O DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE CAMPOS

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PÓLO UNIVERSITÁRIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E CIÊNCIAS DA SOCIEDADE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE CAMPOS

Novembro - 2018

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Texto: SIMMEL, G. O âmbito da Sociologia. In. __________. Questões Fundamentais de Sociologia: indivíduo e sociedade. Rio de janeiro: Zahar, 2006.

Nome: Thaísa Tavares Caetano

Ciências Sociais 2018.2

 No capítulo O âmbito da sociologia, Simmel aponta sua noção da sociologia, especificando seu objeto e respondendo às críticas que contrariam seu caráter científico. Para Simmel, o objeto desta ciência não é a vida dos indivíduos, mas sim a verdade fundamentada nas mesmas, observada por meio de síntese intelectual. Mesmo sendo uma construção, a sociedade possui diversos agrupamentos e configurações dignas de serem pesquisadas e que não se confundem com a vida de cada indivíduo envolvido, ressaltando Simmel que o próprio conceito de indivíduo é igualmente uma construção abstrata, de modo que qualquer análise neste nível também se vale, necessariamente, de uma abstração de qualidades, forças e histórias, sintetizadas naquele conceito.

“Sempre ouvimos dizer que toda existência deve ser atribuída exclusivamente aos indivíduos, às suas realizações e vivências. Assim, a “sociedade” seria uma abstração indispensável para fins práticos, altamente útil também para uma síntese provisória dos fenômenos, mas não um objeto real que exista para além dos seres individuais e dos processos que eles vivem. ” (SIMMEL,2006, p.8)

A concepção sociológica se caracteriza considerado ser errado cogitarmos que só conseguimos compreender a realidade por meio dos indivíduos. Todos os conhecimentos produzidos, seja a partir do indivíduo, seja a partir da sociedade, podem ser representados como uma “formalização intelectual do real imediatamente dado” (SIMMEL,2006, p.15). A decisão do nível no qual a realidade deve ser analisada, se a partir do indivíduo ou do coletivo, é delimitada através do propósito do conhecimento, sendo os dois pontos de vista, modos de observação igualmente longes da realidade.

 A sociedade, para Simmel, deve ser compreendida, mais abrangentemente, como “a interação psíquica entre os indivíduos” (SIMMEL,2006, p.15). A definição social não engloba apenas as interações duradouras já sólidas, como Estado, família e igreja, organizações supra individuais. A sociedade significa que, por uma parte, os indivíduos estão constantemente unidos uns aos outros, influenciando e recebendo influências; e, por outra, algo funcional, que os indivíduos fazem e são vítimas ao mesmo tempo: a sociação. A sociedade constitui, portanto, não uma substância, algo concreto em si mesmo, mas um acontecer, “que tem uma função pela qual cada um recebe de outrem ou comunica a outrem um destino e uma força” (SIMMEL,2006, p.18).

Simmel segue defendendo o caráter científico da sociologia ao declarar que, tal qual todas as outras ciências humanas, ela determina seu objeto por maneiras de abstração, dissipando as existências individuais em uma concepção própria. Como os seres-humanos existem em contínua relação uns com os outros, tal circunstância traz um novo modo de análise para as ciências do espírito: o ponto de vista da produção social, através do qual entende-se que todas as formações – linguagem, religião, família, etc –se produzem na relação entre os indivíduos. Assim:

“a sociologia não é somente uma ciência com objeto próprio, delimitado e reservado para si, o que a oporia a todas as outras ciências, mas ela também se tornou sobretudo um método das ciências históricas e do espírito” (SIMMEL,2006, p.22),

De modo que as outras ciências se desfrutam do método sociológico sem, obrigatoriamente, abandonarem seu foco, conservando suas autonomias.

Fundamentando-se nesses argumentos, Simmel aponta três grandes grupos de problemas sociológicos. O primeiro, o estudo sociológico da vida histórica –sociologia geral–, é o esforço de esclarecimento dos vários fenômenos da vida humana através do caráter do método sociológico, tendo em consideração que a vida social é apenas uma entre diversas categorias de compreensão possíveis, limitada como qualquer outra.