Comunicação Publica

Resenha – Comunicação Pública

A coletânea de textos organizada por Jorge Duarte trata das questões que envolvem o conceito de comunicação pública. Por se tratar de uma expressão recente, o termo ainda gera bastante discussão com o intuito de se estabelecer uma definição homogênea do mesmo.

A busca por uma unidade conceitual ganha importância na medida em que a comunicação pública, equivocadamente, é aproximada de conceitos como o da comunicação governamental, quando é vista como instrumento de elaboração da agenda pública, tratando apenas da prestação de contas, engajamento da população nas políticas adotadas e também, através de um discurso persuasivo, funcionando como propaganda política.

Em contrapartida, a configuração atual, remete o conceito de comunicação pública à valorização do cidadão. Não se trata de um processo no qual o governo é o centro das ações. Seria uma forma de comunicação que também envolva movimentos sociais, comunidades e o terceiro setor. No caso, a responsabilidade social não seria exclusividade do governo, e sim, de toda a sociedade. Seria o Estado, governos e sociedade, ao mesmo tempo, informando e construindo a cidadania. Portanto, o que encontramos aqui é a preocupação de se firmar um processo comunicativo democrático, inserido no cotidiano, nas práticas políticas da população, resgatando o sentido social de se comunicar, não só voltado ao mercado e aos interesses políticos e empresariais.

Contudo, para viabilizar essa comunicação democrática, faz-se necessário a criação de mecanismos que permitam ao cidadão não só receber informações, mas ter condições de apreendê-la e, assim, expressar-se. Sendo necessário, também, a valorização dessa participação da população. Nesse momento, a participação dos jornalistas e comunicadores em geral torna-se de grande importância. È necessário que aja uma mudança de postura. O jornalismo que estamos acostumado, que funciona como agenda pública, transformando os interesses dos órgãos públicos e das empresas em interesse geral, tem que mudar radicalmente. Apesar do conceito de interesse publico ser bastante complexo, cabe ao jornalista, usando de valores éticos, ter discernimento para se ater a questões que realmente sejam de interesse de todos. Para isso, a população deve ser vista como parceira desses comunicadores. Indicando, informando, reivindicando, enquanto que o jornalista intermediaria essa troca de informações entre população e governo, que, por sua vez, promoveria uma gestão aberta, criando canais que permitam a viabilização da comunicação de interesse público e o envolvimento de todos os interessados.

Os textos, em sua maioria, preocupam-se apenas em chegar a um consenso sobre o que seria comunicação pública. Em alguns momentos, até chegam a tratar da sua aplicação prática, mas não aprofunda. Os benefícios, as dificuldades e também as transformações sociais que poderiam acontecer, caso houvesse de fato uma comunicação democrática, não são devidamente abordados nos textos. Além disso, uma questão de suma importância que deveria ser abordado é o papel que cada um exerceria para que se pudesse chegar a esse objetivo maior. O governo criando políticas publicas de comunicação que valoriza o cidadão, os comunicadores em geral adotando postura mais ética, respeitando o interesse público e até mesmo a participação efetiva da população, forçando as instituições a se preocuparem com questões da cidadania, deixando de assistir a tudo de maneira passiva.

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