A INDUMENTÁRIA DAS MOÇAS DO TEMPO COMO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL

A INDUMENTÁRIA DAS MOÇAS DO TEMPO COMO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL

Angélica Nogaroto¹; Tiago Franklin Rodrigues Lucena²

¹Acadêmica do Curso de Jornalismo, UNICESUMAR, Maringá-PR

²Orientador, Doutor, Professor de Pesquisa em Comunicação da UNICESUMAR

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi identificar como os principais telejornais da televisão aberta brasileira utilizam da indumentária dos apresentadores para transmitir credibilidade aos telespectadores. Foi analisado, durante cinco dias, as roupas das moças do tempo dos jornais noturnos: Laura Ferreira, do Jornal da Band, Salcy Lima, do Jornal da Record e Maria Júlia Coutinho (Maju), do Jornal Nacional, da Rede Globo. As moças do tempo foram escolhidas para análise de figurino, pois, geralmente, apresentam o quadro em pé . Entre as características analisadas foram tipo de roupa, calçado e acessórios. Chegou-se à conclusão que há ainda uma padronização de figurino seguido pelas moças do tempo, apesar da gradativa transição de estilo dos jornais para atender as mudanças do público. Isso se deve ao fato das pessoas ainda verem no modo de se vestir um forte apelo a credibilidade.

PALAVRAS-CHAVE: Credibilidade; Figurino; Previsão do tempo; Público; Telejornalismo.

1        INTRODUÇÃO

A moda não representa somente o momento histórico e as mudanças da sociedade, mas também a escolha indumentária tem o poder de comunicar sobre o indivíduo (BARNARD, 2003). No livro “A comunicação não-verbal”, a autora Flora Davis cita os estudos pioneiros em cinética de Ray Birdwhistell (s.d.).

Grande parte da verdadeira comunicação humana se passa num nível abaixo da consciência, nível em que a relevância das palavras é apenas indireta. Birdwhistell acha que somente uns 35% do significado social de qualquer conversa corresponde às palavras pronunciadas (1979, p. 38).

No telejornalismo, a preocupação com o figurino tem a função de passar credibilidade aos telespectadores (AQUINO, 2011) e comunicar a linguagem utilizada pelo programa, seja formal ou informal.

Quando a televisão chegou ao Brasil, foram importados profissionais da área do rádio que até então não se preocupavam com a roupa. Mas no telejornal foi diferente. Importado dos modelos norte-americanos, a primeira vestimenta oficial do telejornalismo foi o paletó para os homens e blazer para as mulheres.

Foi nesse momento que a vestimenta e o figurino no telejornalismo começou a se profissionalizar no país. Hoje, diversas emissoras de televisão de grande e médio porte possuem departamentos que cuidam especificamente da forma como o profissional de telejornalismo vai aparecer para os telespectadores. Os manuais de telejornalismo, de maneira geral, e livros sobre produção para televisão explicitam a importância da relação da imagem e da credibilidade com a profissão do telejornalista (AQUINO, 2011, p. 48).

A partir do contexto histórico e social, a pesquisa teve como objetivo analisar o padrão da indumentária utilizada nos telejornais atualmente, como também as mudanças para se adaptarem as novas tendências da sociedade, sem prejudicar a comunicação da notícia.

        

2        DESENVOLVIMENTO

2.1        MATERIAIS E MÉTODOS

A pesquisa descritiva foi feita a partir dos vídeos da previsão do tempo disponibilizados nos sites dos telejornais: Jornal da Band, Jornal da Record e Jornal Nacional, da Rede Globo. Foram analisados os vídeos do dia 05 de setembro de 2016 a 09 de setembro de 2016, de segunda a sexta-feira, pois durante esses dias não houve mudanças de apresentadoras no quadro.

Foram escolhidos tais telejornais por irem ao ar no horário nobre - das 18h às 23h (SECOM, 2014) -, levando em consideração que esses são os principais jornais de cada emissora canal.

Foram analisadas o figurino das jornalistas Laura Ferreira (Band), Salcy Lima (Record) e Maria Júlia Coutinho (Globo), como o tipo de roupa, calçado, maquiagem e acessórios, para delimitar qual o padrão de vestimenta adotado nos dos telejornais dos canais abertos, a partir das repetições encontradas  nas três emissoras de televisão.

        

2.2        RESULTADOS E DISCUSSÃO

        

A jornalista Olga Curado (2002), cita que a imagem do apresentador ou repórter deve seguir os códigos que facilitam a aceitação social para não desviar ou interferir na atenção do público à aparência, mas à informação. Apesar da televisão ser um meio de entretenimento, há ainda a expectativa de formalidade dos apresentadores dos jornais, principalmente do horário nobre.

As mudanças de comportamento, vestimenta e linguagens dos apresentadores não passam despercebidas pelo público que não só nota, mas também comenta (Vasconcelos, Souza e Lordêlo 2011). Por isso, a indumentária tem papel de comunicar de forma não-verbal as intenções do jornalista, que é a credibilidade da informação, sem que haja ruídos, como roupas enfadonhas ou que tirem a atenção do público à notícia (AQUINO, 2011).

2.2.1        Apresentadoras

 Laura Ferreira (imagem 1) é meteorologista e radialista. Hoje faz parte das equipes do Café com Jornal, da rádio BandNews FM, do Jornal da Band e do canal BandNews. A média do tempo da apresentação de Laura no Jornal da Band é de 1’15’’.

Salcy Lima (imagem 2) é jornalista, trabalhou na Record Belém e foi convidada para apresentar o Fala Brasil, em 2014. Em junho de 2016 Salcy foi escalada para apresentar a previsão do tempo do Jornal da Record durante as férias da titular do quadro, Patrícia Costa, e onde está desde então. A média de tempo da apresentação de Salcy no Jornal da Record é de 48”.

Maria Júlia Coutinho (imagem 3) é jornalista e trabalha na Rede Globo como repórter desde 2007. A partir de 2013 apresentou eventualmente a previsão do tempo no Jornal Hoje, Jornal Nacional, Bom Dia Brasil e Hora Um da Notícia. Em 2015 foi escalada como Moça do Tempo fixa do Jornal Nacional, onde ganhou destaque na mídia. A média de tempo da apresentação da Maju no Jornal Nacional é de 1’51”.

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Imagem 1: Laura Ferreira, moça do tempo do Jornal da Band

Reprodução: Band, 2016

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Imagem 2: Salcy Lima, moça do tempo do Jornal da Record