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Centro interdisciplinar de estudos de género

Por:   •  3/10/2018  •  Artigo  •  7.402 Palavras (30 Páginas)  •  107 Visualizações

Página 1 de 30

Autor :

Helena Maurício Sant’ana

Professora Auxiliar no ISCSP – Universidade de Lisboa

Investigadora do CAPP e CIEG ( centro interdisciplinar de estudos de género)

Morada Institucional : ISCSP –Ulisboa - Rua Almerindo Lessa, Polo Universitário Alto da Ajuda , 1300-663 Lisboa

Telefone : 351 213600439

Móvel : 351 962987938

hsantana@iscsp.utl.pt


Agência feminina no hinduísmo: as guardiãs da tradição

Resumo: Este trabalho insere-se na pesquisa efetuada para uma tese de doutoramento sobre migrantes hindus em Portugal. Foi objetivo desse trabalho apreender e examinar as estratégias de poder feminino em contexto migratório, nomeadamente compreender de que forma a construção da etnicidade e manutenção da fronteira étnica pode favorecer a capacidade de agência e o exercício do poder entre o grupo feminino hindu.

Partindo de um estudo qualitativo, onde se entrevistou uma amostra de 27 mulheres hindus, com idades compreendidas entre os 18 e os 70 anos, residentes no distrito de Lisboa, foram retiradas algumas conclusões que nos dão conta da importância que a agência feminina se reveste para o hinduísmo em contexto migratório.

Palavras-chave: Mulheres hindus; Etnicidade; Poder; Agência;

ABSTRACT/RÉSUMÉ/RESUMEN

                

Power and  gender agency and in Hinduism : The legitimacy of the Tradition

This article is part of a doctoral thesis research about Hindu migrants in Portugal. The main point of this work was to observe and understand the gender empowerment strategies in the context of migration, in particular to identify how the construction of ethnicity and ethnic border maintenance can encourage the capacity of the agency and the exercise of power among the hindu women's group.

From a qualitative study, which interviewed a sample of 27 Hindu women, aged between 18 and 70 years, residents in the District of Lisbon, it could take some closing remarks about the potential influence and meaning of the gender power for Hinduism in the context of migration.

Keywords: Hindu Women; Ethnicity; Power; Agency

Pouvoir et l'agence de la femme dans l'hindouisme :  la légitimation de la tradition

Ce travail s'inscrit dans le cadre de la recherche menée pour une thèse de doctorat sur ​​les migrants hindous au Portugal.

L’objectif de cette étude a été de saisir et d'examiner les stratégies de pouvoir féminin dans le contexte de migration, en particulier pour comprendre comment la construction de l'ethnicité et l'entretien de la frontière ethnique peuvent encourager la capacité d’agence et l'exercice du pouvoir entre le groupe féminin hindou.

Ayant pour base une étude qualitative, qui a interrogé un échantillon de 27 femmes hindoues, âgés entre 18 et 70 ans, résidant dans le département de Lisbonne, nous a permit d’établir quelques conclusions que nous démontrent l’importance du pouvoir féminin à l’intérieur de  l'hindouisme en contexte migratoire.

Mots-clé: Femmes hindoues; Étnicité; Pouvoir

Poder y agencia femenina en hinduísmo:  Legitimación de la tradición

Este trabajo se integra en una investigación desarrollada con motivo de una tesis doctoral sobre las mujeres hindúes en Portugal. El objetivo de la misma fue el de aprehender y examinar las estrategias de poder femenino en contextos migratorios, y más específicamente, comprender de qué modo la construcción de la etnicidad y el mantenimiento de la frontera étnica puede favorecer la capacidad de agencia y el ejercicio del poder entre el grupo femenino hindú. Partiendo de un estudio cualitativo en el que se entrevistó a una muestra de 27 mujeres hindúes de edades comprendidas entre los 18 y los 70 años residentes en el distrito de Lisboa, fue extraído un conjunto de conclusiones que da cuenta de la importancia que el poder femenino posee para el hinduísmo en un contexto migratorio.

Palabras-clave: Mujeres hindúes; Etnicidad; Poder; Agencia


Poder e agência feminina no hinduísmo: a legitimação da tradição

Power and  gender agency and in Hinduism : The legitimacy of the Tradition

  1. O fenómeno migratório Hindu

A migração indiana para Moçambique foi de longa duração histórica, chegando a alcançar três gerações, duas delas nascidas em território moçambicano. Aquando da vinda para Portugal, as patrilinhagens mais antigas  (nos casos em que os primeiros migrantes remotam aos finais do século XIX) alcançavam as cinco gerações.

O processo migratório desta população, embora bastante extenso temporalmente, foi composto, até aos anos 1930, quase exclusivamente por homens, antes de se transformar em migração definitiva.  Durante o processo de fixação, ocorreu um permanente fluxo de esposas e irmãs, entre a India e Moçambique, iniciando-se a fixação de mulheres hindus na colonia portuguesa.

 A partir da década de 1980 (particularmente entre 1980 a 1985)  a deterioração das condições sociais, políticas e económicas do país: a dificuldade/ impossibilidade de deslocação das populações pelo território, a inexistência de transporte de matérias primas e bens de primeira necessidade, o aumento de estados de carência alimentar, a destruição geral das infraestruturas económicas do país, o fecho de escolas com partida de pessoal docente; o encerramento de unidades hospitalares; a escassez de recursos médicos em todo o país, associado ao aumento de violência perpetrada por ataques nas zonas de subúrbio das cidades aos habitantes europeus e asiáticos, vão determinar a segunda migração de grande número de hindus para Portugal (Rita-Ferreira, 1988).

Muitas familias, assistindo à destruição das suas unidades comerciais e bens pessoais pelas ações da guerrilha, instigados por um sentimento de insegurança permanente, decidem partir para territorios com os quais mantinham afinidades linguisticas e sociais, como sucedeu com Portugal.

Depois de 1989, os novos migrantes hindus provêm principalmente da India, devido às crescentes dificuldades de emigração para Inglaterra e Portugal tornou-se o “polo de atração europeu para uma população que se identifica como grupo étnico-linguistico de língua gujarate” (Malheiros, 1996: 144).

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