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A GRAÇA E A LIBERDADE

Por:   •  29/11/2020  •  Resenha  •  1.304 Palavras (6 Páginas)  •  257 Visualizações

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A GRAÇA II

SANTO AGOSTINHO

Bruce Willis M de Oliveira

1 INTRODUÇÃO

Santo Agostinho escreve essa obra aos monges Hadrumeto pois, começaram a surgir, na comunidade, discussões a respeito da graça de Deus e o livre-arbítrio. Além disso, Agostinho havia escrito uma carta ao presbítero romano Xisto, sobre as consequências teológicas dos neopelagianos. Essa carta causou um desconforto na comunidade de Hadrumeto, levando os monges a ficarem dividido, uns do lado agostiniano e outros não. Sendo assim, Agostinho se sente na responsabilidade de escrever duas cartas esclarecendo a questão. Além disso, escreve ainda essa obra aprofundando a questão relacionada a graça e a liberdade.

2 A GRAÇA E A LIBERDADE

Os debates a respeito da graça, tiveram como precursor, o monge chamado Pelágio que acusou Santo Agostinho de que as suas ideias acarretavam anulação do livre-arbítrio. Sendo assim, o conceito de graça cunhado por Santo Agostinho foi de grande importância para o cristianismo de modo que suas conclusões, foram assumidas por toda Igreja; dada tamanha importância, a tradição chegou a nomeá-lo como o “Doutor da Graça. Isso não quer dizer que Santo Agostinho foi o único a abordar esse tema. Clemente de Alexandria, Orígenes, Basílio de Cesaréia, entre outros, também elaboraram posicionamentos a respeito desse tema, embora não de modo sistemático.

Pelágio defendia que existe uma onipotência moral da vontade humana onde, mesmo quando o homem não quer o bem e nem o põe em prática, tem a possibilidade de fazê-lo através de uma virtude exclusiva derivada de suas forças naturais. Contrário a isso, Santo Agostinho defende que o ser humano não pode depositar sua confiança nas próprias forças pois, necessita da Graça. Deste modo, a vontade por si só, não realiza nada.

Para Santo Agostinho, Deus, já havia mostrado ao ser humano o mal que deve ser evitado e o bem que deve ser praticado. Porém, a eficácia, somente seria possível com o auxílio da graça. Ou seja, para fazer o bem, são necessárias duas condições. Em primeiro lugar o dom de Deus, que é a graça, e em segundo lugar o livre-arbítrio.

Um dos argumentos do pelagianismo, defende que a graça de Deus já nos foi dada por meio da lei. Além disso, Deus não teria nos dado seus mandamentos, se não tivesse dado junto a capacidade de cumpri-los. A graça não é essencial para que tal
a prática da lei seja possível. O ser humano pode e consegue ser bom sem o auxílio da graça. Santo Agostinho refuta essa teoria. Para ele a lei só serve para chegar ao conhecimento do que é pecado. De igual forma, não se pode cumprir a lei com as próprias forças sem o auxílio da graça. Essa graça é livre, não é merecida e nem foi conquistada pela humanidade decaída, mas por uma iniciativa divina.

Para compreender melhor a ação da graça de Deus, Agostinho usa a passagem bíblica de Adão. Na criação, Adão tinha a possibilidade de pecar, porém não tinha a necessidade de pecar. No entanto. Adão optou por violar a lei de Deus e experimentou a queda, cuja causa foi o orgulho. A queda de Adão, afetou toda moral da humana, e igualmente a natureza física do ser humano também foi afetada pelo pecado. Por isso, o fracasso da humanidade reside no pecado original de Adão e somente a graça de Deus tem eficácia para a redenção da humana. Além disso, se Deus concede sua graça ao ser humano, mediante aos nossos méritos, então não se trata de graça, mas de dívida.

Para Pelágio, não há pecado original e mesmo se houvesse este não influencia o ser humano, do ponto de vista moral. A moralidade necessita da liberdade e o pecado original faz parte da natureza, logo inflige à liberdade humana.

2 A CORREÇÃO E A GRAÇA

Após a conclusão deste posicionamento inicial sobre a graça e a liberdade, novos questionamentos perturbaram o mosteiro de Hadrumeto. Segundo alguns monges:

Se Deus opera em nós o querer e o agir, todas as correções dos superiores tornam-se desnecessárias. Se Deus é quem realiza, cooperando, aquilo que ele mesmo começa, se tanto o começo da obra quanto seu acabamento pertencem a Deus, os superiores devem apenas instruir seus súditos e rogar para que não lhes falte a graça de cumprir seus deveres, mas não podem, de modo algum, imputar-lhes culpa, já que, no caso, os monges faltosos estariam privados de um auxílio que Deus concede a quem quer. (AGOSTINHO, p.48).

Primeiramente, devemos considerar que a graça não dispensa a iniciativa humana. Isso se dá, pelo fato de habitar na humanidade o Espirito Santo de Deus. A presença do Espírito Santo transforma as disposições pessoais de modo que Deus e seus mandamentos sejam amados e seguidos não pelo castigo ou pela expectativa de uma recompensa. Somente por essa graça a vontade humana pode escolher e realizar o bem. Algumas pessoas não reconhecem as exigências do mandamento da lei de Deus, pois nunca ouviram falar da pregação do Evangelho de Cristo e muito menos receberam o convite para confiarem na promessa do perdão. Outros ouvem a pregação do Evangelho, entretanto não se sentem motivados pelo chamamento e se afastam. Porém, existe os eleitos, aqueles que são impressionados pela pregação do Evangelho porque o Espírito Santo promove um encontro entre a pregação as necessidades da pessoa.

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