O tempo e o vento - teatro
Por: Patrícia Radatz Thiel • 10/5/2016 • Ensaio • 3.920 Palavras (16 Páginas) • 2.196 Visualizações
Tempo e o Vento - Parte final
Santa fé em 1895
Depois da guerra, com a chegada das tropas federalistas, a cidade fica toda cercada. Os invasores tinham e queriam a Independência a favor a si contra os Republicanos. Após esse confronto, o tiroteio a cidade ficou com a praça cheia de mortos, com os invasores que tomaram conta da área, assim o sobrado cercado por inimigos.
Primeira cena:
Licurgo: E ai senhor?
Jango: Com a família está tudo bem.
Antero: Seu Licurgo a carroça com a comida não vai chegar mais. Os maragatos a prenderam, antes de chegar ao portão do fundo.
Licurgo: Dá-se um jeito.
Florêncio: Que jeito Licurgo?
Licurgo: Eu já disse e repito isso é problema meu.
Segunda cena:
Chegando a Santa fé o mensageiro, Martins o mata e pega a carta escrita pra o seu Licurgo.
--------: Enviar mensagem para o Quartel General. Caso uma resistência maragato tenha perigo a Santa fé. É (rum). Mas essa carta ele não vai receber nunca.
(isto é falado para dois companheiros (Coronel Amaral e Martins) onde só passam olhares) Assim que o companheiro sai, fica só Coronel e Martins.
Coronel Amaral: A 50 anos, 50 anos, que espero e na hora, hora. Porque não conseguimos Martins?
Martins: Mas vamos conseguir Coronel. Os cambara vão morrer de fome e de cansaço. O sobrado está cercado. É só uma questão de tempo. E quando o coronel quiser é só dar o golpe de misericórdia.
Coronel Amaral: Aquela velha Bibiana me amaldiçoou. Sempre um bicho fraco Martins, mas é capaz de vir mais fundo do que um punhal que deixasse murando ali fora.
No sobrado: (no quarto onde esta Alice)
Alice: Onde está ele? Chame ele, por favor. Chame ele!
Valeria: Do que adianta chamar, parece que o homem só pensa nessa desgraça de guerra.
Licurgo: O que foi que a senhora disse?
Valeria: Nada. (se retira para um canto)
Alice: A criança já está vindo, e tem alguma coisa de errado estou sentindo.
Licurgo: A senhora ficou muito aflita com o tiroteio, pelos cálculos do Dr. Winter ainda falta quase uma semana.
Alice: Não, a alguma coisa mudo, alguma coisa eu to ..
Licurgo: Nada mudo minha senhora.
Valeria: De onde vem tanta certeza senhor Licurgo?
Jango (bate na porta): Licença senhor Licurgo, é que tem um movimento esquisito lá na praça.
Terceira cena: Na igreja.
Josepio: Padre Romano, Padre Romano!
Padre: Alto lar aqui é a casa de Deus. Esse chão é sagrado e, portanto nele entro ...
Josepio: Tiro o chapéu Padre Romano, é só um favorzinho, é a pedido do Coronel Amaral.
Padre: Pois eu quero este pedido por escrito.
Josepio: Ele disse que é um favor. A pra ficar de copaia lá no camparino (sino).
Quarta cena: (Cozinha no sobrado – empregada está na cena)
Fandango: O Marcolino Vai ali fora e pega dois balde de agua ali no poço.
O Marcolino assim pedido foi, mas não sabia o que lhe espera.
Josepio: Bei, que morre um republicano!
Assim Marcolino morto, por Josepio. (Cena com suspense)
Fandango (falando olhando pra a empregada): Marcolino, meu deus! Este morreu barbaridade agora estamos sem água, desde água.
Quinta cena:
Licurgo: Diga-me Florêncio com toda sinceridade, acha que estou procedendo mal?
Florêncio: O que importa o que penso Licurgo, vos vince sempre fez o que bem entende. Acho que vos vince tenha servido bem de chefe politico, mas está procedendo mal com chefe de família.
Licurgo: Cada qual sabe muito bem onde lhe aperta a bota.
Florêncio: Olha Licurgo vos vince é republicano pois me diga que importância tem Santa fé, na tal republica do Brasil. Essa revolução é só capricho de vos vinve e de Coronel Amaral, buga de estanceiro.
Licurgo: Nunca você me falou assim.
Florêncio: Quero minha filha viva Licurgo.
Sexta cena:
-----: Tenente José Lírio vos vince vai render indecência, na torre da igreja, e atire para matar quem se aproxima da torre do sobrado, e memoria de seu pai Major Maneco Lírio, herói da guerra do Paraguai e lembre-se Lírio é macho.
Assim rastejando até o camparino:
Josepino: Pim. Dei um tiro só, aquela coisa esbranquiçada fico lá de rabo para ar, agora eles não tem, mas água.
José: Eu sei.
Josepino: Você tá mosqueando homem?
José: De verdade, eu já tô cansado, minha barriga tá tudo embrulhada.
Josepino: é o cheiro da guerra Sangue de Gente,
José: Pois é, é triste. Santa Fé tá uma tapera e aquela casa lá embaixo. E de dizer que eu, já tomei tanto mate naquele lugar.
Josepino: Sobrado?
José: É no sobrado. É triste. Vê os cambaras cercado que nem gado no curral. Eles são gente direita que nem nós. Não sei seu Licurgo é muito boa gente.
Josepino: Olhe lá.
José: É a dona Bibiana, tá caduca e velha.
Josepino: Tu deverias ter atirado.
José: Porque não fizeste tu o serviço antes.
Josepino: Porque eu sou macho de frente. Mas o coronel mandou matar qualquer coisa que se mexesse no sobrado, até Dona Maria valeria.
Sétima cena: ( No quarto, Valeria, empregada, e Alice. Quando acontece o parto de Alice)
Com a Alice gemendo.
Empregada: Só mais um pouquinho. Pronto! Pronto! A burra de sangue já desceu.
Alice segue gemendo.
Empregada: Agora é só faze mais força, precisa de força e muita água.
Oitava cena: (Cena com Bibiana e Licurgo no quarto)
Bibiana: É preciso abrir a janela, é uma coisa muito forte. Escuta Licurgo é o vento, é vó Ana Terra querendo entrar aqui no sobrado.
Licurgo: É impressão vó Bibiana. É só vento. Ana Terra já morreu a muitos anos atrás.
Nona cena: (Cena do parto)
Empregada: Calma que nossa senhora do parto, nossa senhora do parto. Força!
Alice geme.
Decima cena: (Onde Bibiana retira seus pertences de dentro do baú)
Bibiana: Eu tenho que achar. Laurinda!
Mas ninguém aparece. Enquanto isso ela acha a tesoura.
...