Programação linear

CONCEITOS DE DECISÃO E ENFOQUE GERENCIAL

DA PESQUISA OPERACIONAL

1. A PESQUISA OPERACIONAL

A expressão “Pesquisa Operacional” foi utilizada pela primeira vez durante a Segunda Guerra Mundial, quando equipes de pesquisadores procuraram desenvolver métodos para resolver determinados problemas de operações militares. O sucesso dessas aplicações levou o mundo acadêmico e empresarial a procurar utilizar as técnicas então criadas para resolver problemas de administração.

Desde o seu nascimento, esse novo campo de análise de decisão caracterizou-se pelo uso de técnicas e métodos científicos qualitativos por equipes multidisciplinares, no esforço de determinar a melhor utilização de recursos limitados e para programação otimizada das operações da empresa. Essa característica multidisciplinar das aplicações de Pesquisa Operacional deu origem a um novo enfoque dos problemas de tomada de decisão nas empresas, pois ultrapassou as fronteiras da especialidade. O especialista tem tendência natural a enquadrar todos os problemas nos limites da sua cultura, mesmo porque é nesse campo que se sente mais confortável.

Porém, a natureza e o ambiente de negócios, mesmo que possam ser logicamente explicados pelo raciocínio especialista, são muito mais complexos e abrangentes e, por isso, exigem uma abordagem mais aberta que permita ao observador reconhecer os múltiplos aspectos envolvidos.

Outra característica importante da Pesquisa Operacional, que facilita muito o processo de análise de decisão, é a utilização de modelos. Essa abordagem permite a “experimentação”, ou seja, a possibilidade de uma tomada de decisão ser mais bem avaliada e testada antes de ser efetivamente implementada. Por si sós, a economia de recursos e a experiência adquirida com a experimentação justificam o conhecimento e a utilização da Pesquisa Operacional como instrumento de gerência.

O extraordinário avanço da Pesquisa Operacional também se deve, em grande parte, ao desenvolvimento dos computadores digitais, devido à sua velocidade de processamento e à sua capacidade de armazenamento e recuperação das informações. Outro fato que atualmente muito contribui para o uso intensivo de modelos em análise de decisões é a disseminação dos microcomputadores, que se tornaram unidades de processamento descentralizadas dentro das empresas. Isso está levando os profissionais de Pesquisa Operacional a desenvolver modelos mais versáteis, mais rápidos e, sobretudo, interativos, que permitam maior participação do homem no desenrolar dos cálculos.

1. COMPETIÇÃO ANALÍTICA

                Um dos grandes desafios que as empresas enfrentam atualmente é o de se manterem competitivas à medida que as condições do ambiente de negócios mudam e se tornam mais complexas. Esse desejo tem exigido dos profissionais da empresa uma capacidade cada vez mais desenvolvida em análise da situação competitiva atual, das forças do ambiente, que podem provocar mudanças, e na elaboração de cenários futuros (ANDRADE, 2004).

                Paralelamente à maior exigência de capacidade analítica das pessoas, a tecnologia da informação coloca à disposição das empresas uma quantidade enorme de dados e informações, possibilitando qualquer tipo de análise que se queira fazer.

                Por outro lado, a essência da competição está em evolução. As vantagens tradicionais em termos de diferenciação dos produtos, que estão se tornando cada vez mais similares, as tecnologias distintivas e os processos de alto desempenho que resultam em eficiência e baixo custo, cada vez mais imitados ou mesmo copiados, já não bastam para garantir uma posição sólida.

Alguns processos analíticos citados por Davenport e Harris (2007)^[1]:

• Identificar os consumidores mais leais e lucrativos, para fixação adequada dos preços.
• Operar com estoques mínimos, mas reduzir o risco de faltar produto na prateleira.
• Operar em negócios com o uso intensivo de mão-de-obra e de bons modelos que meçam a produtividade, a fim de seguir uma política de remuneração variável.
• Utilizar processos operacionais não muito diferentes dos processos dos concorrentes, mas procurar vantagens na qualidade das decisões sobre alocação de recursos e otimização da cadeia de suprimentos e distribuição.

                Dessa forma, o conceito de competição analítica pode ser formulado como “selecionar uma ou algumas capacidades distintivas nas quais a estratégia empresarial se baseará e utilizar técnicas estatísticas de modelagem matemática para dar suporte aos processos de decisão”.

                As características principais dos processos decisórios das empresas que baseiam sua estratégia na capacidade analítica são:

1. O processo é difícil de copiar: como o processo depende da capacidade de análise individual das pessoas e do suporte da tecnologia da informação criado pela empresa, a duplicação exata é praticamente impossível.
2. O processo é único: cada companhia desenvolve seu próprio modelo de análise em função das características das pessoas, de seus recursos e de sua cultura.
3. O processo é adaptável: uma vez criada internamente a competência analítica, a companhia pode aplicá-la a situações cada vez mais inovadoras.
4. O processo é renovável: como as condições externas de competição estão sempre em mudança e a tecnologia da informação em contínua evolução, o processo decisório analítico também deve ser renovado continuamente.

1. O CONCEITO DE DECISÃO

                Por ser a Pesquisa Operacional um ramo da ciência administrativa que fornece instrumentos para a análise de decisões, vamos agora estudar um pouco da Teoria das Decisões. Nosso objetivo é a procura de entendimento das principais características do processo de decisão e de suas dificuldades, de modo que possamos compreender como a Pesquisa Operacional, vista como um conjunto de técnicas quantitativas, pode auxiliar a gerência na preparação e na tomada de decisão.