RESENHA: Beneficiários ou reféns? O patrimonialismo na perspectiva dos cidadãos de Poço Fundo, Minas Gerais

RESENHA: Beneficiários ou reféns? O patrimonialismo na perspectiva dos cidadãos de Poço Fundo, Minas Gerais

         No artigo “Beneficiários ou reféns? O patrimonialismo na perspectiva dos cidadão de Poço Fundo, Minas Gerais” os autores apresentam através de uma pesquisa qualitativa e exploratória realizada em uma pequena cidade do sul de Minas Gerais, Poço Fundo os conceitos da ação do clientelismo, do patrimonialismo e do personalismo. Têm como objetivo principal desenvolver um entrosamento do significado desses três modelos da administração pública, por meio da discussão das práticas desses referidos modelos em rotinas públicas e relações sociais. É totalmente explícito no decorrer do texto, que a população de Poço Fundo habitou-se a forma de governo com essas características.

         A cidade de Poço Fundo é controlada politicamente por dois grupos que se alternam no poder. Os partidos PMDB e PPS são autodenominados de “jacarés” e os partidos DEM, PTN e PSDB, se intitulam “piranhas” (OLIVEIRA E SANTOS, 2011).

         É evidente para Oliveira e Santos (2011) que o patrimonialismo é o mais forte controle político em Poço Fundo, não há diferença entre o que é publico e pessoal é uma forma de exercício da dominação por uma autoridade, tudo isso ocorre em decorrência à dominação que é exercida por ambos os lados políticos, “jacarés” e “piranhas”, são tão forte que quando um dos dois está no poder, a oposição eleitoral do atual governo sofrem com os privilégios que só é oferecido para aqueles que são a favor.

         Segundo Oliveira e Santos (2011), podemos entender que o clientelismo é uma relação de troca política, fala-se a respeito aos termos não regulados pela lei, mas “necessários” em acordos políticos, gerando-se uma lealdade política. Podemos ver isso claramente quando é relatado um caso de uma mulher com um problema grave de saúde que necessitava de uma cirurgia e não havia disponibilidade de veículos, então foram atrás de um vereador e ela foi levada com um carro do gabinete do prefeito, esse fato demonstra também o despreparo em não ter uma ambulância, mas fica evidente a troca de favores.

         Assim como o clientelismo é a obtenção de favores por meio de personagens influentes, a teoria do personalismo prevê que dentro da sociedade existe uma distinção entre indivíduos e pessoas, ao qual o primeiro tem tratamento legítimo legal através da universalidade das normas, enquanto o segundo tem seu reconhecimento através de normas particulares. Isto, nos leva a conclusão de que a situação política eleitoral brasileira de Poço Fundo, está tendo seus valores arreigados na pessoa e não no individuo, ultrapassando sobre a democracia e as leis.

         Portanto conclui-se que na pequena cidade de Poço Fundo, no sul de Minas Gerais, apenas ficou evidente o que ocorre em grande escala no nosso país, que juntamente com o patrimonialismo, clientelismo e o personalismo, há também uma enorme alienação dos eleitores, em a maioria das vezes apenas perceber os favores e os méritos que os fazem apoiar um ou outro dos referidos partidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, Renato Ferreira de; OLIVEIRA, Virgílio Cézar da Silva; SANTOS, Antônio Carlos dos. Beneficiários ou reféns? O patrimonialismo na perspectiva dos cidadãos de Poço Fundo, Minas Gerais. Cadernos EBAPE. BR, v. 9, n. 4, p. 950-966, 2011.