Departamento de Ciências Sociais
Por: Andréia Viana • 29/11/2018 • Resenha • 2.973 Palavras (12 Páginas) • 176 Visualizações
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Centro de Educação e Ciências Humanas - CECH
DCSo - Departamento de Ciências Sociais
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CIÊNCIA E SOCIEDADE
“Campo científico em Pierre Bourdieu: Resenha acerca do pensamento do filosofo francês.”
Nome: RA:
Andréia Viana 588903
Professor: Thales Haddad
DEZEMBRO – 2017
SÃO CARLOS – SP
Universidade Federal de São Carlos - UFSCar
Centro de Educação e Ciências Humanas - CECH
DCSo - Departamento de Ciências Sociais
Pierre Bourdieu (1930 - 2002) nasceu em primeiro de agosto de 1930, em uma comuna francesa chamada Denguin, que se encontra ao sul da França. Filho de carteiro teve seu estudo básico em Pau (capital de Pirenéus Atlânticos), e em 1951 mudou-se para Paris onde ingressou na Faculdade de Letras da Escola Normal Superior, e lá cursou filosofia, vindo a se formar em 1954.
Trabalhou como professor secundário em Moulins até ser convocado pelo exército em 1955. Alguns de seus biógrafos dizem que ele não quis entrar no setor do exército onde ficam os acadêmicos (Reserve Officer's College), como muitos dos seus companheiros da Escola Normal Superior, e preferiu ficar com as pessoas que faziam mais parte do seu contexto social. Bourdieu então foi mandado para a Argélia em outubro de 1955 e em 1958, durante seu tempo de serviço, passou a ser professor assistente na faculdade de letras de Argel até 1960.
Durante seu tempo na Argélia, o país ainda se encontrava em uma guerra da independência, Bourdieu fez uma pesquisa etnográfica dos Cabilas (povo berbere do nordeste da Argélia), no que resultou em seu primeiro livro, Sociologie de l'Algérie (Sociologia da Argélia, 1958) e tal obra começou a construir sua reputação na antropologia. Em 1972, ele publica Esboço de Uma Teoria da Prática, Precedido de Três Estudos de Etnologia Cabila, 2002.
Em 1960, Bourdieu retorna à Faculdade de Letras de Paris e se torna assistente de Raymond Aron, e no mesmo ano passa a ser membro do Centro de Sociologia Européia, onde se torna secretário-geral dois anos após sua entrada. Nesta época, Bourdieu inicia seus estudos acerca do celibato da região de Béarn (província francesa localizada do Sudoeste da França). Em 1964 se tornou professor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (École Pratique des Hautes Études). Em 1968 assumiu o Centro de Sociologia Européia, que dirigiu até sua morte.
Com o grupo de pesquisa que formou no Centro de sociologia Européia, lançou uma revista interdisciplinar Actes de la recherche en sciences sociales em 1975. Durante as décadas de 60 e 70, Bourdieu se dedicou às pesquisas como etnólogo de grande impacto na Sociologia. Dessas investigações sobre a vida cultural, sobre as práticas de lazer e de consumo dos povos europeus, principalmente dos franceses, resultou na publicação de “Anatomia do Gosto” (1976), e sua obra prima “A Distinção – Crítica Social do Julgamento” (1979).
Em 1981 assumiu a cadeira de sociologia no Collège de France, e em sua aula inaugural destacou-se por propor uma crítica sobre a formação do sociólogo, propondo o que ficou identificado como “Sociologia da Sociologia”. Bourdieu então tornou-se referência na Antropologia e na Sociologia, através dos diversos trabalhos publicados sobre educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística, comunicação e política. Com sua vasta produção intelectual, recebeu o título “Doutor Honoris Causa” da Universidade Livre de Berlim (1989), da Universidade Johann Wolfgang-Goethe de Frankfurt (1996) e da Universidade de Atenas (1996).
Ao longo de sua trajetória enfrentou certas dificuldades no que tange a trajetória escolar, de modo que o sistema escolar francês se tornou alvo de seus estudos ainda na primeira fase de sua carreira entre os anos de 1950 e 1970. Bourdieu aponta a escola como um lugar de reprodução de desigualdades sociais, econômicas e culturais, dadas as relações objetivadas, a estrutura social e as trajetórias individuais.
Bourdieu criou uma teoria própria mediada por conceitos e por uma abordagem epistemológica chamada de “conhecimento praxiológico” que articula a dialética a noção de habitus e o conceito de campo – conhecimento e campo social. O mundo do conhecimento constrói não apenas o sistema de relações objetivas, mas também as relações dialéticas entre as estruturas, estruturantes, estruturadas, que se atualizam e reproduzem, pois os agentes reproduzem as disposições de base. Tendo isso em vista Bourdieu buscou analisar como os agentes internalizam a estrutura social; assim o autor chega à noção de campo.
O campo para o autor remete ao sistema de relações e de disputa por posições de força e capitais específicos, algo que desencadeia e coordena a investigação empírica – formula a questão de saber o que está em jogo, quais os critérios, artigos, patentes que se joga. Os objetos de analise para Bourdieu como: “produções culturais, filosofia, história, arte, literatura, etc.” trazem pretensões científicas irredutíveis, em que o campo literário, cultural, filosófico, histórico, etc. remete o universo o qual estão inseridos os agentes e as instituições que “produzem, reproduzem, ou difundem a arte, a literatura ou a ciência” de modo mais ou menos especifico.
Bourdieu vê a noção de campo como algo que designa o espaço relativo autônomo dotado de leis próprias, como um jogo em que os critérios se estabelecem antes da partida. O campo científico para o autor é um universo social e como tal, impõe, solicita de modo relativamente independente do universo social global e suas pressões externas que o envolve, pois o campo possui a capacidade autônoma de desviar ou quebrar a direção.
A proposta de Bourdieu ao trazer as noções de campo de poder se faz sobre uma tentativa de romper com o modo de pensar o mundo social de forma substancialista (isto é, pensar o mundo social de forma realista). Para Bourdieu, é preciso que se pense o mundo social de forma relacional (se concede muita importância às relações), e é nesse sentido que toda sua análise é elaborada. Dessa forma, a cultura, as classes, os indivíduos e o próprio sistema educacional, por exemplo, não são explicados em si mesmo e por si mesmo (como a perspectiva substancialista coloca), para Bourdieu, essas coisas que compõem as relações sociais devem ser teoricamente construídas para que assim se tornem objeto de análise.
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