Fichamento Glenisson Balanço Patrimonial Gerencial
Por: Juliana Hachmann • 2/4/2017 • Bibliografia • 1.419 Palavras (6 Páginas) • 713 Visualizações
Resumo de: GLÉNISSON, Jean. A História e o Tempo. In: ___. Iniciação aos Estudos Históricos. 6ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991. p. 28-63
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Em 1961, foi lançado em São Paulo pela editora … o livro Iniciação aos Estudos Históricos, de autoria do professor francês Jean Glénisson. Embora a ênfase da atuação de Glénisson sejam os estudos medievais, a paleografia e a organização arquivística, esta obra foi concebida como um manual de introdução à historiografia. Ela nasceu da necessidade que professor e alunos sentiam no curso de história da recentemente criada Universidade de São Paulo, onde Glénisson era professor convidado.
O livro é dividido em 5 partes. A primeira, “Noções Gerais” trata do conceito de história, tempo e a relação com o meio geográfico. Na segunda e terceira partes, respectivamente “O domínio da erudição e da crítica” e “O domínio da interpretação”, Glénisson trata dos problemas e procedimentos referentes ao tratamento das fontes históricas e o entendimento contemporâneo do processo da escrita da história. A quarta parte recebeu o título de “Da concepção cristã de história à laicização do pensamento” e trata de questões mais amplas relativas à teoria e filosofia da história. A última parte do livro são apêndices que tratam de diversos temas relativos à historiografia, como tendências contemporâneas e historiografia brasileira.
O capítulo II da primeira parte do livro, “A História e o Tempo”, é dedicado a expor algumas considerações sobre como o historiador concebe e manipula o tempo – matéria fundamental e característica da disciplina história. Neste capítulo, o autor trabalha, principalmente, com os conceitos de concepção de tempo, período, duração, estrutura, ruptura, transição e marcos históricos.No centro de sua análise, utiliza as categorias de tempo cronológico, tempo cíclico, tempo homogêneo, formas de periodização e a variedade de fenômenos na periodização.
Na primeira parte do texto, o autor se preocupa em demonstrar ao leitor que a concepção que se tem do tempo é variável na história e nas sociedades. Ele busca demonstrar esta variedade seguindo um caminho que vai da concepção de tempo das sociedades “primitivas” (termo usado no texto), passando pelo mundo grego, romano, medieval e culminando na concepção moderna de tempo.
Para os primitivos, Glénisson atribui uma concepção que ele chama de tempo homogêneo: é uma percepção de eterno presente, sem noções de passado ou futuro e sem um cuidado com a datação ou sequer com o desenvolvimento de instrumentos mais ou menos precisos para a medição do tempo.
No mundo grego, Glénisson identifica a ideia de tempo cíclico: embora haja medição do tempo e noções temporais para além do presente, a concepção de história é de que os acontecimentos se repetirão em um “eterno retorno”. Além disso, nas obras históricas não há cuidado com a fixação precisa de datas ou períodos.
É no mundo romano que o autor vê surgir os primeiros sinais de tempo cronológico linear e, junto a isto, a necessidade do rigor na datação e a noção de duração. Devido à mitologia romana, segundo a qual Roma teria um fim pré-determinado, desenvolveu-se nesta sociedade a preocupação com o tempo de duração da civilização romana. Assim, a fixação das datas e a contagem linear do tempo se tornaram necessárias. Com Santo Agostinho e o cristianismo, somam-se a estas características as noções de universalidade e irreversibilidade do tempo. “Encontramo-nos, desta vez, em presença de um tempo universal contínuo, linear, irreversível, dotado de um começo e de um fim.” (p. 36)
O mundo medieval conservou, nos circuitos eruditos, a preocupação com a datação, embora na vida cotidiana a noção detempo presentista tenha prevalecido. Para o mundo camponês, a contagem de tempo era feita de acordo com o tempo da natureza; muitas vezes não havia contagem precisa de anos e a noção da relação entre o passado e o presente era de continuidade, típico das sociedades tradicionais.
O mundo moderno retoma a contagem linear do tempo; populariza o relógio e a preocupação com a contagem de tempo em pequena escala. Mas, principalmente, institui a noção de progresso, ou seja, de um futuro potencialmente diferente – e melhor – do que o passado. Esta noção de permanente transformação torna obrigatória a tarefa de periodizar e diferenciar o tempo da história.
Posto isto, o autor passa à segunda parte do texto, onde vai tratar justamente dos problemas relativos à periodização. Em linhas gerais, ele dedica-se a desenvolver a ideia de que o estabelecimento de períodos é um processo formado por dois fatores: de um lado, os historiaddores que, a posteriori, olham para o passado e identificam as mudanças; de outro lado, os contemporâneos que, em muitos casos, percebem em sua vivência alguns aspectos desta mudança e sentem as descontinuidades se estabelecendo. Assim, embora afirme que um período é uma construção historiográfica, o autor não relativiza ao extremo esta ideia: embora seja uma construção, que pode ser polêmica, historicamente datada e alterada no futuro, a periodização não é completamente arbitrária e desconectada da realidade.
Na construção de seu argumento, Glénisson historiciza o processo de periodização da historiografia (especificamente da historiografia europeia nascida com os historiadores cristãos). Das divisões teológicas das dinastias, passa-se às “idades” bíblicas e, enfim, chega-se à noção ainda em uso de antiguidade e modernidade. Algumas páginas são dedicadas à historicizar o nascimento e a solidificação das concepções de Idade Média e de Renascimento.
Daí, o autor passa a considerações gerais sobre a periodização. Uma das questões é o estabelecimento de datas ou marcos de ruptura entre um período e outro. A polêmica em torno dos marcos é relativa ao estabelecimento de acontecimentos considerados cruciais: qual a natureza dos fenômenos mais importantes para a ruptura? O que foi mais crucial: um fenômeno político, econômico, social, cultural? Há uma hierarquia geral ou depende de cada época? É possível iniciar um período com um fenômeno de uma natureza e determinar seu fim utilizando outro critério? A mudança se dá de forma brusca ou é lentamente gestada? Se assim for, cria-se a noção de períodos de transição e o problema – todo período não seria um período de transição? É possível uma ruptura total com o passado? Quando se estabelece um período se enfatiza as características que duram neste tempo. Mas como trabalhar com a diversidade humana dentro do período (nem todos possuem as mesmas características)?
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