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Os Contos de Machado

Por:   •  31/7/2021  •  Resenha  •  6.197 Palavras (25 Páginas)  •  149 Visualizações

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Teoria do Medalhão:

Este conto é um diálogo que se dá entre pai e filho, após o jantar comemorativo de 21 anos deste. Estando os dois a sós, o pai aconselha ao filho tornar-se um Medalhão, ou seja, alguém que conseguiu conquistar riqueza e fama. Ele passa, então, a tecer uma teoria de como o filho conseguiria isso, aconselhando-o a mudar seus hábitos e costumes, anulando seus gostos e opiniões pessoais. O filho deveria sempre se manter neutro perante tudo, possuir um vocabulário limitado e conhecer pouco, e sempre preferir um humor mais simples e direto ao invés da ironia, que requeria certo raciocínio e construção imaginativa. Após muitos outros conselhos, o pai termina a conversa admitindo que suas palavras têm certa semelhança com a obra “O Príncipe”, de Maquiavel, e diz para o filho ir dormir.

Este conto trabalha basicamente as mesmas ideias tratadas em “O Espelho”, com a aniquilação do indivíduo em favor de uma imagem e posição social considerada privilegiada. Também encontra paralelo no conto “O segredo do Bonzo”, onde a propaganda pessoal e a aparência valem muito mais do que a essência. Através da fala absolutamente irônica do pai, entrevê-se a dura crítica de Machado de Assis à sociedade brasileira. De um lado, temos um pai que deseja ver seus ideais frustrados realizados pelo filho; e de outro temos o filho que aceita passivamente todas as imposições do pai, pois é o papel social que cabe ao filho.

É a história de um pai que após um jantar de aniversário de seu filho o chama para conversar. Tratam sobre o futuro do filho e o pai começa a aconselhá-lo que para garantir que o esforço dele durante toda a vida seja recompensado, ele deve além de sua profissão cultivar o “ofício” de medalhão.

O ofício requer uma pessoa que não pense muito, não tenha ideias próprias, que viva para ser popular e chamar a atenção. Esse ofício requer uma pessoa que quer ter o nome lembrado, mas sem muitos esforços, parecendo ser culto, sábio, que agrada a todos, simpático, quando na verdade não é. Para isso não se deve ter ideias que divirjam das demais, ser conivente com a maioria das pessoas, ser tido como necessário em todos lugares, eventos sociais e festas.

O pai aconselha-o de diversas formas sobre como não ter ideias próprias, como passear sempre acompanhado, ir em livrarias apenas para contar piadas ou acontecimentos do dia, saber das ideias já pensadas na filosofia e sobre as ciências, mas impedir que algumas dessas ideias influenciem para reflexões ou mudar seu pensamento. É importante apenas ter fama de ser sábio, sem necessariamente o ser.

Enfim, ser um “medalhão” é ser uma figura considerada na cidade, respeitada, querida pela maioria das pessoas. Isto para ser lembrando durante a vida e depois da morte também.

A sereníssima república:

O conto inicia-se com uma Conferência do Cônego Vargas, que introduz sua teoria, ainda incompleta, ao público presente, decide antecipar a divulgação pois um cientista inglês já teria realizado estudos nessa mesma área, e então temia que a mídia desse o credito ao estrangeiro caso não apresentasse sua superioridade na descoberta. O narrador diz ter descoberto uma espécie de aranhas que possuem uma habilidade extraordinária, tais aranhas tem uma língua própria, como pode ser visto neste trecho da obra: "Nada, porém, se pode comparar ao pasmo que me causou a descoberta do idioma araneida, uma língua, senhores, nada menos que uma língua rica e variada, com a sua estrutura sintáxica, os seus verbos, conjugações, declinações, casos latinos e formas onomatopaicas, uma língua que estou gramaticando para uso das academias, como o fiz sumariamente para meu próprio uso."

De maneira metafórica Machado associa as pessoas com a sociedade das aranhas, de maneira crítica diz: "A aranha, senhores, não nos aflige nem defrauda; apanha as moscas, nossas inimigas, fia, tece, trabalha e morre. Que melhor exemplo de paciência, de ordem, de previsão, de respeito e de humanidade?"

Então O Cônego Vargas continua a narrativa e ora como ele modelou uma sociedade e implantou uma república à maneira da antiga Veneza, e dotou o nome de Sereníssima República. Em tal sistema as eleições eram feitas a partir de bolas que que continham o nome dos candidatos em um saco que foi tecido pelas aranhas, com sucessivos experimentos o Cônego fala de como houve possíveis mudanças no resultado das eleições, primeiramente do saco ter duas bolas com o nome do mesmo candidato, no outro ano de que um candidato não teve seu nome inscrito na bola. O narrador também fala sobre os partidos políticos que foram criados pelas aranhas, de acordo com a forma geométrica das teias, são quatro os partidos, o partido retilíneo, o partido curvilíneo, o partido reto-curvilíneo e o partido anti-reto-curvilíneo. O Cônego fala sobre o caso de Nebraska e Caneca, no qual houve um erro na escrita no nome de Nebraska o que acometeu na falta da última letra de seu nome, então Caneca requereu a verificação da bola retirada, pois achava que não continha o nome de Nebraska e sim o seu, e com isso chamou um filólogo para provar isso, de uma maneira absolutamente absurda por final.

Com isso teve várias mudanças nas formas e dimensões dos sacos. Por fim conta o discurso de Erasmus, que era encarregado de notificar a última resolução legislativa às dez damas incumbidas de urdir o saco eleitoral. Erasmus conta a fábula de Penélope: "Vós sois a Penélope da nossa república, disse ele ao terminar; tendes a mesma castidade, paciência e talentos. Refazei o saco, amigas minhas, refazei o saco, até que Ulisses, cansado de dar às pernas, venha tomar entre nós o lugar que lhe cabe. Ulisses é a Sapiência."

O conto mostra de como as aranhas são as responsáveis por todos os seus problemas, e como as aranhas são metaforizadas aos seres humanos podemos ver que o mesmo ocorre com a sociedade, que somos dominados pelo autoritarismo social e político, e legitimamos a opressão da qual somos vítimas. Trata-se também de uma crítica as corrupções políticas e das desigualdades sociais, tais males que são análogos a condição humana.

O espelho:

O protagonista, Jacobina, encontra-se com quatro amigos em uma casa no bairro de Santa Teresa. Era noite e os senhores discutiam questões filosóficas. Tinham todos cerca de quarenta e cinquenta anos e debatiam efusivamente enquanto Jacobina assistia à discussão intervindo pouco e pontualmente.Até que, a meio da noite, o protagonista pede a palavra para contar um caso que aconteceu consigo. Ele se serve da história pessoal para ilustrar e defender a tese que o ser humano tem duas almas.Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro... Espantem-se à vontade, podem ficar de boca aberta, dar de ombros, tudo; não admito réplica.

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