A Influência da mídia no tribunal do juri

A influência da mídia nos julgamentos do tribunal do júri

Resumo: Neste artigo, pretende-se demonstrar que a mídia exerce uma grande influência nas causas apreciadas pelo tribunal do júri, através de noticias e reportagens tendenciosas que acabam por fazer com que os jurados não tenham a total isenção e imparcialidade esperada para que o caso tenha o mais correto resultado possível.

Palavras-chave: Imprensa. Reportagem. Mídia. Júri. Julgamento. Influência. Sociedade.

        Ávida por aumentar um pouco sua audiência, a mídia divulga notícias mesmo antes de verificar sua veracidade, em relação a casos de crimes que comovem a sociedade. Existe uma ânsia muito grande de passar certas notícias sem, contudo, ter certeza se a informação tem uma procedência confiável.

        Parecem desconhecer que no tribunal do júri, quem realmente julga são as pessoas da sociedade, que são bombardeadas com notícias sensacionalistas, o que ocasiona uma influência muito grande sobre os jurados.

        A mídia, na maioria das vezes, condena o réu mesmo antes que qualquer parte do julgamento aconteça, contrariando a Constituição Federal Brasileira, de onde se extrai que todos são considerados inocentes até que se prove o contrário. Em alguns casos, pessoas perdem suas vidas, seu patrimônio ou até sua dignidade em virtude do clamor popular criado pela mídia, e depois, através do processo, fica comprovado que o réu era inocente, como no caso dos irmãos Neves na década de 50, que marcou o século passado, tendo sido eleito como o caso mais grave de todos os tempos de erro de reportagem. Foi o caso em que os donos de uma escola teriam praticado abuso sexual contra crianças, ficou conhecido como “o caso da Escola Base de São Paulo”.

        O caso tomou conta de todos os telejornais da época, a imprensa chegou a colocar as crianças, supostas vítimas, em frente às câmeras para darem entrevista relatando o que teria acontecido.

        Um caso mais recente é o do ex-goleiro Bruno, em que foi visto que poucos dias antes de iniciar o julgamento, começaram a ser vinculadas na mídia reportagens e notícias tendenciosas sobre o caso, com a clara intensão de trazer à tona toda a repercussão gerada no início do caso, com o intuito de provocar na população justamente o sentido de revolta e indignação que ocorreu no início das investigações.

        Algumas reportagens mostravam o filho da Elisa Samudio, jogando bola, sua mãe chorando e também, muitas imagens da vítima, imagens estas, que irão ressoar na cabeça dos julgadores que irão compor o conselho de sentença. Certamente, todo esse apelo criado pela mídia irá influenciar bastante o júri.

        Não se faz aqui a defesa de nenhum dos réus acusados muitas vezes de crimes bárbaros, mas que todos sejam julgados estritamente pelo trâmite legal do processo, e que não tenham um pré-julgamento ou mesmo a própria condenação imposta pela mídia.

        Visto isso, nota-se que o caminho é que exista mais ética por parte da mídia, que sejam tomadas medidas legais restringindo o acesso da imprensa a informações sigilosas e que os veículos de comunicação tenham um maior cuidado de verificar se são notícias verdadeiras antes de serem divulgadas à sociedade, pois o futuro de cidadãos estão sendo definidos e os membros do júri devem ter a maior isenção possível, para que se tenha o processo adequado. Visto que os irmãos Neves sofrem as consequências até hoje e para a mídia foi somente mais uma notícia.