A América Latina

        O processo de formação da América Latina foi marcado pela instabilidade política, que foi tão importante quanto à fragilidade da cultura nacionalista. O cenário de conflito generalizado da primeira metade do século do século XIX, e da segunda em alguns países, indica as diversas limitações práticas para a construção dos Estados nacionais no período. Nesse contexto, caracterizado por tantas diferenças, surgem as incompatibilidades regionais entre as lideranças do processo de emancipação, junto dos mais variados interesse. Todas as barreiras estimularam debates, nem sempre muito claros, sobre as formas de organização política formal que contivessem a tendência conflituosa iniciada na independência.

        A colonização da América Latina foi determinante para os aspectos cultural, étnico racial, religioso, político, ambiental e econômico, o que causou um impacto direto na identidade do continente e na miscigenação dos povos, devido à influência causada por esses colonizadores.

        A identidade latino-americana como campo de investigação é um vasto território que permite a elaboração de inúmeras reflexões contraditórias. Diferente de outras regiões do mundo em que grupos humanos constituíram identidades nacionais como uma língua, valores e práticas comuns, resultando na constituição de estados nacionais, na América Latina aconteceu o inverso: o processo de independência colonial e fragmentação dos países levou primeiro ao surgimento dos Estados e posteriormente à pergunta pela identidade.

        Mesmo que seja uma tarefa difícil de estabelecer a identidade em um mundo pós-moderno dotado de incertezas e indefinições, o latino-americano segue seu caminho, dialogando com as influências externas e com suas memórias fixadas, trabalhando por uma menor indefinição do que seja sua própria essência cultural, lembrando que as diferentes culturas que compõem a América Latina só serão respeitadas e garantidas quando ligadas à categoria de direitos humanos, sob uma perspectiva intercultural em que haja, efetivamente o reconhecimento do direito à diferença e o espaço para a luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade social.

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