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As Guerrilheiras Curdas e o Papel da Mulher na Guerra: O Combate ao Estado Islâmico

Por:   •  15/3/2019  •  Artigo  •  1.475 Palavras (6 Páginas)  •  201 Visualizações

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIA HUMANA

CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

As guerrilheiras curdas e o papel da mulher na guerra: o combate ao Estado Islâmico.

Lukas Raphael Monteiro Rezende

Boa vista – RR - 2018

         O Estado Islâmico vem atuando no Oriente Médio, dentro desta região encontra-se uma nação não reconhecida internacionalmente, o Curdistão também denominado Grande Curdistão é localizada dentro do território Sírio, do Irã, da Turquia e do Iraque.

As mulheres militares curdas do exército Peshmerga[1] e YPJ (Unidade de Defesa das Mulheres, criada em 2012) são um pelotão s ramo do YPG (Unidades de Proteção Popular). Essas mulheres têm saindo de suas casas e entrado na luta armada, afastando-se assim de papeis “comuns” da mulher em zona de conflito.

As Peshmergas têm atuado diretamente na defesa da cidade de Kobane na fronteira da Síria com a Turquia, deixando de ser agente passivo nos conflitos, para ser um agente ativo neste contexto, demonstrado o empoderamento feminino ao mundo. Atualmente o exército Curdo combate diariamente o ISI, sendo 35% formado por mulheres, ou seja, 7500 mulheres estão na linha de frente combatendo o Estado Islâmico. (Veja, 2017)

As mesmas são voluntárias, com idade entre 18 e 40 anos (MHM-Vallone, 2015), não tendo nenhum tipo de remuneração, dependentes de doações da comunidade internacional e da população curda. Lutando lado a lado com os homens curdos sem distinção de gênero, mas é importante ressaltar que durante o treinamento militar que receberam quem as treinava desestimulava-as dizendo que não teriam futuro (Euronews, 2016).

A atuação destas mulheres tem sido importante para questão da segurança e para redefinindo o papel da mulher na sociedade por meio de sua luta contra o Estado Islâmico. Rompem assim, com a visão de que são “frágeis”. Essa mudança de papel fez com que as mesmas ganhassem seu espaço, autonomia, igualdade e voz na sociedade curda, e além de combaterem não só o estado islâmico, mas como também contra o patriarcalismo opressor, sendo que ingressam no serviço militar com os homens e fazem as mesmas funções que sempre foram designadas somente aos homens, tanto na área militar quando na política. Segundo J. Ann Tickner, normas de masculinidade estão presente na definição das identidades e, consequentemente, dos comportamentos estatais. (Monte 2013)

A questão do gênero é desconstruída na atuação destas mulheres na linha de frente da batalha, contra o grupo terrorista Estado Islâmico, que tem como sua marca registrada, estuprar, executar e exibir a cabeça cortada. As essas mulheres, como dito anteriormente fogem do papel primitivo da mulher “frágil” oferecendo agora proteção militar que elas seu povo, além disto, essas mulheres se contrapõem a cultura machista na região, o que está refazendo no oriente médio o papel das mulheres, mostrando a importância da “valorização das características e experiências femininas [...] e tal valorização carrega em si um potencial transformador da própria sociedade.” (Monte, 2016).

É importante ressaltar a presença feminina nas guerras analisando fenômenos que sempre estiveram presentes, mas eram tidos como inexistentes, tais como nos movimentos nacionalistas e sua exploração sexual em situação de conflito, a venda de mulheres e meninas como escravas sexuais, pela prostituição militarizada, pelo emprego do estupro como arma de guerra (MONTE, 2010, p. 96).

Na teoria feminista busca-se desvincular alguns conceitos considerados fundamentais dos estudos das RI, como Estado, poder, segurança e conflito, que estão Ininterruptamente ligados a uma concepção masculinizada. De modo simultâneo, a teoria feminista procura introduzir o conceito de gênero como fundamental para compreender as relações de poder no cenário internacional (MONTE, 2013).

Neste contexto é necessário ressaltar que o gênero no início do debate, tinha seu uso pelas feministas para indagar o sexo como fator decisório para a constituição do sujeito e o resultante determinismo biológico dado em expressões como, “feminilidade”, “masculinidade” ou “sexo” (SCOTT, 1989).

O estudo feminista tem ganhado espaço pela inclusão do “gênero” como análise, buscando evidenciar e compreender de como as normas de gênero estão manifestos nas relações da vida social internacional, bem como se reinventam respectivamente (BOZZA, 2012, p.6).

A presença das mulheres na área das RI e nos Estudos de segurança internacional já existia, no entanto não fazia parte da estrutura de pensamento ou como objeto de análise, à vivência feminina, pois as que desenvolviam a teoria no campo, acabavam por reproduzir a visão masculina, ignorando o ponto de vista feminino e a sua relação dentro de um conflito ou guerra.

Guerras e conflitos são historiados exclusivamente sob um olhar da experiência masculina (MONTE, 2010). Isto faz com que tanto nos setores público e privado, como no âmbito diplomático e militar, sejam espaços em sua grande parte majoritariamente denominados de uma presença masculina e uma mulher chega a um cargo de poder como este é sujeita a “adotar uma atitude masculinizada para se adaptar melhor às demandas do contexto da alta política, o que apenas reforça a ideia de que gênero não é apenas um atributo pessoal, mas também de instituições.” (Monte, 2013).

Como já dito, para o feminismo, a área das RI, e seus estudos são predominantemente masculinos, fazendo assim, com que as questões de gênero sejam pouco debatidas, praticamente invisíveis e não mencionadas. 

As mulheres militares curdas aplicam o fator do gênero feminino, para segurança e defesa da população civil, visto que o grupo terrorista tem sua convicção de que se forem mortos por mulheres eles perderam os benefícios concedidos que, supostamente, deteriam quando morressem por causa da crença que eles seguem.

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