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Prefácio do livro Raça e ciência I

Por:   •  22/8/2019  •  Resenha  •  2.130 Palavras (9 Páginas)  •  133 Visualizações

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Prefácio do livro Raça e ciência I.

Segundo o autor o racismo "é a expressão de um sistema de pensamento fundamentalmente anti-racional e constitui um desafio à tradição de humanismo que nossa civilização reclama para si”. (p11)

COMAS, Juan, generalidades sobre os preconceitos e os mitos raciais, em Os mitos Raciais, In: ___Raça e ciência I. São Paulo: Perspectiva, 1970. 11-17.

Obs.: (1) o termo "raça” é utilizado no texto como ilustrativo da critica feita pelo autor, não possuindo assim a conotação ao qual pretende se criticar no conceito de raça, mas demonstrar como o termo raça variou durante os séculos de uma maneira pouco conceituada.

O autor dentro de uma perspectiva critica do termo "raça", utilizado como argumento de superioridade de um povo resultante de qualidades inatas, escreve:

"As diferenças psíquicas individuais são a fonte do erro em que caem certos partidos políticos grupos nacionalistas e sistemas sociais, quando impulsionam e exaltam o preconceito de 'superioridade racial' de seu grupo, por isso a história da humanidade está cheia de 'povos eleitos' que se vangloriam de suas pretensas virtudes e de esplêndidas qualidades inatas.". (p.12)

 Segundo o texto: a mais antiga referência à discriminação contra negros foi encontrada num marco mandado erigir por ordem do Faraó Sesóstris III [1887-1849.a.C] e que fora dada muito mais por motivos políticos do que por preconceitos raciais. (p13)

"Os gregos há 2000 anos atrás consideravam todos os homens que não fossem de sua própria ‘raça’ como bárbaros e Heródoto conta-nos que os persas, por seu turno, consideravam ser muito superiores ao resto da humanidade". (p13)

Obs.: o termo "raça" para os gregos e persas nessa passagem tem mais a função de discrição xenófoba do que de racismo.

Segundo o autor a ideia de "superioridade racial" de vários povos dominantes sobre seus dominados dentro da própria Europa e Oriente médio, "não são a rigor, exemplos de 'racismo', nem o impiedoso antagonismo entre cristãos e mulçumanos possui uma razão racial. A aversão ou ódio surgido das diferenças de grau de cultura ou de crença religiosa são mais humanos do que o preconceito baseado nas implacáveis leis da hereditariedade”.  (p.14)

Baseado na afirmação acima o autor escreve: "pode-se afirmar que falando de uma maneira geral, não havia verdadeiro preconceito racial antes do século XV”. (p.14).  Isso porque a divisão da humanidade estava baseada, sobretudo na animosidade entre cristãos e infiéis (não cristãos).

Segundo o autor o aumento considerável dos preconceitos de raça (1) e cor depois de século XV; pode ser explicado face aos interesses econômicos e do fortalecimento do espírito do colonialismo imperialista e a outros fatores. (p.14)

O autor cita o padre Bartolomeu de las Casas que defendeu e lutou pela ideia de ”que todos os povos do mundo são constituídos de homens iguais, não havendo ‘homúnculos’ ou ‘meio-homens’ obrigados a obedecer às ordens de outros”. (p.15)

O autor cita no texto, vários pensadores do século XVIII que estavam entre os mais árduos defensores da unidade da essência humana, e a igualdade de todos os homens; como Voltaire, JJ. Rousseau e Buffon. (p15)

O autor corroborando para minha hipótese teórica de que o conceito de racismo como se conhece hoje fora construído a partir do século XVIII, escreve: “A despeito da influência de certos pensadores, o preconceito racial desenvolveu-se dentro de um sistema doutrinário regular nos séculos XVIII e XIX”. (15)

O autor na pagina 15, demonstra que houve um período curto em que pareceu que a revolução americana e francesa e o sucesso das campanhas antiescravista na Inglaterra pudessem diminuir ou mesmo desaparecer com o preconceito racial ligado a cor. Mas devido à revolução industrial e com isso a necessidade de mais matéria prima, teve consequências diretas e danosas para questão racial. Pois, a escravidão que estava decaindo nos EUA e poderiam ter desaparecido naturalmente no país, nas regiões sulistas que necessitavam de maior quantidade de mão de obra braçal para atender a demanda de matérias primas das indústrias europeias; passaram defender a chamada “instituição particular”, pensadores e sociólogos sulistas desenvolveram uma mitologia pseudocientífica destinada a justificar um estado de coisas nitidamente contrário ao que eles professavam, justificando que o negro não era apenas um inferior ao branco, mas algo apenas pouco diferente dos irracionais.  

Na pagina 16, o autor discute o uso da teoria de Darwin sobre a sobrevivência dos mais fortes na natureza, para justificar a dominação dos brancos sobre negros e ameríndios numa noção de “superioridade” do branco sobre uma “inferioridade” dos demais; assim a violência aplicada na colonização nada mais era do que o desenvolvimento de uma teoria da substituição de uma sociedade humana inferior para outra superior. O autor julga e com razão, injusto atribuir a Darwin a paternidade dessa odiosa e desumana teoria. O autor credita essa teoria à necessidade de negar aos povos considerados “inferiores” (negros e indígenas) qualquer participação nos privilégios que os Europeus brancos desfrutavam ao passo que as sociedades de cor se tornavam competidoras potenciais no mercado de trabalho. Nesse contexto para atender aos seus interesses segregadores, acolheram a tese biológica de Darwin e após distorções e adaptações em conformidade com seus próprios interesses transformaram-na no chamado “Darwinismo social” que justificava o seu direito aos privilégios sociais e econômicos.  O que não tem qualquer relação com os princípios puramente biológicos de Darwin.

Sobre essa discussão o autor escreve também: “Assim houve um abuso do progresso da biologia ao se formularem soluções simples, mas sem profundidade cientifica para tranquilizarem os escrúpulos de certas condutas humanas”. (p.17)

LITTLE, Kenneth L., Brasil e Havaí, em Raça e Sociedade, In: ___Raça e ciência I. São Paulo: Perspectiva, 1970. 77-81.

Brasil

No texto o autor faz uma breve descrição da colonização do Brasil e a tendência do português em se miscigenar, e que isso favoreceu a mistura de “raças” no país, porém houve a partir do século XIX uma maior miscigenação dos indivíduos brancos e negros com os mestiços colocando que houve no Brasil uma seleção social: “dessa seleção social resultou a tendência dos brancos a absorver os mestiços de pele clara, e os mulatos absorverem os negros.” O autor dessa forma coloca que por esse motivo apresentado a tendência e que o conjunto da população como um todo tende a clarear, porém, o fato de se descobrir que um “individuo possui um negro entre seus ancestrais, isso não acarreta qualquer mudança na sua posição social.” Para o autor essa intensa miscigenação impede uma demarcação baseada em critérios “étnicos” e “raciais”, pois essa separação em muitos casos separaria membros de uma mesma família.

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