A Psicologia e Saúde

As políticas de saúde sofreram diversas mudanças em todo seu contexto histórico, desde o princípio quando analisamos a saúde no Brasil conseguimos perceber o quão complexa essa questão é, e isso também tem grande influência com o contexto político-social do Brasil, pois como se sabe antes da chegada dos europeus em território brasileiro, os povos indígenas já o habitavam a centenas de anos acompanhados de muitas enfermidades. Com a colonização portuguesa as enfermidades passaram a se instalar de forma grave, doenças que antes não eram comuns começaram a aparecer, e por muito tempo nada foi feito, não havia políticas públicas estruturadas para a população, o acesso ao tratamento e cuidados médicos dependia da classe social, ou seja, o conceito de equidade não era praticado até então.

Com a vinda da família real ao Brasil foi criada então a necessidade de organização de uma estrutura sanitária mínima, mas infelizmente não existia uma assistência médica estruturada, e então a única organização para o atendimento a saúde era feito pelos boticários, que exerciam função parecida com a de farmacêuticos, prescreviam medicação para o tratamento das doenças instaladas.

A saúde nunca ocupou um lugar primordial na política do estado brasileiro, somente nos momentos em que algumas endemias ou epidemias se evidenciavam como graves em termos de repercussão econômica ou social dentro do modelo capitalista proposto é que passaram a ser alvo de uma maior atenção por parte do governo, até isso voltar a ser um segundo plano.

É evidente que nossa sociedade esta se tornando cada vez mais complexa, e ao observar este período histórico de saúde pública, conseguimos também ter uma visão ampla sobre o sistema capitalista presente desde a atuação dos boticários, que de certa forma, induziam o consumismo feito através do tratamento farmacológico, ou seja, o foco principal não era e continua até a contemporaneidade não sendo a prevenção da saúde, o interesse da indústria farmacêutica é de tratar a doença, remediando os sintomas, não considerando os fatores biopsicossociais de cada pessoa.

Assim, quando falamos de saúde biopsicossocial devemos considerar e reformular uma nova visão a respeito de si, do outro e do mundo, introduzindo também significados sobre saúde, doença e qualidade de vida, fazendo com que isso tudo nos leve a ter um olhar para a pessoa além da doença que apresenta, considerando seus valores biopsicossociais de uma vida saudável nos seus diversos aspectos.

O histórico da saúde no Brasil carrega diversos pontos tortuosos pelos quais a sociedade passou, e que de certa forma foram determinantes tanto para o adoecimento da população, quanto para a inserção de novas políticas publicas e de novas concepções com relação à atuação dos psicólogos atualmente.

Já se foi o tempo em que psicólogo era coisa para “loucos” e que só se encontrava atendimentos dentro das clínicas, hoje a psicologia é vista de uma forma muito mais abrangente e alcança diversas áreas de atuação, muitas delas ainda desconhecidas pela população, e considerando que esta sociedade nada homogênea enfrenta diversos tipos de problemáticas de infinitos tipos e que estão diretamente ligados ao cotidiano das pessoas e sendo esses problemas de cunho biopsicossocial, torna-se de extrema importância que através da atenção básica o psicólogo possa acessar essas áreas.