Analise do Conto “Pai contra Mãe” de Machado de Assis
Por: Francisco Lira • 3/4/2017 • Artigo • 2.812 Palavras (12 Páginas) • 2.613 Visualizações
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: OFICINA DA HISTÓRIA II (Noite)
PROFESSOR: Ms. Danilo Linard (danilo.linard@bol.com.br)
ALUNOS:
Andreia Silva
Alex Bruno de Lima Barros
Francisco Felipe Silva
Francisco Lira de Lima
Luana Silva de Luna
Raimundo Vitor Barros
- Analise do conto “Pai contra Mãe” de Machado de Assis.
- Descrição
Ao iniciar o conto, Machado de Assis expõe representações e características que ilustram o período da escravidão no Brasil, onde é apontado alguns elementos presentes nesse período, a máscara de ferro, utilizada para afastar o vício da bebida, que muitas das vezes levavam ao furto, ainda, uma coleira de ferro era aplicado aos pescoços dos "escravos fujões", normalmente eram colocadas esses coleiras nos escravos recuperados. É destacado também a presença dos caçadores de escravos fugidos, normalmente essa profissão era dedicado aqueles que não obtinham sucesso em outro serviço.
É o que ocorre com Cândido Neves, protagonista do conto, esse não tinha constância em ofício algum, tentando sucessivamente carreiras de tipógrafo, comerciante, carteiro, entalhador e outros empregos que foram deixados pouco antes depois de obtidos. Mas a paixão pela moça Clara e seu desejo de constituir família o obrigou a buscar estabilidade, e decidiu seguir como caçador de escravos. Clara era órfã e vivia com uma tia, Mônica, a quem herdou o ofício de costureira. Algum tempo após o casamento, o casal decide ter um filho, Só que essa decisão seria um problema, já que era "mais um boca para alimentar".
Além disso, os lucros começaram a ficar escassos, pois no próprio bairro de Cândido já havia mais de um caçador de escravos, deixando seu ofício ainda complicado, passando a enfrentar sérias dificuldades. Com o avanço da gravidez de Clara, sua tia recomenda que o casal entregue o bebê a roda de rejeitados, pois seria impossível ficar com a criança, uma vez que as contas da família só aumentava com o passar do tempo, e Cândido já não ganhava dinheiro suficiente para o sustento da casa. Cândido se opõe a solução proposta pela tia da sua esposa. Porém a situação há de piorar quando o proprietário da casa que eles vivem exige receber o aluguel vencido de 3 meses no prazo de 5 dias, ou a família teria que deixar a residência.
Com intuito de amenizar a situação, Mônica consegue com um conhecido alguns cômodos de favor para a moradia da família. Diante dessa situação Cândido enfim segue a proposta de Mônica, e resolve deixar o filho na Roda de Rejeitados, cogita "mil maneiras" de ficar com a criança, porém ver impossível diante de tal situação.
Com bebê nos braços, Cândido sai para o entregar na Roda de Rejeitados, no caminho avista uma escrava fugitiva e vê ali a "solução para o seu problema", deixa o filho com um farmacêutico que encontra perto de onde estava e sai em perseguição a escrava, sem muito esforço. Logo a captura. A mulher revela que está grávida e teme os castigos que sofreria se retornasse, como apelo final o súplica que a liberte, pois não quer que seu filho nasça escravo. Nesse momento entra em conflito miséria e escravidão.
Pondo seu objetivo a frente, Cândido segue seu plano e entrega a fugitiva a seu dono, como consequência a escrava sofre a perda da criança que carregava no ventre, o caçador de escravos recebe a recompensa da captura que lhe garante ficar com seu filho. Logo deixa o local retorna para pegar a criança e volta para casa com o filho. Numa tentativa de justificar as suas ações, o conto é finalizado com a frase de Cândido
-"Nem todas as crianças vingam".
- Mobilização dos saberes.
O poema "pai contra mãe " traz detalhes de como era as relações dentro de uma sociedade no Brasil império, em destaque a maneira como os escravos eram tratados, os objetos de flagelo, a relação dentro de uma Família pobre desse período e os meios de "sobrevivência" durante essa época. O Autor machado de Assis usa por diversas vezes o recurso literário da ironia no poema, algo que era uma característica sua, por exemplo ao relatar no poema que "nem todos os escravos eram felizes" ele usa esse recurso para dialogar indiretamente com o leitor. É um texto literário mas que contém informações que podem ser usadas, (Assim como outros textos Literários), no ensino na sala de Aula sobre a época, ou como fonte de pesquisa em trabalhos desenvolvidos pelos Alunos. Vemos em FERREIRA o valor das narrativas literária para contribuição da disciplina e conhecimento histórico, e as especificidades que as mesmas acarretam:
“Segundo a ponderações de alguns historiadores a respeito das relações entre a narrativa histórica e a narrativa literária, embora se deva reconhecer a presença de traços literários na primeira, não se pode deixar de lado as operações especificas que a tipificam como disciplina: construção e tratamento dos dados, produção de hipóteses, critica e verificação de resultados, validação da adequação entre o discurso do conhecimento e seu objeto.” (FERREIRA, 2009, pág. 73)
Então a literatura como fonte histórica nos possibilita um leque de saberes, por a mesmas ser ficcional, mas que contém informações verídicas sobre épocas, tempos e lugares, mas as mesmas tem “operações especificas’ que a caracteriza como disciplina. Uma informação até então desconhecidas a equipe era a utilização de máscaras feitas de folhas de Flandres, para tirar o vício da bebida dos escravos, como ironizou mais uma vez o autor, era a sobriedade e honestidade certas, haja visto não poderem beber também não roubavam as plantações dos seus senhores Para fazer bebidas, de fato sabe-se que não se resolve um crime comentando outro, Entretanto para a época não era um crime tratar assim povos escravizados, pela descrição parecia ser normal o fato narrado.
Outro momento é a relação dentro de uma Família pobre da época, como sobreviviam? nesse caso narrado a família estava aumentando, o que deveria ser feito? o fato que levou a tais situações foi o mal estar de um certo sujeito chamado Cândido Neves, ou Candinho, com qualquer ofício que se propunha a fazer, fato esse que o levou a uma das alternativas da época, a qual é bem retratada no poema, ser caçador de escravos fugidos, dentro dessa narrativa são mobilizados diversos detalhes, primeiro, um homem recém casado e com a esposa grávida, ainda por cima desempregado. Do outro lado em segundo plano temos os Senhores de escravos, que precisavam recuperar " o que a eles pertenciam". E por último temos os escravos que fugiam em busca da tão sonhada liberdade, ocorria um jogo de interesses dentro desse quadro descrito, como também injustiças, fracassos, ganância, sobrevivência entre outros.
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