Etnomatemática na Produção de Farinha de Mandioca

MURIEL, Layune Guilherme Barbosa. ETNOMATEMÁTICA E PRODUÇÃO DE FARINHA: Uma Experiência no Ensino Médio. Monografia do Programa de Especialização em Matemática para o Ensino Médio – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2020.

Neste artigo é relatada uma experiência de ensino, em sala de aula, durante um projeto educacional na Terra do Meio, embasada na concepção de D'Ambrósio e realizada junto à turma de Formação de Professores em magistério. Em face do exposto o objetivo geral deste estudo é compreender a prática cultural e discutir elementos matemáticos utilizados na produção de farinha de mandioca. A opção pela proposta da Etnomatemática deu-se pela reflexão constante da nossa ação docente e a percepção da necessidade de modificar as metodologias que utilizamos em sala de aula. Para tanto, acompanhamos a produção de farinha na comunidade de São Francisco, a fim de identificar conceitos matemáticos presentes nas etapas de produção. Foi abordado uma situação que se faz presente no dia a dia desses alunos e partimos da abordagem à conhecimentos matemáticos desses grupos, para assim construir um elo entre a prática e a teoria que foi trabalhada posteriormente em sala de aula. Os resultados deste estudo evidenciam que a Etnomatemática está entre as tendências do ensino de matemática que visam uma aprendizagem mais significativa e crítica.

Palavra- Chave: Etnomatemática. Farinha de Mandioca. Geometria.

INTRODUÇÃO

Durante a minha participação, como docente no Projeto de Formação de Professores Extrativistas da Terra do Meio em Magistério, promovido pela Universidade Federal do Pará, percebi a necessidade de realizar uma pesquisa que dialogasse e interagisse com os saberes daquele povo. Então surgiu a ideia, no decorrer de um Tempo Escola (etapa de formação), de analisar o processo de produção da farinha de mandioca, um dos principais alimentos produzidos por aquela comunidade e o uso da matemática, pelos sujeitos, durante esse processo.

O processo de produção da farinha de mandioca é essencialmente artesanal e, mesmo que se tenha, atualmente, um motor a combustão, ainda são utilizados objetos (artefatos) de origem artesanal, como cesto, peneira, cocho, prensa, forno, entre outros. Nesse sentido, percebi que muitas pessoas que trabalham nessa atividade, não conheciam a matemática oficial, mas fazem uso de ideias/conhecimentos matemáticos diversos, que podem ser associados, com aqueles que são convencionais nas escolas destinadas a membros dessa comunidade.