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A usp enquanto instituição limitadora do espaço publico

Por:   •  26/11/2018  •  Seminário  •  888 Palavras (4 Páginas)  •  150 Visualizações

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A Universidade de São Paulo passa por um momento político no qual algumas decisões vem sendo tomadas de maneira arbitrária e impositiva. Uma dessas decisões se materializou no início da ano letivo de 2017, com a instalação de uma grade que isola a área localizada entre o prédio central da ECA e a reitoria – mais conhecida como “prainha”.

A prainha é historicamente marcada não apenas como um ambiente integrativo, como também um espaço de manifestação e expressão política dos alunos.

A tentativa de asfixiar esse espaço e as iniciativas de troca que acontecem ali não é recente. No ano de 2006 alguns alunos da ECA criaram o CANIL, um espaço fértil em que aconteciam saraus, apre¬sentações e exposições artísticas, que atraiu artistas, intelectuais e pensadores de diversas áreas, inclusive de fora da comunidade acadêmica.

Há tempos se faz presente a discussão a respeito da acessibilidade ao Campus. Com início em 1935, a construção do Campus Butantã se deu no auge do Regime Militar no Brasil.

É históricamente sabido que na vigência de regimes autoritários, é interessante que exista o menor contato possível entre as pessoas. É através da convivencia e da partilha do espaço que se fomentam ambientes férteis e criativos, assim como se dá a espontaneidade das conversas e a formação de opinião. É também por meio da coletividade que se expressa a potência e o poder de ação do ser humano – é através do grupo que surgem as possibilidades de questionamento da autoridade vigente e a consequente atuação na sociedade à qual um indivíduo pertence.

A USP portanto é conceitualmente pensada e estruturada para ser um ambiente apartado. Não apenas é um centro de pesquisa de difícil acesso e isolado da cidade, como possui na sua própria estrutura interna esse distanciamento. Como unidades extremamente afastadas uma da outra os alunos de faculdades diferentes praticamente não se frequentam.

O CANIL foi um espaço que conseguiu subverter a lógica há tempos enraizada no corpo e na memória da Universidade.

Em 2010, o CANIL foi arbitrariamente demolido no período das férias letivas, momento em que os estudantes estão ausentes do ambiente universitário. A partir disso os alunos, em associação com o Centro Acadêmico, organizaram diversas atividades de ocupação do espaço da “prainha”, além de movimentos de protesto contra a demolição do CANIL (como o Festival do Cão).

A instalação de uma grade que isola a região da “prainha” foi feita no ano de 2017 da mesma forma que a demolição do CANIL em 2010: no período das férias letivas.

A partir dessas evidências fica claro que a construção da grade não é um fato isolado – e sim um ato político.

Em entrevista ao jornal da USP, Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, propõe que

“[...]Os muros da cidade criam divisões aonde haviam pessoas. Os muros não só interferem com a estética, e consequentemente com o nosso bem-estar e a nossa percepção de cidade, mas eles também impedem que a gente usufrua do bem estar de encontrar com as pessoas; os muros representam obstáculos. Eles representam o medo, representam as soluções individuais que nós encontramos para resolver os problemas de violência, de privacidade, os nossos receios, as nossas angustias.”

Na mesma entrevista, diz que

“[...]

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