A Necessidade Extrema de Acesso

O adultério é, graças ao grande número de obras que abordam esse tema, grande tema de estudos. Porém, muitas pessoas ao menos sabem qual o significado dessa palavra que antigamente era considerado um crime punível de morte. A palavra “adultério” vem do latim “ad alterum torum”, que significa “na cama do outro”. Popularmente falando, é a “traição”, a quebra de votos matrimoniais ou o “juramento”, que é o namoro.

O casamento era momento de subordinação da mulher ao seu marido, ele podia fazer o que quisesse com ela, ela teria que obedecer. O homem tinha total liberdade de fazer o que quisesse, sem dar satisfações à sua esposa. Esse tipo de julgamento penal, abria as portas para a violência física e para os crimes em nome da honra, valendo ressaltar que se o adultério fosse cometido por um homem, a pena era mínima ou nula.

Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o adultério não se prende apenas aos laços afetivos, mas à traição de Marcela, que envolve Brás com toda sua sensualidade para arrancar-lhe o ultimo conto de reis que possuía. E depois, à traição de Virgília em trocar Brás Cubas por Lobo Neves, julgando Lobo ser mais bem-sucedido que Brás. Essa relação começa quando Lobo Neves volta para o Rio de Janeiro, Brás encontra Vigília em um baile e após um mês toma coragem para chamá-la para dançar.

Depois de três semanas Brás é convidado para uma reunião intima na casa de Virgília, com um tempo os dois dão seu primeiro beijo selando o relacionamento. Os dois aumentam a frequência com que se encontram, e percebendo a desconfiança de seus vizinhos e pessoas próximas, Virgilia tem a ideia de se encontrarem na casa de D. Plácida. Essa relação chega ao fim apenas depois de Lobo Neves se tornar presidente da província e receber uma denúncia anônima da possível traição de sua esposa com Brás.

Já em A Cartomante, existe adultério do início ao fim, e Rita é construída como uma mulher corajosa que enfrenta a sociedade vigente para viver um amor proibido. É tão claro o amor de Rita por Camilo, necessitando de uma cartomante para se certificar da reciprocidade. O adultério no conto é também, crítica e denúncia de uma sociedade baseada na aparência, porque Machado de Assis expõe o conflito interno dos personagens, revelando fragilidade em suas ações: o casamento não ia bem, a amizade não era tão fraterna assim, e a partir daí a sociedade colocava pra fora suas feridas. O final trágico mostra como os homens traídos agiam ao descobrir a prevaricação, afirmando que só era possível limpar a honra com a morte daqueles que feriram a sua dignidade.

Em O Cortiço, Aluísio Azevedo conta a história de um cortiço carioca, é um livro de transição entre o realismo e o naturalismo, tendo como características a verdade nua e crua e a apresentação dos instintos humanos, constantemente associados a animais selvagens.

Os adultérios são comuns no cortiço, mas essas relações extraconjugais ainda eram encaradas de forma absurda pela sociedade da época. Diferentemente do resto, o casamento no cortiço é encarado como uma obrigação burocrática: divisão de bens, transmissão do nome e etc. A parte do afeto, amizade e atração sexual são coisas que não existem nos casais do livro, não entre os casados. O instinto humano apresentado no livro, se mostra na