ANÁLISE DO FILME: O MERCADOR DE VENEZA
Por: Blazer Gi • 31/5/2018 • Projeto de pesquisa • 3.106 Palavras (13 Páginas) • 643 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – ICJ
ANÁLISE DO FILME: O MERCADOR DE VENEZA
ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS – APS
Victor Augusto Marques Gios T698AC-0 Turma: 10/DR0968 |
UNIP – CAMPUS PARAÍSO
2018
INTRODUÇÃO
O presente artigo objetiva analisar o filme “O Mercado de Veneza” como referência para uma análise de seu conteúdo e uma possível relação e construção crítica em relação aos Direitos Fundamentais, contidos no art. 5° da CF.
Com esse propósito, o trabalho é construído, portanto, em três fases.
Na primeira fase, apresenta-se uma síntese do filme, de modo que, de maneira e conectada e coerente, permita uma conexão com o momento histórico, no qual o enredo do filme se encontra inserido. Diversas partes da história, as quais nada ou pouco contribuem para a discussão aqui presente, foram suprimidas, com vistas a não alongar desnecessariamente o texto ou fugir do enfoque sobre a ideia principal do enredo. Analisou-se, também o contexto histórico da época na qual a obra foi realizada, incluindo temas como ideologia, aspectos sociais, economia, relação da obra com o meio jurídico bem como as influências que a obra shakespeariana recebeu outra obra produzida nessa época.
Após essa contextualização à época da obra, na segunda fase do trabalho, utiliza-se o raciocínio para analisar a mesma em consonância com a fundamentação jurídica dos Direitos Fundamentais.
Por fim, com o intuito de arrematar o presente trabalho, analisaremos criticamente a violação desses direitos contidos na obra.
1ª FASE: CONCEITOS E ANÁLISE DA OBRA
- Uma ideia geral sobre o filme “O Mercador de Veneza”
A história de O Mercador de Veneza se passa, obviamente, em Veneza, no século XIV. Nessa época, a cidade era uma das mais prósperas e ricas do mundo, e um grande antissemitismo contaminava seus habitantes. A razão de os judeus serem tão odiados – além da mera diferença de crença – era o fato de eles praticarem usura (empréstimo a juros). O ódio era tão forte que os judeus foram confinados à periferia, ao gueto. Só podiam ir à cidade no período da manhã e somente se usassem um gorro/chapéu vermelho, para serem identificados como judeus.
Ao início, apresenta-se Antônio, um rico mercador, considerado um bom homem pelos Venezianos. Ao momento da história, está a sofrer de uma inexplicável depressão e tem sua fortuna investida em navios mercantes que viajam por águas estrangeiras. Como é de se esperar, nutre um forte antissemitismo dentro de si.
Antônio logo é visitado por seu grande amigo Bassanio, um nobre jovem veneziano que gastou prodigamente muito de sua herança. Com isso, tem muito de sua vida financiada por doações/empréstimos de Antônio. Bassanio traz notícias de sua última aventura: viajou a uma região chamada de Belmonte e tomou conhecimento de Portia, uma linda, inteligente, solteira e rica herdeira. O caso é que, antes de morrer, seu pai determinou que ela não poderia recusar qualquer pedido de casamento. Ao invés, quem desejasse se casar com ela deveria escolher entre três baús – um de ouro, um de prata e outro de chumbo. Se o pretendente escolhesse o certo, casaria com a herdeira. Caso errasse, além de não ganhar a mão de Portia, não poderia se casar com qualquer outra pessoa até o fim de sua vida.
A razão da visita de Bassanio é que este busca se casar com Portia, e, para tal, precisa (novamente) de dinheiro. Contudo, as riquezas de Antônio estão no mar. Logo, o que este pode e faz por seu grande amigo é dá-lo seu crédito, para que contraia um empréstimo de algum outro mercador, o qual acaba por ser Shylock, um mercador e usurário judeu.
A este é pedido o empréstimo de 3.000 ducats, por três meses, com Antônio como fiador do contrato. Porém, este, devido a seu denso antissemitismo, costuma ofender – até mesmo cuspir – o judeu, além de emprestar dinheiro sem juros, machucando seus negócios. Portanto, Shylock decide por só, emprestar o dinheiro se a multa pela inadimplência for uma libra da carne de Antônio. Devido à aposta forte no retorno de suas embarcações, este aceita sem preocupação a proposta, e o contrato é assinado.
Em seguida, conhece-se Jessica, filha única de Shylock, que mora com ele, porém o odeia, razão pela qual planeja fugir com seu amado, Lourenzo – cristão e amigo de Bassanio e Antônio. Enquanto seu pai encontra-se, relutantemente, em um banquete com estes, Jessica escapa com seu pretendente, levando consigo uma enorme parte da fortuna de seu genitor. À mesma noite, Bassanio parte para Belmont, determinado em conquistar Portia.
Quando chega a seu lar, ainda durante a noite do banquete, Shylock é levado aos prantos por descobrir a fuga de sua filha e roubo de sua fortuna. Ademais, ele toma conhecimento da razão de sua filha fugir (casar com um cristão), fato que o destrói ainda mais.
Passam alguns dias e Antônio também sofre grandes infortúnios: correm notícias de que todas suas embarcações estão afundando, destruindo, pois, seus meios de pagar Shylock. Este, ainda louco pelo “roubo” de sua filha por um cristão, fica loucamente determinado a retirar a prometida carne de Antônio, e, assim, vingar seus maus tratos vividos.
Nesse meio tempo, em Belmonte, Bassanio torna-se o primeiro pretendente a escolher o baú correto, casando-se com Portia. Paralelamente, um de seus amigos que o acompanhava, Gratiano, casa-se com Nerissa, criada de Portia. Ao receberem a notícia da triste situação de Antônio, os esposos decidem prontamente retornar a Veneza, e partem com vinte vezes o valor devido, quantia essa dada por Portia. E, sem o conhecimento de seu marido, esta e sua criada arquitetam e começam a executar um plano ardiloso, qual seja: se disfarçar como advogados e ajudar na defesa do mercador.
Avança-se, então, para o dia do julgamento, o qual é realizado em uma corte de Veneza, tendo o Doge (o dirigente máximo da República de Veneza) como julgador final. Muitos dos espectadores presentes pedem misericórdia a Shylock, mas este, louco como está, escuta somente a seu desejo de vingança, ou, para ele, justiça (pois, no entendimento do judeu, a execução do contrato é o único modo justo de se resolver a situação). Mesmo quando Bassanio chega à corte e o oferece 6.000 ducats, Shylock não desiste do litígio.
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