A Sociedade na Visão de Freud
Por: xcrover • 28/4/2016 • Artigo • 5.689 Palavras (23 Páginas) • 446 Visualizações
UMA ANÁLISE INTERDISCIPLINAR DA SOCIEDADE
Felipe Favaretto[1]
Resumo: Este artigo busca analisar a sociedade sob um enfoque psicanalítico. Como ponto de partida é verificado a atual diretriz da implementação da interdisciplinaridade no processo de aprendizagem, inclusive no ensino do Direito. O presente artigo busca a compreensão doas anseios e aflições da sociedade como forma de solidificar uma compreensão mais concreta da sociedade do que as teorizações abstratas trazidas pelos clássicos livros de Direito. Da análise da obra O mal-estar na civilização observa-se a exposição do homem enquanto ser agressivo e extremamente vinculado a instintos sexuais bem como os instrumentos (processos) utilizados pela civilização como forma de reprimir estes instintos, o que é um grande dilema pois a restrição de instintos tão intrínsecos do homem causam um grande mal estar (agonia/ansiedade).
Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Freud. Sociedade. O mal-estar na civilização.
1 Considerações iniciais
Atrevesse escrever sobre o ensaio de Freud que trata dos problemas psicanalíticos que a civilização[2] causa a cada um de seus indivíduos integrantes, tal seja “O Mal-Estar na Civilização” de Sigmund Freud. O cerne da obra é o imanente e insuperável conflito entre os desejos humanos e as limitações impostas pela cultura desenvolvida pela civilização. A consequência, da imposição de regras repressivas pelo meio social, é a ausência da felicidade plena. Lembrando, obviamente, que o instrumento utilizado pela civilização para a repressão dos poderosos instintos, da sexualidade e agressividade, é o Direito. A civilização apresenta “severas limitações à satisfação dos desejos, ocasionando neuroses individuais e coletivas” (CORRALO, 2010, p.38).
O Direito sob o enfoque psicanalítico de Freud ganha uma visão dialética, pois promove a proteção dos indivíduos da força bruta e também proporciona a satisfação dos instintos, no entanto de forma não plena. A civilização, por sua vez, vai apresentar
Apesar de pouco mencionada, nos estudos da origem do Direito, a psicanálise possui um papel de destaque para a compreensão das relações sócias, sendo inclusive as relações sociais reguladas pelo Direito. O estudo pretende demonstrar a importância da interdisciplinaridade do Direito[3] para a compreensão dos fatos sociais e consequentemente uma melhor tutela da sociedade.
Metodologicamente, o texto está dividido em três partes: primeiramente, com a intenção de apresentar demonstrar a importância e o tendecionalismo a interdisciplinaridade abordasse-a o ensino do conhecimento, busca-se fazer uma breve análise referente as diretivas públicas no sentido de implementação de um ensino que proporcione um diálogo entre as ciências. Será abordada a questão da interdisciplinaridade, sua importância e crescente tendência nos meios de ensino, tanto no ensino científico como no ensino escolar[4], acentuasse que o desenvolvimento das duas tem papel fundamental par ao aperfeiçoamento do conhecimento humano e ensino cientifico. Em um segundo momento, a partir da análise da obra O Mal-Estar na Civilização, na qual Freud faz uma análise psicanalítica na sociedade para descobrir o que provoca o sofrimento nas pessoas. E por fim a ligação do Direito com a civilização tendo como norte a visão de Freud.
2 O ensino do conhecimento: um direcionamento para um interdisciplinar
No capítulo presente, busca-se tratar do método de ensino predominante do ensino do conhecimento: o interdisciplinar.
Contemporaneamente o ensino do Direito deixou de lado a antiga visão pautada na abordagem do Direito sem levar em conta o importante papel de complementariedade de outras áreas do conhecimento. O Direito, enquanto ciência, não se admite mais ser compreendida como ciência isolada das demais, o que se nota (e para tanto apresenta-se dados mais abaixo) é que vem ganhando espaço e força o ensino que leva em conta interdisciplinaridade (no sentido de transdisciplinariedade[5]).
Exemplo desta tendência é a edição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC[6]), que apresenta a Área de conhecimento de Ciências Humanas como área que está em constante diálogo com outras áreas e seus respectivos componentes bem como concebendo o conhecimento como herança cultural e como produção histórico-social[7].
O mundo, assim como encontra-se posto, apresenta muitos desafios ao homem, que consequentemente requer uma nova abordagem de ensino. O estudo permite germinar a semente que poderá solver os problemas inferidos pela pós modernidade, para tanto é essencial uma visão de mundo completa e integral que leve em conta as várias áreas significantes do homem. Desta forma a “interdisciplinaridade insere-se na ousadia de novas abordagens de ensino, na educação básica e especialmente nos cursos de formação de professores” (FORTES, 2009, p.2).
Uma das possibilidades de avanço refere-se à adoção de uma determinada perspectiva interdisciplinar, no ensino do conhecimento científico, o que já vem sendo desenvolvido a mais de uma década pelo sistema educacional Brasileiro, como exemplo tem-se a DCN (Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio) de 1999, que já prévia que,
interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário, mantém sua individualidade. Mas integra as disciplinas a partir da compreensão das múltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha sobre as linguagens necessárias para a constituição do conhecimento, comunicação e negociação de significados e registro sistemático de resultados (BRASIL, p133).
Os autores Pierson, Freitas, Villani e Franzoni (2008) citam como pontos fulcrais da interdisciplinaridade a promessa de interligações disciplinares que podem possibilitar um conhecimento contextualizado capaz favorecer a resolução de problemas complexos e/ou concretos e/ou contextuais sociais; e a negociação entre as diferentes áreas disciplinares para o desenvolvimento coletivo do conhecimento da realidade. Ainda é exposto que cobrança da necessidade de uma metodologia interdisciplinar que privilegie as interconexões disciplinares está cada vez mais presente nas universidades.
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