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O aparelho de identificação no conto O ESPELHO de Machado de Assis

Por:   •  26/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  593 Palavras (3 Páginas)  •  523 Visualizações

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O aparelho de identificação no conto “O espelho” de Machado de Assis

No conto os conceitos de identificação, ideal do ego e outro são os eixos centrais para que Machado discutisse a importância do exterior como um componente determinante da alma humana. Esses conceitos interligados caracterizam o personagem principal no conto.

[pic 2][pic 1]

        Conforme a figura, o personagem denominado “5º cavalheiro”, (o que sugere a igualdade em relação aos outros quatro), num primeiro estágio se identifica com elementos comuns à sua realidade (ar, roça etc.). Ao receber o título de alferes ganha um determinado reconhecimento de todos a sua volta. Esse reconhecimento do OUTRO, faz com que ocorra um novo processo de IDENTIFICAÇÃO, ou seja, a alma exterior do 5º cavalheiro passa a ser a do alferes.

        Dessa maneira a “alma interior” passa a viver conforme as necessidades do EGO IDEAL, ego esse construído com a valorização da família, principalmente da tia Marcolina. Assim, o personagem passa a viver narcisicamente, dependendo sempre desse reconhecimento. Esse fato pode ser observado a partir do espelho que é uma metáfora da necessidade humana de se firmar, como um ser importante não só para os outros, mas para si mesmo.

        Outra questão interessante refere-se ao papel do superego na construção do ideal de ego. Assim como a moral considera um alferes importante, a mesma moral leva o personagem a questionar seu papel quando os escravos fogem, visto que esse acontecimento desconstrói todo o ideal de alferes fantasiado pela família e legitimado socialmente.

        Os conceitos podem ser ilustrados com as seguintes passagens:

1- “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que de fora para dentro.”

2- “O alferes eliminou o homem. Durante alguns dias as duas naturezas equilibraram-se: mas não tardou que a primeira cedesse à outra: ficou-me uma parte mínima de humanidade. Aconteceu então que a alma exterior que era dantes o sol, o ar, o campo, os olhos das mocas, mudou de natureza e passou a ser a cortesia e os rapapés da casa, tudo o que me falava do posto, nada do que falava do homem. A única parte do cidadão que ficou comigo foi aquela que entendia com o exercício da patente: a outra dispersou-se no ar e no passado.”

        Partindo da análise, pode-se afirmar que mesmo fixado na imagem de um alferes, o personagem não está alienado em sua percepção. Isso porque a tendência egóica é sempre buscar aquilo que o aproxima do ideal, tanto para si mesmo quanto para o outro. O alferes teve consciência de que a sua essência não pode ser baseada apenas no prestígio social, mas em outros fatores. O se “olhar” no espelho mostra que o personagem tenta se encontrar, mesmo tendo cometido um erro.

        A farda tem um papel fundamental para o personagem. Ela é a materialização do ideal de ego. Assim tirá-la era como se o personagem retrocedesse em seu caminho. Sem a farda ele seria apenas o 5º cavalheiro, sem nome e sem o reconhecimento do OUTRO.

        O personagem assim mostra maturidade ao contar a história e se assumir como apenas mais um cavalheiro entre os outros, mostrando que o mais importante é a “alma interior” já que a exterior muda de acordo com as necessidades do ego.

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