MICHEL FOUCAULT E O PANÓPTICO
Por: matheusbasilio • 20/7/2016 • Ensaio • 1.144 Palavras (5 Páginas) • 775 Visualizações
VIGIAR E PUNIR.
(ANÁLISE DO TEXTO DE MICHEL FOUCAULT)
Matheus Gomes Basílio[1]
Resumo: Esta produção é uma síntese do texto de Michel Foucault, em que estará inserida a perspectiva e interpretação sobre a sociedade e como ela é organizada. Será analisado o capítulo III “O Panoptismo”, e o sustentáculo dessa análise é o “panóptico” de Jeremy Bentham. Para conseguirmos desenvolver este tema de um modo sucinto, veremos que os indivíduos desempenham papeis, que são de extrema importância para a existência dessa composição. Agregado a isso, faremos uma analogia entre o filme “O Show de Truman, o Show da Vida” do diretor Peter Weir, e o panóptico de Bentham.
Palavras-chave: Panóptico, vigilância, poder.
Artigo
Este artigo é um exercício de compreensão do poder e da coerção tratados no capítulo III “O Panoptismo” de Michel Foucault.
O texto se inicia com uma análise das medidas necessárias que eram adotadas no fim do século XVII para o controle da peste em uma cidade. Quando este fato ocorria, as medidas implantadas eram extremas e cumpridas à risca. Cada indivíduo era proibido de sair de sua residência, e estava sob pena de morte se descumprisse com essa norma. A cidade era dividida em quarteirões, onde se estabelecia o poder de um intendente. As ruas estavam sob a autoridade de um síndico, que a vigiava e punia a quem de desobedecesse. Uma rotina era imposta naquele local, e todos deveriam segui-las conforme as ordens estipuladas. As entradas e saídas eram monitoradas, para a alimentação, era necessário que as famílias tivessem um estoque, e caso fosse preciso, a saída para adquirir mais mantimentos era feita em turnos. Cada ser é alocado em seu lugar, ou seja, um tipo de prisão era instaurado a fim de evitar a praga “cada um trancado em sua gaiola, cada um à sua janela” (p. 163).
A vigilância era constante, sendo pautada em um sistema de registro permanente, com diversos relatórios. Um modelo compacto de disciplina é administrado. Os indivíduos estão em um local fixo, são controlados, e o poder de uma figura maior é exercido. A disciplina faz-se necessário para controlar a peste, por conseguinte a desordem e posteriormente a morte. Uma organização sistemática é formada, com isso diversos papeis de controle e poder são distribuídos, nessa cidade pestilenta, a hierarquia impera, assemelhando-se a um pseudogoverno perfeito.
Essa composição tem como figura arquitetural o panóptico de Jeremy Bentham. O princípio desse modelo é uma construção em anel, localizando-se no centro uma torre, possuidora de largas janelas. A construção periférica é dividida em celas, que atravessam a espessura da construção. Colocam-se indivíduos de diferentes caracteres em celas distintas, e um vigia na torre central. Com isso, um estado de visibilidade é construído, e uma relação de poder é exercida, e os detentos se encontram em uma função automática de poder, porque as janelas internas permitem a entrada da luz, e cria-se um sentimento de estar sendo observado. O panóptico mostra-se como um mecanismo de grande eficácia, visto que se pode intervir a qualquer momento e continuar funcionando normalmente. Essa relação de disciplina é o cerne e a principal característica do panóptico, que pode romper com as comunicações e ao mesmo tempo aprimorar esse exercício da disciplina. Sob vigilância, os indivíduos sabem que podem estar sendo observados, contudo, não conseguem provar tal fato.
Após o entendimento do funcionamento da estrutura do panóptico, desde a sua espinha dorsal, até a sua coerção sobre os indivíduos, faremos uma analogia desse mecanismo com o filme “O Show de Truman, o Show da Vida” do diretor Peter Weir. Truman (Jim Carrey), foi adotado, ainda recém-nascido, por um estúdio de televisão, que a partir desse momento acompanhará a sua vida e a transmitirá para todo o mundo, ou seja, a vida de Truman será um grande reality show. O programa faz bastante sucesso, e a sua vida é moldada pelo diretor e pelos organizadores do show. Compreendemos que a sua existência está estabelecida na vontade de outras pessoas, e amplamente controlada pela mídia. Milhares de pessoas acompanharam todos os seus passos, o seu cotidiano era monótono e repetitivo, por conseguinte, manipulado. Todos os seus gostos, as suas vontades e os seus desejos foram forjados pelo diretor do programa. Uma exemplificação disso era de que Truman quando pequeno sonhava em ser explorador, entretanto, o Todo Poderoso forja a morte de seu pai e cria um obstáculo em sua vida, o coagindo e impedindo de fazer o que desejava. “O Panóptico é um zoológico real; o animal é substituído pelo homem, a distribuição individual pelo grupamento específico e o rei pela maquinaria de um poder furtivo” (p. 168). Há a existência de um controle do poder sobre um indivíduo, que está em constante vigilância. Esse filme é a síntese exemplificada do Panoptismo de Bentham, em que o ser é vigiado, punido caso queira sair desse sistema, doutrinado a seguir parâmetros estipulados por outrem e impedido de sair da sair da redoma que se encontra, tanto física como psicológica.
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