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O VALOR DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS EM AMBIENTES URBANOS

Por:   •  7/7/2020  •  Ensaio  •  4.942 Palavras (20 Páginas)  •  198 Visualizações

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O VALOR DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS EM AMBIENTES URBANOS / paralelo com a temática das cidades resilientes!!!!

Regidas pelos princípios da Agenda 21, as cidades sustentáveis devem desenvolver conhecimentos sobre como os processos urbanos de ordenamento territorial podem integrar melhor os serviços ecossistêmicos, de modo a fomentar a resiliência socioecológica urbana. O objetivo é explorar sistemas de gestão de recursos, combinados com novas abordagens para o planejamento espacial urbano, que contribuam para um modelo de desenvolvimento que melhor representam a relação complexa e recíproca entre os sistemas urbanos e ecológicos.

        A dicotomia entre os ambientes urbano e rural se dissolve no bojo da discussão dos serviços ecossistêmicos. A inter-relação entre esses ambientes devem ser estabelecidas para melhorar as funções ecológicas exercidas por esses serviços, fazendo referência principalmente aos serviços de regulação.

        Reduzir impactos relacionados às mudanças climáticas, à regulação de microclima, à redução de desastres naturais, à poluição atmosférica e sonora, à mitigação do efeito “ilhas de calor”, à filtragem do ar, à drenagem de águas pluviais são fatores que estão diretamente ligados à provisão de serviços ecossistêmicos. Nessa ordem, temas como segurança alimentar, saneamento básico, mitigação dos desastres naturais, controle de doenças transmitidas por vetores, doenças infecciosas, poluição da água e do ar, mobilidade, diferentes usos de energia, saúde humana, esporte, cultura e lazer são recorrentes nos processos de negociação dos espaços de tomada de decisão.

        Compõem os ecossistemas urbanos as áreas verdes, estas possíveis de serem criadas ou restauradas. São espaços verdes que estão se tornando um componente cada vez mais importante do ambiente urbano devido aos serviços prestados. Essas áreas são identificadas como: árvores de rua, gramados, parques, florestas urbanas, terras cultivadas, zonas úmidas, lagos e mar, e córregos. (Bolund & Hunhammar, 1999). A crescente urbanização, com as ocupações irregulares, tem tornado estas áreas frágeis, provocando significativa perda de ecossistemas urbanos, diminuindo a capacidade de regulação e aumentando a vulnerabilidade das áreas à incidência de perturbações variadas.

        São muitas as áreas de risco em ambientes urbanos que sofrem com a falta de impermeabilização e com o esgotamento de áreas verdes, infringindo a obrigatoriedade da conservação de APPs ao longo e ao redor de corpos d´água e encostas com declividade acima de 25°, ampliando significativamente a ocorrência de enchentes, inundações e deslizamentos (citar box do erosão). Este cenário é intensificado nos ambientes urbanos pelo aumento significativo do escoamento das águas das chuvas, necessitando um planejamento para a drenagem das águas pluviais, o que intensifica a possibilidade de maior risco de cheias, pois ocorre um crescimento significativo do fluxo d´água dos rios e aumento de dejetos, poluentes urbanos, nos recursos hídricos.

        O desmatamento de matas ciliares/ripárias e várzeas, principal fator das erosões, além de ocasionarem enchentes e deslizamentos, como tem ocorrido frequentemente nas cidades brasileiras, esgotam a capacidade de suporte de filtragem de nutrientes, serviço realizado por plantas e animais em áreas úmidas. Com efeito, assimilam grandes quantidades dos nutrientes e diminui o fluxo de poluentes para os recursos hídricos, efeito de amortização, criando uma barreira para que os poluentes (excesso de nitrogênio, fósforo e metais pesados) não atinjam os leitos dos rios e as áreas costeiras. Os dejetos industriais, agrícolas e domésticos têm elevado significativamente a poluição dos recursos hídricos.

Um exemplo do descaso com os serviços prestados pelas áreas úmidas, controle de cheias e funções de melhoria para a qualidade da água, é demonstrado por um estudo numa área urbana de manguezal no estuário Potengi, na costa leste do Estado do Rio Grande do Norte. Parte desta área, 30%, já está comprometida devido à emissão de 60% do esgoto da região, cerca de 15,000m³ por dia. Por meio do levantamento realizado da presença de metais pesados, nitrogênio e fósforo em diferentes pontos, e a capacidade de carga ecossistêmica para a absorção destes poluentes industriais, agrícolas, domésticos, e a emissão de poluentes derivados da produção de camarão em fazendas localizadas em áreas de manguezais, foi constatado um nível elevado de componentes que estavam levando a área a um processo de degradação (Souza & Silva, 2010).

        O comprometimento é em decorrência da superação da capacidade de suporte, pois as florestas nativas das áreas úmidas e das matas ciliares funcionam como estações naturais de tratamento dos afluentes causadores da poluição hídrica (citar box dos recursos hídricos). O resultado de uma análise custo benefício do cenário apresentado no estuário do Potengi obteve a seguinte conclusão: i) o gasto estimado para a implementação de uma central de tratamento de esgoto equivalente aos poluentes incidentes em uma área de 1 ha foi de US$15,500; ii) o potencial de uso turístico por ano e a renda estimada anual obtida através da aquicultura foi de US$12,500 por há (Souza & Silva, 2010).

        Nos grandes centros urbanos brasileiros outra problemática socioambiental é a poluição do ar, diretamente relacionada com a mobilidade urbana, a emissão de gases dos veículos automotores. Segundo dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo a emissão anual, de origem veicular, é de 1,56 milhão de toneladas de monóxido de carbono (CO), 367 mil toneladas de óxidos de nitrogênio e 62,3 mil toneladas de material particulado, o que corrresponde a 90% da poluição atmosférica emitida em São Paulo[1]. (verificar os gastos públicos/quantidade de doenças e mortes).  A redução destes poluentes é proporcionada pelo processo de respiração das folhas das árvores, as quais oferecem o serviço de filtragem de poluentes, tornando-se mais eficiente com uma maior quantidade de árvores e arbustos que formam barreiras de dispersão de poluentes.

        Um estudo realizado em um parque urbano na cidade de São Paulo demonstra que as regiões periféricas do parque apresentam maior concentração de poluentes (elementos químicos analisados) que as regiões centrais do parque. (Rodrigues et al, 2006 e Pires et al, 2010). Devido às suas folhagem e às suas propriedades físicas as árvores podem atuar como filtros biológicos, estas podem remover grande número de partículas (dióxido de enxofre (SO2), monóxidos ou dióxido de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e o ozônio (O3)) suspensas no ar e, consequentemente, melhorar a qualidade do ar em ambientes poluídos (Depietri et al, 2012).

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