TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A REVOLTA DA VACINA: IMPLICAÇÕES SOCIAIS, POLÍTICAS E ECONOMICAS NA SAÚDE PUBLICA

Por:   •  8/12/2022  •  Artigo  •  3.625 Palavras (15 Páginas)  •  83 Visualizações

Página 1 de 15

A REVOLTA DA VACINA: IMPLICAÇÕES SOCIAIS, POLÍTICAS E ECONOMICAS NA SAÚDE PUBLICA

@hotmail.com

Orientador: Aluízio Ferreira Elias

                

RESUMO

A revolta da vacina aconteceu no ano de 1904, na cidade do Rio de Janeiro, nesse contexto histórico a cidade estava passando por diversas mudanças com a finalidade de modernização para competir com igualdade com outras cidades brasileiras e despontar no horizonte internacional, para isso eram necessários uma reorganização da cidade, bem como o combate as epidemias que assolavam a capital brasileira da época, para isso se deu uma reforma urbana levada a cabo pelo então prefeito da capital Pereira Passos, com o aval do presidente da república Alves Pereira, essa reforma urbana foi responsável pela demolição de dezenas de cortiços no centro da cidade para abertura de grandes avenidas e para a reforma do porto. Com relação a saúde pública Oswaldo Cruz foi designado para erradicar as epidemias de febre amarela, peste bubônica e varíola que assolavam a capital. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivos analisar quais os motivos sanitários que ocasionaram a revolta da vacina e analisar os motivos sociais que fizeram eclodir a revolta da vacina. Para tal a pesquisa que foi desenvolvida foi bibliográfica de cunho qualitativa. O texto está disposto em um tópico, que desenvolve um panorama histórico sobre o contexto social, político e econômico que estava vigorando quando eclodiu a revolta da vacina. As considerações finais refletem sobre a revolta da vacina, quais suas implicações para a população, bem como sobre os aspectos mais importantes do contexto histórico relacionados a revolta.

Palavras-chave: Revolta da Vacina. Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro.

  1. INTRODUÇÃO

O Rio de Janeiro, entre os anos de 1902 a 1906 passou por um processo de modernização sem precedentes para o contexto brasileiro da época.  O prefeito do Rio na época, Francisco Pereira Passos, abriu grandes avenidas e reconstruiu o cais do porto, mandou derrubar centenas de prédios antigos, que eram utilizados como moradias populares no centro da cidade. A cidade sofria com a falta de saneamento básico, o que resultava em epidemias devastadoras, como a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Isto levou as autoridades sanitárias a determinar, entre outras medidas, a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. A medida, que se destinava a proteger a população, foi conduzida de forma autoritária e sem os necessários esclarecimentos, provocando uma reação contrária (RIO DE JANEIRO, 2006).

Com isso o médico sanitarista Oswaldo Cruz deu início a uma ampla campanha de extermínio de ratos e de destruição de focos do mosquito que transmitia a febre amarela. Nessa época a febre amarela e a varíola eram as principais epidemias que matavam todos os anos milhares de pessoas na capital da república.  A primeira página do jornal A Notícia, de 9 de novembro de 1904, trazia a reprodução do projeto de regulamentação da Lei da Vacina Obrigatória, de autoria do médico e sanitarista Oswaldo Cruz, então diretor-geral da Saúde Pública. Para os estudiosos desse episódio, o texto redigido por Oswaldo Cruz, um cientista, era autoritário demais e pouco explicativo (RIO DE JANEIRO, 2006).

No ano de 1904, no mês de outubro o congresso aprovou uma lei que tornava obrigatória a vacinação contra a varíola. Essa medida despertou a ira da população, em um primeiro momento porque a medida desrespeitava os costumes da época, com relação as mulheres, que não podiam expor seus corpos a estranhos, segundo porque a vacinação acontecia de casa em casa, que configurava invasão ao lar, que era onde se preservava a família, um último ponto é que havia disseminado uma crença que a vacina poderia desenvolver a doença nas pessoas.

Com isso, no dia 10 de novembro daquele ano, a insatisfação se tornou em revolta, com depredações, construções de barricadas e com confrontos nas ruas entre policiais e grupos de manifestantes. Confusa e revoltada, a população saiu às ruas, transformando o centro da cidade numa verdadeira praça de guerra, em que os presos, mortos e feridos contavam-se às centenas. Os embates entre a polícia e os revoltosos ocuparam as páginas dos jornais, que se dividiram entre favoráveis e contrários ao projeto de lei, trazendo opiniões de intelectuais, políticos e, uma tradição da época, inúmeras charges sobre os acontecimentos (RIO DE JANEIRO, 2006).

Durante uma semana, o Rio viveu momentos de extrema tensão, nos quais, além do descontentamento com a obrigatoriedade da vacina, fizeram eco os descontentes com o governo do presidente Rodrigues Alves e a administração do prefeito Pereira Passos. Misturavam-se, no mesmo caldeirão, positivistas, monarquistas, militares e republicanos radicais (RIO DE JANEIRO, 2006).

Dessa forma, a pergunta que norteia o presente trabalho quais foram os fatores que influenciaram a revolta da vacina?

Diante do exposto, os objetivos do presente trabalho são de analisar quais os motivos sanitários que ocasionaram a revolta da vacina e analisar os motivos sociais que fizeram eclodir a revolta da vacina.

Para tal, a metodologia utilizada, foi uma pesquisa bibliográfica qualitativa, sobre a pesquisa qualitativa, é uma pesquisa que não se interessa pela padronização de conceitos, variáveis, e por replicar resultados, é uma pesquisa aberta que leva em consideração a história do indivíduo, a sua trajetória, suas dificuldades, ou seja, com foco no subjetivo, buscando menos participantes e mais detalhes para construção do conhecimento (FLICK, 2013).

O presente trabalho está disposto em um tópico, onde se desenvolve um panorama histórico sobre a revolta da vacina, os problemas sociais aos quais a cidade do Rio de Janeiro vinha enfrentando e como que esse contexto se desdobrou em uma revolta popular contra as medidas sanitárias que tendiam a minimizar os efeitos das epidemias que assolavam a capital do Brasil no início do século XX. As considerações finais demonstram que a revolta teve muitos aspectos sociais para sua eclosão, pois não eram somente a desconfiança com relação a vacina, mas as reformas que excluíam a população pobre do centro da cidade, as inseguranças do Estado entrar dentro das propriedades para impor medidas sanitárias. Ou seja, a revolta tinha aspectos sociais e foi contra o autoritarismo do Estado.

  1. A REVOLTA DA VACINA: UM PANORÂMA HISTÓRICO

A Revolta da Vacina revela diversas facetas desta mobilização popular que foi protagonizada por forças sociais heterodoxas, a revolta esteve fundamentada em um movimento social bastante amplo, estruturado sobre tensões políticas, de oposição à República e ao governo de Rodrigues Alves e econômicas, de fúria com a carestia generalizada de alimentos e do preço de aluguéis de moradias na área central da Capital Federal (CHALHOUB, 1996).

Poderia se adicionar a esse mosaico de reinvindicações o descontentamento com as medidas de remodelação e saneamento urbano, como a destruição dos cortiços e expulsão das populações mais pobres do centro da cidade do Rio de Janeiro e medida higienistas, orientadas por Oswaldo Cruz para pôr fim às epidemias de varíola, febre amarela e peste bubônica (SEVCENKO, 2018).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (23.4 Kb)   pdf (115.6 Kb)   docx (19 Kb)  
Continuar por mais 14 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com