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A COMPETENCIA NO PROCESSO PENAL

Por:   •  15/10/2020  •  Resenha  •  1.843 Palavras (8 Páginas)  •  228 Visualizações

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A Competência no Processo Penal

No nosso sistema processual penal a jurisdição é considerada mais um poder estatal, caracterizada como uma garantia fundamental, onde existe um conjunto de regras predefinidas que se destinam a produzir a norma individual, observando os preceitos estabelecidos no ordenamento jurídico. Assim, o conceito de competência pode ser dito como o poder de fazer atuar a jurisdição que tem um órgão jurisdicional diante de um caso concreto. E de acordo com Vicente Greco Filho:

“Decorre esse poder de uma delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de serviço. A exigência dessa distribuição decorre da evidente impossibilidade de um juiz único decidir toda a massa de lides existente no universo e, também, da necessidade de que as lides sejam decididas pelo órgão jurisdicional adequado, mais apto a melhor resolvê-las.” 

Logo após a fixação do foro e justiça competentes existe a possibilidade de se ter mais de um juiz competente, onde será acautelado o juiz que se adiantar perante os demais na prática de algum ato ou medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa como, por exemplo, a decretação da prisão preventiva ou concessão de fiança. Não havendo esta prevenção a distribuição será realizada por sorteio para fixação de um determinado juiz dentre os competentes.

Um dos critérios principais também, para a decisão de quem irá julgar é a necessidade de saber se será na justiça especial ou comum, onde a primeira tem sua estrutura definida na Constituição Federal. Em se tratando de processo penal, não se há de se falar em justiça especial, mas sim em justiça comum, sendo assim é necessário saber diferenciar crime federal de crime estadual e essa diferenciação é feita com base nas infrações federais ocorrem com a violação de bens, interesses ou serviços da União, suas empresas públicas federais ou suas autarquias, com ressalva das contravenções penais e assim resta a competência estadual a residualidade, onde, tudo o que não for de competência da justiça federal é destinado a estadual.

Diante destas questões, é importante ressaltar que a jurisdição é exercida por meio do processo, que nada mais é que um conjunto de atos e relações que se propõem a produzir a norma individual aplicável ao caso concreto e onde nos proporciona a oportunidade de conhecer as regras processuais democráticas que delimitam a matéria competência, e fazem a distribuição do poder jurisdicional baseada em critérios material, territorial e em razão da função que algumas pessoas exercem.

COMPETÊNCIA MATERIAL

 A competência material é determinada em razão do local, em razão da matéria em razão da pessoa e está disposta na Constituição Federal, onde se caracteriza como a divisão dos órgãos jurisdicionais.  É delimitada em três pontos:

  1. em razão da natureza da relação de direito (“ratione materiae”):

É determinada em razão da matéria, ou seja, de acordo com a natureza da infração penal praticada como está exposto no art. 69, inciso III, do Código de Processo Penal. Ocorre quando um determinado crime é cometido, no qual já se encontra, na maioria das vezes, previsto em lei e onde esteja estabelecida a competência para qual ele será julgado.

A partir disto, os órgãos jurisdicionais de competência militar, eleitoral, trabalhista e o senado federal integram os órgãos jurisdicionais especiais ou Justiça Especial, ao passo que a Justiça Estadual e do Distrito Federal e Territórios são designados à exceção da Justiça Especial.

  1.  em razão da qualidade da pessoa do réu (“ratione personae”):

Esta fixada em decorrência da qualidade da pessoa, onde algumas pessoas em decorrência da função que exercem têm a chance de serem julgadas originariamente por determinados órgãos colegiados como está exposto no art. 69, inciso VIIdo Código de Processo Penal. Os Juízes de Direito estão distribuídos em diversas comarcas e possuem a incumbência de julgar determinado sujeito por ter cometido determinado delito.

  1.  em razão do território:

É determinada de acordo com o local onde o crime ocorreu ou com o domicílio do autor do fato como está exposto no art. 69, incisos I e II, do Código de Processo Penal. Um delito sempre será conduzido na localidade onde este foi cometido. Caso não se tenha conhecimento de onde o delito ocorreu, este deverá ser julgado no foro do domicílio do réu.

Competência Funcional

          Esta competência pode ser descrita como a distribuição entre os diversos juízes de uma mesma instância ou de instâncias diferentes para que, em um processo, segmento ou fase do seu desenvolvimento, possa praticar determinados atos. Nesse caso, a competência é determinada de acordo com a função que cada um dos vários órgãos jurisdicionais em um processo e como se trata de delimitar a distribuição de processos entre diversas fases processuais, pode ser estabelecida não só pela Constituição Federal, mas também por leis federais e estaduais. Diz respeito aos atos praticados dentro do processo que é dividido em três elementos:

  1. as fases do processo: 

Cada fase do processo possui um juiz competente para julgar determinado ato, como por exemplo, nos casos de homicídio, todos os crimes dolosos são levados ao tribunal do júri onde a competência de um determinado juiz vai somente até a fase instrutória daquele processo, pois para realização do julgamento daquele processo a competência é transferida para outro juiz. O mesmo acontece quando um réu é condenado a uma pena em regime fechado em um processo do Tribunal do Júri onde sua comarca é de vara única. Neste caso, o seu local de execução deixa de ser o local do julgamento, e passa a ser executado em outra comarca mais próxima onde possui uma vara de execução de regime fechado e semi-aberto competente.

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