O Papel das Mulheres nos Filmes das Princesas Disney
Por: Diana Sampaio • 14/3/2019 • Trabalho acadêmico • 2.453 Palavras (10 Páginas) • 180 Visualizações
Prefácio
Os famosos “contos de fadas” são as diversas histórias de personagens e roteiros imaginários que tendem a penetrar no consciente das pessoas, principalmente em crianças, fazendo com que a mente esteja apta a pensar que todo aquele conteúdo seja tratado de maneira real. Estes contos tendem a misturar o imaginário com a realidade, fazendo as crianças a não ficarem satisfeitas com o mundo em que vivem e pensarem que o outro meio é o melhor lugar para se viver. Na verdade, esses contos eles eram cruéis e macabros não tendo um final feliz, mas um tempo depois foram adaptadas pelo famoso criador Walt Disney e se tornaram o que são hoje.
Dentre tantos contos, as mais famosas são as “Princesas” criadas por Walt Disney que retratam situações clichês ao longo de todos os filmes, como por exemplo, o papel da mulher (as princesas) como sendo o ponto principal, ligado a necessidade do príncipe para um “final feliz” e sua dependência dele. Estas princesas fazem parte da vida das crianças pelo fato de ser uma cultura inocente e normalmente passa de pai para filho. Desde pequena, essa criança é estimulada a ver tais filmes e criam dentro de si uma vontade de ser como aqueles personagens.
Acima dos bons auxílios que elas recebem, os contos de fadas, ao tempo em que as crianças vão crescendo, mostram que elas podem não só ver e ouvir aquelas histórias e sim, podem se tornar um daqueles personagens. O mercado é um forte agente nessa questão de “tornar a criança uma princesa” e produz diversas maneiras de lucrar quanto a esse assunto. É visto que, com todo esse mercado consumidor, não há como uma criança não se apegar as histórias do filme e não querer se tornar uma princesa também, o que mostra o quanto ela é influenciada desde pequena e o quanto tende a ser manipulada pelos contos de fadas e também pelo comércio Disney.
As Princesas da Disney
Na maioria das histórias, tende-se a ver a luta entre o bem e o mal, o impedimento da princesa em ficar com o príncipe, a ajuda dos animais, seres animados para combater e ajudar a princesa a vencer o mal e no final, um beijo de amor e um “felizes para sempre”. Essas cenas são o total clichê dos filmes e que podem influenciar muito na vida das crianças ao mostrarem que elas também podem ter a principal cena de viver feliz para sempre com o príncipe encantado. Mas não é exatamente assim.
As princesas possuem as suas semelhanças quase em todas as histórias. Normalmente são mulheres fisicamente bonitas, de longos cabelos brilhosos, peles suaves e jovens, e quanto ao psicológico são dóceis, bondosas (principalmente para as camadas mais baixas da sociedade), generosas e de bom caráter. Mas, acima de todas essas qualidades, elas frequentemente são invejadas por outros personagens das histórias e sempre esperam que alguém as salve dos perigos e as tirem da vida sofredora, e podendo assim vencer o mal. As histórias das princesas podem ser divididas em: “Princesas Clássicas” (1939-1953), “Princesas Rebeldes” (1989-1998) e “Princesas Contemporâneas” (2009-2012).
Essa grande representação é demonstrada por se ligar com a realidade, principalmente nos pontos em que desde pequenas as crianças tendem a se comparar com essas histórias. Neste contexto, o conceito de feminilidade estaria atrelado à vontade insuperável de atingir um ideal impossível de beleza, impondo à mulher um pesado compromisso de buscar o inatingível, causando uma obsessão pelos padrões de beleza considerados socialmente aceitos em um determinado período. As crianças de ligam a isso desde pequenas, o que as levam a perseguir o status de beleza que são impostos pelos filmes e pela sociedade em que vivem ao crescerem. A produção cultural tem um forte papel que contribui para esse modelo de estereótipo feminino considerando que esta, auxilia no estímulo à imaginação dos infanto-juvenis criando uma visão conservadora do mundo.
Princesas Clássicas (1939-1953)
São as primeiras princesas que têm suas histórias contadas como aquelas que mais esperam os seus príncipes encantado para salvá-las. O mal provém de bruxas, madrastas ou outras princesas que invejam a principal e exalta-se também toda a beleza tanto exterior quanto interior da personagem. Duas das principais princesas desse período são “A Branca de Neve e os sete anões”, primeiro longa-metragem adaptada por Walt Disney e “Cinderela”.
Branca de Neve, “Branca de Neve e os sete anões”
Ponto Clichê: O filme é mais um dos clássicos da Disney em que há presente a padronização de comportamento das mulheres que, são consideradas boas moças por lavarem, cozinharem e limparem sempre cantando, mesmo que tristes. Esse ponto pode ser citado ao momento em que os anões da casa só a deixam ficar lá se ela puder fazer as tarefas domésticas para eles enquanto trabalham. Outro ponto crucial é a questão de a princesa aceitar tal situação com paciência na espera de um dia poder encontrar um príncipe que será a solução dos seus problemas, que a beijará e a tornará uma princesa, para ter um final feliz. Branca de Neve foi a primeira princesa e a mais clássica a mostrar que toda mulher necessita de um príncipe para ser feliz, mostrando que não se importa com a situação de fazer trabalhos domésticos e muito menos de casar-se com quem pouco conhece, pois o beijo do amor verdadeiro já a basta.
Cinderela
Ponto Clichê: Cinderela revela ser uma “princesa” completamente angustiada com a vida que leva, querendo de todo modo escapar, ser salva. O filme mostra o que seria “a mulher ideal”: bonita, que sabe fazer as tarefas, mesmo que não goste de fazê-las, obediente, bondosa, passiva, que depende completamente do homem para mudar e melhorar sua vida torná-la feliz e completa. Mostra que a mulher ideal seria aquela que tem o profundo desejo de se casar, e que a “liberdade” estaria atrelada ao casamento, onde o homem, a identidade masculina respeitada por ela, a libertaria das garras das pessoas que a invejavam e a maltratavam (no caso de Cinderela, outras mulheres que não eram bonitas como ela e por isso a invejavam, por sua beleza e dotes). Ainda representa com o sapatinho, a delicadeza e como ela é única, pois nenhuma mulher no reino tinha os pés tão pequenos e delicados quanto os dela. E no final, seu rápido momento de encontrar o príncipe e se casar logo com ele.
Princesas Rebeldes (1989-1998)
Essas princesas foram expostas duas décadas depois que surgiu o movimento feminista. Elas foram postas como as mulheres da situação atual, que buscam por uma maior liberdade em sua vida, terem o seu papel mais destacado na sociedade em que viviam e lutar por seus direitos. Esse novo tempo foi representado por novas princesas como Ariel de “A Pequena Sereia” e a Bela de “A Bela e a Fera”.
- Ariel, “A Pequena Sereia”
Ponto Clichê: Ariel é o tipo de princesa que não se contenta com regras impostas pelo seu povo, e principalmente pelo seu pai que é o rei dos mares. Ela já possuía essa vontade de se tornar uma humana, mas, ao conhecer o príncipe ao salvá-lo de um afogamento, sua vontade de transformar-se aflora e prefere ir atrás do seu querer e foi capaz de fazer qualquer coisa para conseguir chegar até ele. Isso mostra o quanto ela foi independente e corajosa, mas também mostra que ela foi ao encontro de seu príncipe, tendo mera semelhança às outras quanto ao seu “final feliz”.
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