A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES DE PODER CAPITALISTAS NO DESENVOLVIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS
Por: Flavia Vieira • 17/12/2018 • Artigo • 8.306 Palavras (34 Páginas) • 227 Visualizações
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A INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES DE PODER CAPITALISTAS NO DESENVOLVIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS
FLÁVIA CRISTINA MARQUES VIEIRA
ORIENTADOR (A): JOANA D’ARC FERNANDES FERRAZ
RESUMO
O presente artigo fará uma revisão de literatura, cujo objetivo central é argumentar que o capitalismo utiliza de ferramentas de poder para moldar as práticas de Recursos Humanos, do seu surgimento até os dias atuais. Especificamente, ambiciona responder a seguinte questão: o capitalismo influencia na transformação da função RH? Para responder a essa questão, serão analisadas as razões que deram origem a função RH; as influências do sistema capitalista em sua constituição; as relações de poder-saber empregadas por este sistema, à luz de Michel Foucault e as mudanças que ocorreram na área ao longo da história.
Palavras-chave: Recursos Humanos. Capitalismo. Poder.
RÉSUMÉ
Cet article volonté une revue de la littérature, duquel l'objectif principal est de argumenter qui le capitalisme emploie des instruments de pouvoir pour modeler less pratiques des Ressources Humaines dès sa naissance jusqu´aujourd´hui. Spécifiquement, vise à répondre à la question suivante: le capitalisme influencie à la transformation de la fonction RH? Pour répondre à cette question, on a besoin d'analyser les raisons qui sont à l'origine de la fonction RH; les influences du système capitaliste à sa constitution; les rélations de pouvoir-savoir employées par ce système, selon Michel Foucault et les transformations qui se sont porduites dans ce secteur tout au long de l'histoire.
Mots clés: Ressources Humaines. Capitalisme. Pouvoir
1. INTRODUÇÃO
É incontestável que com a globalização e os avanços tecnológicos que acontecem no mundo, a área de Recursos Humanos é uma das áreas empresariais que mais sofre mudanças, tanto em suas práticas quanto em sua denominação.
Isto, porque neste contexto global de avanço científico e tecnológico a área de RH é responsável pela adequação das pessoas às transformações empresariais do mundo capitalista.
A transformação da natureza pela mão humana, é levada a cabo pela atividade-trabalho, expressa no conceito marxista de trabalho concreto:
Todo trabalho é, por um lado, dispêndio de força de trabalho do homem no sentido fisiológico, e nessa qualidade de trabalho humano igual ou trabalho humano abstrato gera o valor da mercadoria. Todo trabalho é, por outro lado, dispêndio de força de trabalho do homem sob forma especificamente adequada a um fim, e nessa qualidade de trabalho concreto útil produz valores de uso. (MARX, 1996, V.I, p.175).
A transformação da natureza depende diretamente da estrutura de organização da produção e apropriação do excedente econômico. Assim, no capitalismo, com o desapossamento dos meios de produção e de trabalho e com a condensação crescente dos saberes e destrezas operárias na maquinaria, opera-se uma cisão entre duas grandes classes: a burguesia e a classe trabalhadora.
Com o desenvolvimento do capitalismo surge uma dupla contradição presente na sua base de reprodução. Primeiramente, a contradição estabelecida entre a crescente produtividade do trabalho social, por um lado, e o seu uso repressivo e destrutivo, por outro. Em segundo lugar, a contradição estabelecida entre o caráter social da produção e a apropriação privada dos excedentes.
A globalização proporciona ao ser humano a oportunidade de romper as fronteiras entre todos os países, isso nos traz enormes benefícios, mas, paradoxalmente muitos danos.
Como produzimos tanto e ao mesmo tempo existem tantas pessoas famintas?
O capitalismo, para manter sua hegemonia, reorganiza suas formas de produção e consumo e elimina fronteiras comerciais para integrar mundialmente a economia. Trata-se de mudanças no sentido de fortalecer o capitalismo, o que é dizer: fortalecer as nações ricas e colocar os países mais pobres na dependência, como consumidores. Essas alterações nos rumos do capitalismo se dão, no entanto, no momento em que o cenário mundial em todos os aspectos é bastante diversificado. A onda da globalização e da Revolução Tecnológica encontra os países (centrais ou periféricos, desenvolvidos ou subdesenvolvidos) em diferentes realidades e desafios, dentre os quais o de implementar políticas econômicas e sociais que atendam aos interesses hegemônicos, industriais e comerciais de conglomerados financeiros e de países ou regiões ricas, tais como a América do Norte, Japão e União Européia. (OLIVEIRA E LIBÂNEO, 1998, p. 599-600).
O abismo entre ricos e pobres, a concentração do capital, o crescimento do desemprego e da pobreza são os principais problemas sociais da globalização.
Nesse quadro, está inserida a área de Recursos Humanos. Uma área relativamente nova, que surgiu para “atenuar” os conflitos entre os objetivos individuais dos trabalhadores e os objetivos organizacionais, após o forte choque da Revolução Industrial.
E hoje, serve para atender as exigências de um mercado de trabalho que procura pessoas polivalentes, flexíveis, criativas, com visão do todo, conhecimentos técnicos e domínio na área de informática, que falem, leiam e escrevam em vários idiomas, enfim, que possuam habilidades múltiplas.
Para estreitar o abismo existente entre seu surgimento e os dias atuais, este artigo pretende analisar as transformações que ocorreram nos Recursos Humanos, por meio de um levantamento histórico do conceito e da função RH, entendendo o contexto histórico em que apareceu, passando pelo surgimento dos princípios básicos que regem a área da Administração de Empresas, sendo estes responsáveis por trazer os primeiros conceitos sobre a Gestão de Recursos Humanos.
A base desta análise histórica firma-se no propósito de explicitar as relações de poder-saber capitalistas que conduzem as organizações.
Para isso, é necessário, primeiro entender o que é poder para Michel Foucault e o que está em questão nas relações de poder-saber capitalistas.
2. AS RELAÇÕES DE PODER E SABER
Durante o desenvolvimento de toda a sua obra, Michel Foucault fez uma série de análises da ligação do saber e do poder no interior dos discursos científicos. Seus trabalhos discutiram temas relacionados com a questão da formação dos saberes e dos discursos de verdade, das relações de poder, da construção da subjetividade e do governo de si e dos outros (RABINOW E DREYFUS, 1995).
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