal condição, nesse estado de natureza, explica-nos o Discurso, "não tendo (...) nenhuma espécie de relação moral nem deveres conhecidos, não podiam ser bons nem maus e não tinham nem vícios nem virtudes". Além disso, continua o texto, nesse estado primitivo o sentimento natural da piedade nos leva a "socorrer aqueles que vemos sofrer" e, assim, concorre "para a conservação mútua de toda a espécie", desse modo ocupando "o lugar das leis, dos costumes e da virtude, com a vantagem de ninguém sentir-se tentado a desobedecer à sua doce voz." . É, pois, esse estágio de inocência original que será rompido pela instituição da propriedade privada e da desigualdade moral, para usar a terminologia do Discurso, a qual fará com que a desigualdade natural de capacidades e talentos, insignificante no primitivo estado de natureza, passe a ter enormes conseqüências para a vida social dos homens. Convém notar, porém, que a análise de Rousseau é muito menos simples do que o esquemático resumo que dela estamos a fazer pode sugerir, eis que o Discurso enfatiza que "a idéia de propriedade (...) não se formou de repente no espírito humano" , devendo ser vista antes como o resultado de uma evolução histórica lenta, cuja estrutura geral a segunda parte do Discurso cuidará justamente de pôr à luz
3 – Qual o papel das paixões e da razão na geração dessas desigualdade?
R = A questão posta implica em compreender as transformações do gênero humano de uma época para outra e se é possível explicar como “a alma e as paixões humanas, alternando-se insensivelmente, mudam, por assim dizer, de natureza; exatamente por uma razão naturalmente aceitável, pois dentro daquilo que são absolutamente necessárias, nossas fontes do prazer encontram-se alteradas inclusive no seu procedimento com o passar dos tempos; pois admitindo que haja um desaparecimento gradual do “homem natural” a sociedade civil, por sua vez, somente oferecerá “aos olhos do sábio uma reunião de homens artificiais e de paixões factícias que são obra de todas essas relações novas e não têm nenhum fundamento na natureza”.Afinal, o que nos ensina o poder da reflexão é que dentro dessa decisão as análises as aprovam completamente: “o homem selvagem e o homem policiado diferem de tal modo, tanto no fundo do coração quanto nas suas inclinações, que aquilo que determinaria a felicidade de um reduziria o outro ao desespero”.Assim, o comportamento do primeiro homem objetivamente, visa o descanso e a “liberdade”. Sua condição de viver na ociosidade e de contar com a possibilidade da ausência de perturbação, o coloca numa considerável diferença frente a qualquer outra coisa distante da ordem natural.
4 – Qual e a importância e o estudo racional do conceito de estado de natureza?
R = A natureza do homem, para Rousseau, é a sua liberdade, pois da disciplina natural das paixões nascem os verdadeiros valores morais: ‘’O estado de natureza caracterizava-se pela suficiência do instinto, o estado de sociedade pela suficiência da razão’’. Os sentimentos naturais levam os homens a servirem o interesse comum, enquanto que a razão impele ao egoísmo; para ser virtuoso basta que o homem siga os sentimentos naturais mais que a razão. Para Rousseau, a natureza não é boa porque algum homem assim o quis, ela é boa por conseqüência de uma ordem necessária na qual não impera a vontade ou os caprichos humanos: a natureza é boa porque É, ou seja, existe .Logo, de modo algum as leis da razão humana poderá submeter as leis da natureza, pois a legislação racional volta-se exclusivamente à utilidade e a conservação dos homens. As leis da natureza porém, compreendem uma totalidade de outras leis que respeitam a ordem eterna, ou seja, a totalidade da Natureza, onde o homem é apenas uma parte.Dessa forma, os homens têm sobre a natureza tanto direito quanto poder, porque tem por direito natural, a seu favor, as regras e as leis da natureza em virtude das quais tudo acontece. O que implica ter por dever, seguir as leis da própria natureza, que por conseqüência , é seguir as leis da natureza inteira. Conseqüentemente, a natureza humana não pode agir apenas segundo a razão, mas também pela determinação da sua vontade natural, pois ambas são direitos inerentes que fazem com que o homem permaneça necessariamente em seu ser.A idéia central no pensamento de Rousseau, se fundamenta na convicção da bondade natural do homem, condição esta que o faz necessariamente feliz. Os percalços da socialização porém, afastaram o homem de si próprio lançando-o contra o seu semelhante. A partir desse embate da convivência social resultam dois conflitos: o que o faz voltar-se para a interioridade, instinto de conservação, amor de si, e o outro contrario que o faz conscientizar-se do outro, piedade. Esta tendência, é o que o leva a transformar-se em ser social.
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