PAIDÉIA: EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E POLÍTICA
Por: JoePeixoto • 1/7/2018 • Dissertação • 943 Palavras (4 Páginas) • 245 Visualizações
A filosofia da educação de Paidéia, corresponderia aos métodos utilizados para assegurar a transmissão às sucessivas gerações, daqueles valores considerados essenciais – morais e religiosos principalmente – que servem de fundamento à sociedade. O vocábulo Paidéia se caracteriza por um duplo modo de emprego: substantivo de ação (processo educacional em evolução (ação)) e característica final (produto, resultado) de um processo verbal (educação). O termo também apresenta uma conotação diferenciadora dos âmbitos mente/corpo, permitindo a diferenciação entre as concepções de Paidéia-ginástica e Paidéia musical-filosófica.
Paidéia é toda uma conceituação que nos permite traçar os momentos iniciais do pensamento educacional grego que rege-se por normas certas de conduta, alheias aos comuns dos homens.
O homem grego primitivo cultivava a “ânsia de se distinguir e a aspiração à honra” - era aí que começava o valor: “honrar os Deuses e os homens pela sua arete (nobreza).
Os conceitos Arete (sentido de nobreza) e Paidéia (formação) evoluíram, indicando uma educação de espectro integral e tridimensional que visava a formação harmônica mente, corpo e coração, ou seja, à uma formação intelectual, física e virtuosa. Os primeiros educadores gregos foram os poetas. Homero é o mais antigo e mais lido, e suas obras se extraía Literatura, História, Geografia, Poesia, Teologia, Física, Moral.
Em Homero, uniram-se a ética e a estética, o divino e o humano, a harmonização da natureza e da vida humana, a poesia com o mito, a celebração da glória e o conhecimento do que é magnífico e nobre. Até então as atividades comerciais e industriais não eram contempladas no âmbito da educação grega, contudo, novos tempos, novas realidades sociais e econômicas a exigir formulações e reformulações novas num conceito que já se cobria com a poeira dos tempos – os limites da Paidéia se ampliavam.
Plutarco, referindo-se à época de Sólon, lembra que trabalho não era vergonha para ninguém, nem se fazia distinção com respeito ao comércio, mas o ofício dos mercadores era nobre.
Voltando, porém, no tempo, em Esparta, o significado de arete, nos versos de Tirteu, assume uma conotação guerreira, pública, heróica, conservando todavia, a busca pela distinção por sobre os demais.
Na época dos sofistas, surge a Paidéia do homem adulto: O conceito que era apenas o processo da educação , estendeu ao aspecto objetivo e de conteúdo a esfera do seu significado, do processo da formação passaram a designar o ser formado e o próprio conteúdo da cultura, e por fim abarcaram, na totalidade, o mundo da cultura espiritual: o mundo em que nasce o homem individual, pelo simples fato de pertencer ao seu povo ou a um círculo social determinado. A construção histórica conclui-se no momento em que se chega à idéia consciente da educação. Torna-se assim claro e natural o fato de os Gregos, a partir do século IV, quando este conceito encontrou a sua cristalização definitiva, terem dado o nome de Paidéia a todas as formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição.
Com os sofistas surge o “ternário pedagógico” de vocação, instrução e exercício, com os quais a realização da arete passa a se constituir sobre as bases intelectuais. A sua instrução formal, abarcando [a]o estudo da gramática, da retórica, da dialética e a transmissão do conhecimento enciclopédico, completa o trivium[b]. Temos assim uma educação abrangendo aspectos informativos e formativos tridimensionais, conforme já visto. Mais tarde, acrescenta-se o quadrivium, ou seja, a aritmética, a geometria, a música e a astronomia. Tem-se assim o embrião do conhecimento enciclopédico.
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