Nascidos em Bordéis: crianças da luz vermelha de Caucutá 

Nascidos em Bordéis: crianças da luz vermelha de Caucutá

Franciele Guterres da Silva

O documentário mostra a realidade de uma região pobre de Caucutá, na Índia, onde crianças são criadas junto de suas mães em casas de prostituição, onde elas trabalham. Inicialmente, a fotógrafa Zana, queria mostrar como viviam aquelas mulheres, mas se depara com a dura realidade de uma infância triste e sem perspectivas daqueles menores, que são obrigados a lidar com a complexidade da vida adulta desde muito pequenos, mudando assim o seu objetivo e inicia um projeto social, entregando a eles uma câmera, para que retratassem o seu cotidiano e seus costumes.

Ao relatar a história triste de um pequeno grupo de crianças daquela região, o filme mostra como a cultura de um determinado local e a família influencia na construção do indivíduo e como os diferentes tipos de violências sofridas por estas crianças interferem no seu desenvolvimento, inclusive social.

O filme retrata a situação de vulnerabilidade que se encontram estas crianças, quando apresenta a exploração doméstica, espancamentos sofridos por elas. Outro fator muito presente na vida destes infantes, especificamente na das meninas, é a certeza de que terão o mesmo fim que todas as mulheres da família, a prostituição. É apenas uma questão de tempo, e conforme vão crescendo, suas esperanças de terem uma vida completamente diferente vão findando.

 Esta questão da violência intrafamiliar (espécie de violência que ocorre geralmente no ambiente de casa, entre os membros da família) reproduzida no documentário, remete ao texto sobre a violência psicológica contra crianças nas interações familiares de Roberto Moraes Cruz e Saidy karolin Maciel, quando Filmus explana seu entendimento dizendo que a violência doméstica é um elemento desencadeador de violências. Que pais e mães violentos, ao fazerem de seus filhos suas vitimas, estarão desenvolvendo futuros adultos violentos, que farão posteriormente outras vitima, virando um circulo vicioso. Tendo sofrido estas crianças inúmeros tipos de agressões, serão inúmeras as consequências psicológicas desencadeadas, comprometendo a saúde destas crianças e da sociedade em geral.

É preciso que a doutrina da proteção integral seja posta em prática pela sociedade em que vivemos, e que entendamos que estas crianças e adolescentes estão em processo peculiar de desenvolvimento e não podem viver em ambientes inapropriados ou passar por situações que acarretem um dano e que na maioria dos casos são irreversíveis. Entendo que a família tem um papel de suma importância em todo este processo, definindo os papéis de cada um no ambiente em que vivem, para que estas crianças tenham seus direitos garantidos e a segurança emocional que seus cuidadores devem dá-las.