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CLASSE E DEPENDENCIA NA AMERICA LATINA

Por:   •  26/9/2019  •  Ensaio  •  1.158 Palavras (5 Páginas)  •  148 Visualizações

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CLASSE E DEPENDENCIA NA AMERICA LATINA

Paula Beatriz de Andrade Soares – 15/0143681

Universidade de Brasília

Eram três as caravelas/ Que chegaram d'alem mar/ E a terra chamou-se América/ Por ventura? Por azar? / Não sabia o que fazia, não/ D. Cristóvão, capitão/ Trazia, em vão, Cristo no nome/ E, em nome dele, o canhão/ Pois vindo a mando do senhor/ E d'outros reis que, juntos/ Reinam mais/ Bombas, velas não são asas/ Brancas da pomba da paz/ Eram só três caravelas/ E valeram mais que um mar/ Quanto aos índios que mataram/ Ah! Ninguém pôde contar/ Quando esses homens fizeram/ O mundo novo e bem maior/ Por onde andavam nossos deuses/ Com seus andes, seu condor? / Que tal a civilização/ Cristã e ocidental/ Deploro esta herança na língua/ Que me deram eles, afinal/ Diz, América que es nossa/ Só porque hoje assim se crê/ Há motivos para festa?/ Quinhentos anos de que? [1]

Os versos da música acima é uma clara referência à identidade colonial presente no continente americano. Identidade esta responsável pela estrutura societária apresentada especificamente na América Latina, que mesmo com o fim do colonialismo, não se libertou das formas de dominação estabelecidas por esse padrão de poder.

Este trabalho tem por objetivo apresentar os pensamentos e teorias de dois grandes intelectuais do nosso país, primeiramente, Florestan Fernandes, com um de seus mais importantes trabalhos, Capitalismo Dependente e Classes Sociais na América Latina. E em seguida serão apresentadas as conjecturas de Theotônio Dos Santos sobre a Teoria Da Dependência.

Os textos trabalham a temática da América Latina de modo fidedigno, uma vez que ambos os autores dedicaram suas vidas a pensar nosso continente e maneiras de possibilitar a transformação da nossa realidade. O texto de Florestan contextualiza a partir do início do século XX, quando foi escrito, já o texto de Theotônio dos Santos traz um enfoque mais recente terminando a discursão no início do século XXI. As ideias dos autores apresentam pontos em comum e estão em constante dialogo, podendo ser consideradas leituras complementares uma a outra.

Em Capitalismo Dependente e Classes Sociais Na América Latina, o autor trabalha, inicialmente, com o conceito de classe social e da maneira como essa concepção está diretamente atrelada ao capitalismo, além de utilizar tais conceitos aplicados empírica e interpretativamente à realidade da parte latina do continente:

Na América Latina, o capitalismo e a sociedade de classes não são produtos de uma evolução interna, o que, em si mesmo, não constitui a maior fonte de problemas. Acresce que, até o presente, o capitalismo evoluiu na América Latina sem contar com condições de crescimento autossustentado e de desenvolvimento autônomo. Em consequência, classes e relações de classe carecem de dimensões estruturais e de dinamismos societários que são essenciais para a integração, a estabilidade e a transformação equilibradas da ordem social inerente à sociedade de classes. (FERNANDES, 1975, p. 35)

        Florestan Fernandes evidencia, acima, o caráter essencialmente dependente do capitalismo empreendido na América Latina, como ele não foi capaz de promover um desenvolvimento para região e como ele continua sustentando e reproduzindo uma estrutura societária originada na colonização que apenas beneficia os interesses de uma ínfima parcela privilegiada da população e gerando uma massa de excluídos.

        Theotônio dos Santos, em sua teoria, continua muitas das ideias de Fernandes; é um dos autores fundadores da Teoria da Dependência, que surgiu nos anos 1960, com a finalidade de explicar as características do desenvolvimento econômico na nossa região. No artigo, A teoria da dependência: um balanço histórico e teórico, o autor traça de um modo geral os desdobramentos da teoria ao longo da segunda metade do século XX.

        O principal ponto defendido pela teoria é que o subdesenvolvimento não significa, necessariamente, a ausência de desenvolvimento, mas que na realidade o subdesenvolvimento e o desenvolvimento são resultados históricos do desenvolvimento do capitalismo. Abertamente, o capitalismo é um sistema que produz, ao mesmo tempo, essas duas facetas econômicas, sendo uma diretamente responsável pela outra e vice-versa.

        No artigo o autor também aponta que a América foi responsável por atender as demandas da Europa e é nesse momento que ela se insere no mundo do mercado mundial capitalista fornecendo a materialidade necessária que consequentemente levaria a constituição e posterior consolidação do capitalismo. Evidencia também a submissão estratégica de alguns governos e o caráter entreguista da América Latina e como a dependência da nossa região tende a exclusão social advinda do aumento da concentração econômica e da desigualdade social.

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