Resenha Paul Claval
Por: Niltongeo85 • 16/4/2022 • Trabalho acadêmico • 1.290 Palavras (6 Páginas) • 242 Visualizações
RESENHA CRÍTICA:
Geografia Cultural: Um Balanço
Nilton César Caxias
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Departamento de Geografia
Graduando em Geografia
Nilton.caxias.363@ufrn.edu.br
CLAVAL, Paul Charles Christophe. Geografia Cultural: um balanço. Geografia (Londrina), Londrina, v. 20, n. 3, p. 005-024 set/dez. 2011.
Na obra intitulada “Geografia cultural: um balanço” o geógrafo Paul Claval busca num primeiro enfoque apresentar um contexto e desenvolvimento da abordagem cultural na geografia. Preliminarmente com foco até os anos sessenta onde se desenvolvia principalmente na Europa durante o século XIX uma curiosidade cientifica pela diversidade das sociedades humanas baseando-se por fatos vividos, mas que por tempo era passado de geração para geração por meio da oralidade se tornando contos e lendas e que ao longo do século foram se multiplicando de forma naturalista, o mesmo ocorria fora da Europa mas com o detalhe na dificuldade no entendimento das línguas e o interesse nos museus pelos objetos que descreviam as características antropológicas e sociais desses povos explicava o realce sobre a civilização material. Claval aponta também a proposição Tyloriana a qual dizia a cultura era tudo aquilo que não pertencia ao homem, mas que era ensinada a ele, e em seguida destaca o surgimento dessa geografia humana no fim do século XIX através de uma óptica de Darwin e que servira para compreender as relações entre os homens e o meio em que habitava, ou seja, uma ecologia dos homens, termo esse criado por Friedrich Ratzel para simplificar tal modelo e visão geográfica ao qual o meio ambiente poderia determinar ou influenciar a cultura através dessa relação homem x meio, e essa abordagem passou a ter um papel muito importante dentro da geografia mesmo se limitando em estudar a dimensão material da atividade humana e de suas marcas da paisagem.
Claval discorre sobre a evolução do quadro epistemológico período ao qual a epistemologia deixa a visão positivista e neo-positivista, ou seja, a interpretação individual deixa de ser um domínio fora do campo das pesquisas sociais tendo em vista o fascínio de pesquisadores por estruturas que permaneciam estáveis por anos e que tais estruturas não dependiam das preferências e escolhas dos indivíduos (Homens) ao qual foi denominado de estruturalismo que adiante nos anos setenta passou a ser criticado por ignorar a história, e essa crítica vem de um outro movimento chamado de estruturacionismo que tomou forma diferentes na França, com Pierre Bourdier (1980), e no Reino Unido, com Anthony Giddens (1984) esse último Claval nos descreve como dentro desse movimento como tendo uma importância na dimensão geográfica já que ele determinava do espaço ao qual o homem moldava suas realidades sociais, visão essa que foi muito importante para geografia nos anos oitenta. Em seguida Claval pontua a evolução no conceito de cultura destacando a conversão de antropólogos americanos a uma nova conceituação de geografia cultural a qual enfatizavam a dimensão simbólica. Já no Reino unido a evolução toma rumos um pouco diferente devido a divergência de correntes, mas todas com um mesmo simbolismo de que a cultura serviria para as classes dominantes impor as classes mais baixas comportamentos conformes seus interesses e essa evolução permanece por trinta anos tendo motivações diversas para enfatizar suas dimensões culturais das distribuições geográficas dividida por grupos de geógrafos que tinham visões diferentes.
Outro tema discorrido por Claval é sobre o interesse pela abordagem cultural como consequência da nova geografia, para isso faz a colocação de Boulding (1955) que diz que a maioria dos autores econômicos não tem ideia do ambiente econômico e sim somente o ambiente criado por eles e que muitas vezes distorcia da realidade e que foram base para orientações de pesquisa como a da racionalidade limitada e o papel dos mecanismos de percepção a qual da interesse pela a imagem da cidade analisada por Lynch (1959) e mapas mentais de Gould e White. Claval cita também que foi através das dimensões sociais e políticas da nova geografia que se viu na necessidade de trabalhar sobre a abordagem cultural na geografia. A forma mecanizada que as atividades do homem dentro do espaço foi a motivação para um segundo grupo de geógrafos descrita por Claval onde cita Armand Frémont (1976) e sua saudade pela literatura que traziam através das transcrições a complexidade das motivações de geógrafos da primeira metade do século XX, destaca a geografia humanista e seu papel em enfatizar a iniciativa humana essa qual esquecida pela nova geografia. O terceiro grupo a participar desse desenvolvimento da abordagem cultural e qual foi crítico da nova geografia pelo seu caráter conservador.
Em sua segunda abordagem que destaca a construção de novas geografias culturais nos anos oitenta que traz uma curiosidade pelo espaço humano e sua diversidade cultural, isso depois de uma fazer anárquica que nos anos oitenta e noventa apresenta duas formas as quais se destacam nos países de língua inglesa com as conceituações simbólicas de Raymond Willians ou Stuart Hall e situando Denis Cosgrove (1984) que faz uma descrição de alvo sociais bem precisos para explicar através da visão da estética das construções das lindas mansões feitas pela aristocracia veneziana com as paisagens ás classes sociais mais baixas, diferentemente das conceituações de Peter Jackson (1989) que através dos estudos culturais trazia um novo papel dos movimentos sociais e falava de gênero, do racismo e da exclusão social, tornando assim a cultura uma ferramenta para organização de resistência dos grupos dominados e que teve grande importância nos Estados Unidos a qual Don Mitchell (2000) concebeu a cultural arma de guerra social que na sociedade contemporânea traz o espaço público como palco de confrontação para grupos minoritários ou marginais afirmarem suas identidades, e essa interpretação da geografia cultural proposta por Jackson e Cosgrove obtém o sucesso devido a simplicidade e o foco no simbolismo das culturas.
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