Análise do conto: Umas Férias - de Machado de Assis
Por: Amanda Caroline Kannenberg • 28/11/2017 • Artigo • 3.835 Palavras (16 Páginas) • 4.649 Visualizações
Análise do conto “ Umas Férias” de Machado de Assis
[1] Amanda Caroline Kannenberg
Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar os personagens principais, seus tipos, classificações, semelhanças, diferenças e qual tipo de narrador encontramos presentes no conto Machadiano, intitulado “Umas Férias”, publicado no livro “ Relíquias de casa velha” no ano de 1839-1908, como também uma análise do tempo e espaço que nele aparecem e um subtópico como uma leitura interpretativa do conto. Sendo assim, as personagens analisadas foram José Martins, personagem principal e narrador e Felícia, irmã mais velha de José.
Palavras-chave: Conto, personagens, Machadiano, férias, narrador.
Abstract: This article aims to analyze the main characters, their types, classifications, similarities, differences and what type of narrator we find present in the short story "A Vacation", published in the book "Relics of Old House" in the year 1839- 1908, as well as an analysis of the time and space that appears in it and a subtopic as an interpretative reading of the tale. Thus, the characters analyzed were José Martins, main character and narrator and Felicia, José's older sister.
Keywords: Tale, characters, Machadiano, vacation, narrator.
- INTRODUÇÃO
A personagem é um dos principais elementos das narrativas. Sobre ela que recai, normalmente, a maior atração pelo leitor, dada uma ilusão de semelhança criada com a noção da pessoa.
Mas o que é personagem? São seres, podendo ser humanos, sobrenaturais, animais ou objetos animados, que vivem dramas e situações dentro da narrativa semelhantes às vividas pelo ser humano; A personagem é aquele que fala ou age na narrativa, podendo fazer os dois ao mesmo tempo. As personagens costumam ser os atores principais de um romance, ficção e é quem dá impulso as ações, portanto são essenciais e indispensáveis em toda e qualquer história.
Já o narrador, devemos saber que a primeira definição é que ele é uma categoria específica de personagem e principalmente que ele não deve ser confundido com o autor do conto. Podemos classificar simplificadamente os narradores como narrador participante e narrador observador, onde o primeiro seria aquele que narra e ao mesmo tempo participa da história utilizando a primeira pessoa do discurso (eu/nós), o segundo seria aquele que observa a história de longe e utiliza a terceira pessoa do discurso (ele/eles).
Em questão do tempo e espaço podemos dizer que não seria nada mais do que o que implica os acontecimentos pertinentes a história narrada ou os acontecimentos na subjetividade de determinadas personagens, simplificando por tempo objetivo e/ou tempo psicológico e o lugar seria onde estão inseridos estes personagens seja ele geográfico e/ou arquitetônico.
Tendo isto em vista, apresentamos como objetivo deste artigo analisar e discutir os tipos de personagens, suas classificações, o narrador e também o tempo e espaço dentro do conto “Umas férias” do autor, Machado de Assis. Veremos quais tipos de personagens são apresentados no livro, qual narrador, tempo e espaço, e assim analisá-los-emos e discutiremos quais suas funções, classificações e características. E por fim teremos uma leitura interpretativa do conto.
- AS PERSONAGENS
Partindo da simples pergunta o que é personagem, podemos dizer que segundo Cândida:
A personagem ou personagem é um ser fictício que é responsável pelo desempenho do enredo; em outras palavras, é quem faz a ação. Por mais real que pareça, o personagem é sempre invenção, mesmo quando se constata que determinados personagens são baseados em pessoas reais. (GANCHO, Cândida, 1991, p. 14).
E também segundo Massaud Moisés:
“Via de regra só ‘gente’ pode ser personagem de romance. Animais irracionais que participem do desenrolar dos acontecimentos romanescos, ou são projeções da personagem (como no caso de Quincas Borba), ou apenas invulgares em sua condição (como a Baleia de Vidas Secas) ou servem de motivo ao desenvolvimento da ação (como em Moby Dick). Parece desnecessário lembrar que os animais só atuam como personagens nas fábulas ou nas narrativas de cunho poético. ” (MOISÉS, Massaud,1985, p.138).
Assim sendo, se quisermos saber alguma coisa sobre a personagem em questão, teremos de encarar frente a frente à construção do texto, da leitura, a maneira como o autor encontrou para dar forma aos seus personagens, e aí projetar a independência, a alforria e a vida desses seres da ficção. É sob essas perspectivas que poderemos desenlaçar o espaço habitado pelas personagens, que podem ser úteis, e se necessário, vasculhar a existência do mesmo.
As personagens como sendo um dos principais elementos constitutivos da narrativa, ou seja, quem faz a ação, sobre elas é que recai, normalmente, a maior atenção dispensada pelos leitores.
Passamos então, a classificação dessas personagens, como elas podem ser encontradas dentro de uma história. As personagens podem ser classificadas em principais ou secundárias.
A personagem,
é classificada como principal quando suas ações são fundamentais para a constituição e o desenvolvimento do conflito gramático. Geralmente, desempenha a função de herói na narrativa, reivindicando para si a atenção e o interesse do leitor. Não é incomum que um mesmo texto apresente mais de uma personagem principal. (BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p.38).
Já a personagem secundária
é classificada como secundária quando suas ações não são fundamentais para a constituição e o desenvolvimento do conflito dramático. Geralmente, desempenha uma função subalterna, atraindo menos a atenção e o interesse do leitor. Pode acontecer, no entanto, de a personagem secundária revelar-se, por um artifício do enredo ou por uma reviravolta nos acontecimentos da história, fundamental para o desenvolvimento do conflito dramático presente na narrativa. (BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p.38).
Quanto a caracterização desses personagens podemos encontrar personagens planas, que apresentam um número pequeno de atributos, “tal classificação que inclui dois subtipos: a personagem tipo e a personagem estereótipo” (BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p.38).
Sendo que a personagem estereótipo é
aquela cuja identificação se dá por meio da acumulação excessiva de signos que caracterizam determinada categoria social. [...] A personagem estereótipo é, pois, uma cristalização máxima dos lugares comuns e dos valores socialmente atribuídos às diversas categorias sociais. Pode-se dizer que, no texto literário, sua psicologia e suas ações são como que determinadas pela categoria social à qual pertence – fato normalmente construído por meio da descrição dos seus atributos físicos e de seu figurino. (BONNICI, Thomas, ZOLIN, Lúcia, 2003, p.38).
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