A DOUTRINA SOCIAL E COMPROMISSO DOS CRISTÃOS LEIGOS: INTRODUÇÃO
Por: Gabriel Ramalho • 18/4/2021 • Trabalho acadêmico • 2.761 Palavras (12 Páginas) • 337 Visualizações
1. DOUTRINA SOCIAL E COMPROMISSO DOS CRISTÃOS LEIGOS: INTRODUÇÃO
2. O CRISTÃO LEIGO
O compêndio da doutrina social da Igreja define como leigo todos os fiéis, com exceção daqueles que receberam uma ordem sacra ou abraçaram o estado religioso aprovado pela Igreja. E aponta que a conotação essencial do laicato é o seguimento de Cristo, que se realiza propriamente no mundo que se concretiza na busca do Reino de Deus e na ocupação das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus.
Segundo o Compêndio a identidade do cristão leigo nasce e se alimenta dos sacramentos do Batismo, da Crisma e da Eucaristia que o qualificam como profeta, sacerdote e rei, segundo a sua índole secular. É, deste modo, tarefa própria do fiel leigo anunciar o Evangelho com um exemplar testemunho de vida, radicada em Cristo e vivida nas realidades temporais. Assim sendo, todas as realidades humanas seculares, pessoais e sociais, ambientes e situações históricas, estruturas e instituições, são o lugar próprio do viver e do agir dos cristãos leigos.
Destaca-se que o modo próprio da atuação do leigo deve ser pautada na Prudência. A prudência é, em princípio e em finalidade, uma virtude que exige o exercício maduro do pensamento e da responsabilidade, no conhecimento objetivo da situação e na reta vontade que guia as decisões. Essa virtude torna quem a exerce capaz de tomar decisões coerentes, com realismo e senso de responsabilidade em relação às consequências das próprias ações e se articula em três momentos: clarifica a situação e a avaliação, inspira a decisão e dá impulso à ação.
3. ESPIRITUALIDADE
Na vivencia de sua espiritualidade o cristão leigo deve buscar tornar-se capaz de olhar para além da história, sem dela se afastar; de cultivar um amor apaixonado por Deus, sem tirar o olhar dos irmãos, nos quais conseguem ver como os vê o Senhor e amar como Ele os ama. É uma espiritualidade que foge tanto do espiritualismo intimista como do ativismo social e sabe exprimir-se em uma síntese vital que confere unidade, significado e esperança à existência, por tantas e várias razões, contraditória e fragmentada. É uma vivência espiritual orientada antes de tudo a alcançar uma harmonia entre a vida e a fé. Portanto, na experiência do fiel, não pode haver duas vidas paralelas: por um lado, a vida chamada espiritual, com os seus valores e exigências e, por outro, a chamada vida secular, ou seja, a vida da família, do trabalho, das relações sociais, do empenhamento político e da cultura.
4. DOUTRINA SOCIAL E EXPERIÊNCIA ASSOCIATIVA
É direito de todo fiel se associar e viver uma vida comum e, no âmbito eclesial e social, os leigos fazem essa experiência de diversos modos. E todos esses grupos, associações e os movimentos têm o seu lugar na formação dos fiéis leigos. Pois têm, com efeito, a possibilidade, cada qual pelos próprios métodos, de oferecer uma formação profundamente inserida na própria experiência de vida. A mesma coisa se pode dizer de associações de docentes católicos, de juristas, de empresários, de trabalhadores, mas também de desportistas, de ecologistas. A doutrina social da Igreja é importantíssima para essas agregações eclesiais, sobretudo para as que têm como objetivo o esforço a ação pastoral no âmbito social. Sendo assim, a doutrina social da Igreja deve entrar, como parte integrante, no caminho formativo das associações de fiéis leigos.
5. O SERVIÇO NOS DIVERSOS ÂMBITOS DA VIDA SOCIAL
Por estar propriamente no século, o leigo exprime nesta realidade a verdade de sua fé e, ao mesmo tempo, a verdade da doutrina social da Igreja. Deste modo, o compêndio assegura que a presença do fiel leigo no campo social é caracterizada pelo serviço, sinal e expressão da caridade, que se manifesta nas mais diversas áreas nas quais o leigo está inserido. Portanto, a credibilidade da doutrina social reside de fato no testemunho das obras que o fiel manifesta, na vida familiar, cultural, profissional, econômica, política. Segundo essa característica servidora da presença leigo no âmbito social, o compêndio explicita algumas formas pela qual deva se dar essa atuação.
5.1. O SERVIÇO À PESSOA HUMANA
A primeira forma em que se cumpre tal tarefa consiste no empenho social dos fiéis leigos no serviço à pessoa humana, promovendo antes de qualquer coisa a dignidade de toda pessoa. E a primeira forma em que se cumpre tal tarefa consiste no empenho e no esforço pela própria renovação interior, pois As instituições não garantem por si, como que mecanicamente, o bem de todos, por isso a interna renovação do espírito cristão deve preceder o empenho de melhorar na sociedade as instituições, as estruturas e as condições de vida contrárias à dignidade humana.
O CDSI apresenta pontos indispensáveis no esforço da promoção da dignidade humana: antes de tudo, a afirmação do direito inviolável à vida, desde a concepção até à morte natural. Além disso, o respeito da dignidade pessoal exige, o reconhecimento da dimensão religiosa do homem. Tal reconhecimento compreende efetivamente o direito à liberdade de consciência e à liberdade religiosa como sendo um dos bens mais altos e dos deveres mais graves de cada povo que queira verdadeiramente assegurar o bem da pessoa e da sociedade. E, por fim, ressalta o CDSI, que no atual contexto cultural, assume singular urgência o empenho a defender o matrimônio e a família, que pode ser absolvido adequadamente só na convicção do valor único e insubstituível destas realidades em vista do autêntico progresso da convivência humana.
5.2. O SERVIÇO À CULTURA
Outra forma de serviço que pode e deve ser desempenhado pelo fiel leigo é o serviço à cultura, tendo em vista que a cultura é manifestação daquilo que o homem é. Diante desta perspectiva, um campo particular de empenho dos fiéis leigos deve ser o cultivo de uma cultura social e política inspirada no Evangelho, a fim de apresentar em termos culturais atualizados o patrimônio da Tradição Católica, os seus valores, os seus conteúdos.
Seguindo esta explanação percebe-se que todo assim o patrimônio espiritual, intelectual e moral do catolicismo é hoje uma urgência prioritária, pois, de um modo global, nossa cultura tornou-se estéril e encaminha-se para a decadência, uma vez que, fechada em si própria, procura perpetuar formas antiquadas de vida, recusando qualquer mudança e confronto com a verdade do homem.
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