DOWBOR O QUE É PODER LOCAL
Por: Emily Amanda • 9/9/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 391 Palavras (2 Páginas) • 248 Visualizações
Quem visita um conjunto habitacional em Grenobles, na França, descobre o funcionamento de um espaço organizado pelos seus habitantes, que quiseram otimizar as suas condições de vida, e não por uma empreiteira que iria maximizar os lucros sobre o terreno e a construção. Os diversos prédios do conjunto são interligados em diversos andares, que permitem fácil comunicação interna. A escola, no térreo, permite que uma criança vá comer um sanduiche em casa entre uma aula e outra. As outras atividades que respondem a necessidades diárias estão dispersas no espaço do conjunto: o mercadinho, a farmácia, a lavanderia e outros, compondo o chamado espaço “de a pé”, que permite ao homem e à mulher trabalharem sem se verem submetidos ao suplício diário quanto ao horário da criança na escola, da compra esquecida. E como o espaço externo dos prédios é comum, há ampla possibilidade de esportes, de bancos de jardim, de convívio social efetivo. Não temos aqui nenhuma pretensão de transportar para o Brasil um pedaço da França, ainda que alguns pedaços sejam bem agradáveis. O que queremos sugerir é que, quando uma comunidade de famílias decide organizar as suas condições de vida de forma humana, isto é possível. Não há nenhuma lei que defina que para levar a criança para a escola seja obrigatório correr e estacionar em fila dupla ou levantar de madrugada e enfileirar diversos meios de transporte. A moradia é muito mais do que a casa ou apartamento: é também a organização racional do entorno. A realidade é que somos condicionados, desde nossa infância, a acreditar que as formas de organização do nosso cotidiano pertencem naturalmente a uma misteriosa esfera superior, o “Estado”, ou aos poderosos interesses da especulação imobiliária e das empreiteiras. Em todo caso, acabamos convencidos de que a única opção que temos é nos inserirmos da forma mais vantajosa possível no mundo tal como existe, definido por outros. A própria forma de definir o mundo que nos cerca seria coisa de terceiros. E se estamos insatisfeitos, e temos os recursos, mudamos de casa, em vez de mudar o ambiente. Por outro lado, aceitamos que a modernização econômica e social seja feita à custa do indivíduo, como se o conforto de um rio limpo, de ruas arborizadas (talvez até com frutas), ou simplesmente transitáveis, de espaços livres para o convívio e brincadeiras das crianças fosse incompatível
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