Resumo Stakeholds Crime Ambiental

SOUZA, L. D. et al. Crime corporativo e o discurso da responsabilidade socioambiental: inconsistências, contradições e indiferença no diálogo da corporação com stakeholders. Gest. Prod, São Carlos, v. 24, n. 4, p. 690-703, 2017.

Jamylle Oliveira de Araújo1

Resumo

Nos últimos anos, as organizações propagaram uma preocupação maior com os problemas socioambientais, apesar de os princípios de proteção ambiental e de desenvolvimento sustentável serem considerados por alguns executivos uma restrição para o crescimento econômico. Os stakeholders apresentam a ideia de que o sucesso das organizações depende da forma pela qual elas gerenciam as relações com os grupos que podem afetar a realização de seus objetivos. No artigo intitulado “Crime corporativo e o discurso da responsabilidade socioambiental: inconsistências, contradições e indiferença no diálogo da corporação com stakeholders” os autores abordam contradições em discursos de responsabilidade socioambiental, crime corporativo e o posicionamento da corporação. Foram analisados os discursos de responsabilidade socioambiental de uma corporação que protagonizou crimes corporativos ambientais. A análise foi feita em 2017 de modo a detectar como se relacionam o discurso e a prática organizacional. Foi utilizado da pesquisa documental como método de procedimento, tendo a pesquisa qualitativa como forma de abordagem, levando em consideração critérios como: divulga em seu site que realiza ações, políticas e/ou programas de responsabilidade social corporativa; cometeu crime ambiental de forma recorrente, independentemente de sua natureza, a partir do ano de 2007; não ajustou os mecanismos causadores do crime ambiental, apesar de ter firmado um termo de ajustamento de conduta com esse objetivo; o crime ambiental causou algum impacto na comunidade situada nas proximidades da indústria. Examinaram a documentação das indústrias dentro da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Uberlândia, MG, tal como o website da corporação objeto de estudo. DOENTIA foi o nome fictício adotado para referir-se a corporação. Dessa forma, foram analisadas políticas e programas divulgados pela DOENTIA, visando identificar de que modo a empresa se declara social e ambientalmente responsável, bem como os resultados que poderiam ser obtidos com as perspectivas adotadas. A DOENTIA possui uma unidade industrial, do ramo de abate de suínos e processamento de carnes e subprodutos do abate de suínos e aves. No local se encontra todos os sistemas de tratamento dos esgotos industriais e de emissões atmosféricas. Após várias diligências do órgão municipal de meio ambiente, foram feitas autuações por emissões de substâncias odoríferas provocando poluição do ar na região, bem como a necessidade da empresa de modernizar seus processos produtivos e tratamento de emissões. De acordo com as características produtivas, a empresa poderá em suas atividades emitir sulfetos minerais e orgânicos, que são potenciais poluentes atmosféricos e excesso de carga orgânica no esgoto industrial, potencial poluente dos recursos hídricos do entorno da empresa, no caso o Rio Uberabinha. Os crimes ambientais cometidos pela empresa, conforme as leis municipais, estão relacionados a poluição atmosférica e poluição hídrica. As inconsistências encontradas na análise se traduzem pela falta de solidez do discurso. Foi possível perceber a existência de falhas que devem ser corrigidas pela gestão administrativa da empresa, com o objetivo de promover a integração das atividades operacionais com ações de responsabilidade socioambiental. Por fim, constatou-se que tais relações se caracterizam pela inconsistência, pela contradição e pela indiferença no diálogo da corporação com a comunidade.

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