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O PROBLEMA DOS UNIVERSAIS: COMO O USO DA LINGUAGEM COMPROMETE O NOMINALISMO DE RUDOLF CARNAP

Por:   •  28/11/2017  •  Ensaio  •  1.966 Palavras (8 Páginas)  •  412 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE FILOSOFIA

GIAN M. DE CARVALHO

O PROBLEMA DOS UNIVERSAIS: COMO O USO DA LINGUAGEM COMPROMETE O NOMINALISMO DE RUDOLF CARNAP

(short paper)

SÃO LEOPOLDO

2017


Gian M. de Carvalho

O PROBLEMA DOS UNIVERSAIS: COMO O USO DA LINGUAGEM COMPROMETE O NOMINALISMO DE RUDOLF CARNAP

(short paper)

Pequeno artigo apresentado como requisito parcial para avaliação da atividade de Metafísica, pelo Curso de Filosofia-Licenciatura da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Prof. Dr. Denis Coitinho Silveira

São Leopoldo

2017


O PROBLEMA DOS UNIVERSAIS: COMO O USO DA LINGUAGEM COMPROMETE O NOMINALISMO DE RUDOLF CARNAP

Gian M. de Carvalho[1]*

Resumo: Rudolf Carnap (1891-1970) expôs acerca de entidades abstratas, declarando-as apenas como pertencentes necessárias à linguagem para classificar particulares semelhantes. Todavia esqueceu-se de reparar que não há como explicar as semelhanças sem recair em um universal, assim como não previu que a própria linguagem seria um universal. Nesse sentido, com base no argumento de autoridade de Bertrand Russel (1872-1970), argumentei em cima desses dois pontos, em defesa de que tanto “semelhança”, como “linguagem” são universais e necessários à compreensão da realidade como um todo.

Palavras-chave: Linguagem, Nominalismo, Rudolf Carnap, Semelhança, Universais, Bertrand Russel

1 INTRODUÇÃO

O presente short paper pretende apontar alguns problemas no nominalismo, especificamente de Rudolf Carnap, em apontar na linguagem, e tão somente na linguagem, a presença de entidades que, no entanto, não se encontram presentes na realidade. Nesse sentido, meu intuito é dizer que a declaração que entidades abstratas são predicações linguísticas e no caso de Carnap se classificam por semelhança, falha visto que o próprio sistema de referência/semelhança nada mais seria senão um universal e que a própria linguagem é uma entidade real no mundo, pois está no mundo.

É sabido que Rudolf Carnap foi um membro do Círculo de Viena e, assim, expoente do positivismo lógico. Compreende-se sua postura quanto a este problema, afinal, o neopositivismo visou romper com o dualismo presente na filosofia entre metafísica e empiria. Todavia, ao querer reduzir a realidade ao empirismo, com isso quero dizer ao uso do método científico e verificacionismo para rejeitar a metafísica, esse pensamento acabou criando outro dualismo, entre empiria e linguagem.

Mesmo o positivismo lógico sendo já ultrapassado, ainda há nuances dessa vertente em nossos dias. Além disso, os problemas por mim vistos e demonstrados nesse pequeno tratado é relevante pois tem a presunção de desvalorizar o reducionismo nominalista. Nesse sentido, quero dizer, que qualquer maneira de reducionismo filosófico, mesmo que com o mascarado nome de “simplificacionismo”, não é, senão, reduzir a própria filosofia. Com isso não quero dizer que dualismos, subjetivismos e relativismos estão corretos, mas que é legítimo em análise.

Irei, por conseguinte, investigar o devido problema elucidando algumas propostas: o que é o nominalismo e o nominalismo de semelhança de Carnap; pontos da contraposição realista de Bertrand Russel quanto à declaração de ser a própria semelhança um universal; e minha argumentação de que não só a semelhança implica em universal, como também a própria linguagem, estando no mundo, é um universal.

2 O NOMINALISMO E A PROPOSTA DE CARNAP

O nominalismo em si pretende simplificar toda e qualquer explicação da realidade. Dentro desse pressuposto que temos a conhecida expressão “navalha de Ockham”, referida ao primeiro nominalista de renome que conhecemos, Guilherme de Ockham. A teoria nominalista professa que o que há em comum a muitos particulares (o que realistas irão chamar de universais), na verdade são predicações que damos aos próprios particulares. O que existe na realidade, de fato, são os particulares, enquanto que o que lhes é comum são meras classificações de linguagem.

A formulação empirista, no caso de Carnap, quer negar a existência de propriedades inanalisáveis pelos sentidos, ou seja, abstrações. Para isso, pondera-se que o sistema para encaixar essas abstrações é a linguagem nominalista. Como melhor explica o próprio Carnap:

Os empiristas são em geral desconfiados em relação a qualquer espécie de entidades abstratas, tais como as propriedades, as classes, as relações, os números, as proposições, etc. [...] Na medida do possível tentam evitar toda referência às entidades abstratas e limitar-se ao que se chama às vezes de uma linguagem nominalista, isto é, uma linguagem que não contenha essas referências. (CARNAP, 1980, p. 113)

A partir disso, ditos “universais” são apenas o que observamos de semelhança entre particulares e que efetuamos pela linguagem.

Em Carnap, para falarmos desses tipos de entidades, devemos introduzir um novo estilo de falar, com novas normas. Essa construção será denominada por ele como “sistema de referência linguístico” (CARNAP, 1980, p. 114). Ele divide as questões da existência entre as internas e externas, sendo a última o que diz respeito às entidades como um todo e a primeira no que toca às abstrações. Sobre a primeira, ele escreve que

[...] as questões de existência de certas entidades do novo tipo no interior do sistema de entidades representado pelo sistema linguístico de referência; chamamo-las de questões internas; [...] Formulam-se as questões internas e suas possíveis respostas com a ajuda das novas formas de expressões. (CARNAP, 1980, p. 114)

Como não há demonstrações empíricas dessas entidades, a linguagem deve se apropriar de um novo modo para tratá-las e explicá-las.

Especificamente, sintetizo seu posicionamento exemplificando o sistema de referência através dos números: 1) “números” não existe na realidade, mas é associado linguisticamente à determinada classe de particulares semelhantes; 2) “2” e “3” pertencem à uma classe semelhante que denominamos, por essa nova linguagem, como “números”; 3) logo, algo como “números” está presente apenas na linguagem.

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