Padre Cícero

Padre Cícero – O cearense do Século

Emanuel Barbosa de Melo

INTRODUÇÃO

A História de Padre Cícero do Juazeiro do Norte tem seu foco histórico ainda muito recente, criando assim fatores que geram muitas controvérsias em volta de sua memorável biografia. Porém com um grande valor histórico, cultural e de fé para a região do Cariri e para várias partes do país.

Padre Cícero Romão Batista, o Padrinho do Nordeste, destacou-se pela sua maneira de ser.

Primeiro, como sacerdote, doando totalmente sua vida a Deus e depois assumindo a árdua tarefa de cuidar, tomar conta de um povo sofrido, que precisava de um salvador em suas vidas. Segundo como político de decisões firmadas, soluções rápidas e inteligentes. Tornou-se figura polêmica desde o famoso MILAGRE DE JUAZEIRO, passando por muitos casos os quais, é necessário que fiquem registrados. (tanto como padre e como político). E continua sendo um vulto polêmico até nos dias de hoje, pois em pleno século XXI, é eleito o “CEARENSE DO SÉCULO”.

O que este curso se propõe é adentrar na escuridão da história, e tentar esclarecer as verdades e mistérios que estão em volta do nome do Padre Cícero. Pois quando morre um Mito nasce uma Verdade.

CAPITULO I

NASCIMENTO E VIDA

Sob uma forte seca que assolava o Ceará, a qual não perdoava nem a região do Cariri, nasceu no dia 24 de março de 1844, na Cidade do Crato (CE), Cícero Romão Batista, Filho de Joaquim Romão Batista, comerciante na mesma cidade e de Joaquina Vicência Romana, conhecida como dona Quinou. Nascido em uma família religiosa, era ele o filho mais velho. Já nascendo num dia abençoado, no domingo, dia que o Senhor Deus descansou dos seus trabalhos e consagrou como dia santo. Foi batizado na igreja matriz de Nossa Senhora da Penha, celebrado pelo Padre Manoel Alves Joaquim do Nascimento, no dia 8 de abril do mesmo ano. Fôra seu padrinho seu avô paterno, João Romão Batista e madrinha sua tia por parte materna, Antonia Ferreira. Padre Cícero teve ainda duas irmãs, Maria Angélica e Angélica Vicência.

Quando garoto, o menino Cícero gostava muito de rezar o rosário, pois preferia a oração que brincar, e se comovia toda vez que escutava a história da Paixão de Cristo. O mesmo Mostrou desde cedo a sua inclinação para a vida de sacerdote. Naquela época, era comum encontrá-lo entre as rezas da igreja e na labuta dos trabalhos paroquiais.

Destacando-se para o estudo, Cícero teve como seu primeiro educador, o Prof. Rufino de Alcântara Montezuma. Entre outros, estudou também com o Padre João Marrocos (progenitor do José Marrocos).

Contando ainda com apenas 12 anos de idade, fez voto de castidade. Fato que se caracterizou de forma edificante na sua formação religiosa. Formação esta, que sofreu grande influencia da vida de São Francisco de Sales. Sendo este marco de decisão para o garoto Cícero seguir a carreira de padre.

Quando contava com 16 anos de idade, em 1860, Seu pai com muito esforço, matriculou o garoto Cícero no Colégio do Padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras – Paraíba. Diga-se de passagem, colégio de grande reputação. Porém o destino lhe preparou a sua primeira armadilha, pois só pôde ficar no colégio por 2 anos, em conseqüência da morte de seu pai, acometido de cólera-morbo, sendo obrigado a retornar para o convívio de sua família, pois deveria continuar o trabalho de criar educar suas irmãs, tendo isto ocorrido no ano de 1862.

Com a morte de seu pai, a família de Cícero passou a sofrer sérios problemas financeiros. Porém Cícero querendo prosseguir com seus estudos, veio a ingressar no seminário na Cidade de Fortaleza em 7 de março 1865, pois seria a única maneira de continuar os estudos, pois os mesmos eram gratuitos. Devido ao estado de pobreza, Cícero e com ele, muitos outros ingressavam no seminário para estudar, todavia próximo a sua ordenação o Seminarista Cícero deparou-se, com um problema: O seminário no ano de 1868, já não podia mais bancar o ensino gratuito. Mas, graças a ajuda de seu padrinho de crisma, o Cel Antônio Luiz Alves Pequeno, Político influente na região do cariri, Cícero Romão conseguiu ser ordenado padre.

CAPITULO II

CONSAGRANDO-SE PADRE

Ingressou no seminário de Fortaleza, sob a direção dos padres Pedro Augusto Chevalier e Lourenço Vicente Enrile, ambos europeus. O seminarista Cícero passa a testemunhar o processo de “Romanização” da igreja, processo de cunho espiritualista e ideológico, idealizado pelo primeiro bispo do Ceará Dom Antonio Luis dos Santos, que pretendia substituir o “catolicismo colonial” pelo “catolicismo universalista de Roma”. Ou seja, tentar criar uma nova igreja virtuosa e obediente aos preceitos de Roma, (Igreja Católica, Apostólica Romana).

Já neste período o seminarista Cícero, começa a sofrer perseguições e é acusado pelo reitor de participar juntamente com seu amigo José Marrocos (Filho do padre João Marrocos) que já havia sido expulso do seminário, acerca de idéias religiosas tidas como estranhas.

Sofreu também grande pressão pelo fato de ter sido considerado um tanto místico e quem mais o perseguiu foi o Padre Pedro Augusto Chevalier, pedindo inclusive o seu desligamento do seminário.

Porém, disseminados todos os litígios, e com a clemência do bispo do Ceará Dom Antonio Luis dos Santos resolvendo não contrariar o Cel Antônio Luiz Alves Pequeno, chefe político cearense e padrinho de crisma de Cícero, a sua ordenação é permitida. Cícero agora contando com 26 anos de idade se ordenou padre.

Tendo sido Consagrado Padre no dia 30 de novembro de 1870. Em missa cantada, Padre Cícero Romão Batista, retornou a sua terra natal enquanto aguardava autorização para administrar uma paróquia.

Enquanto aguardava nomeações para assumir trabalhos em alguma paróquia, Padre Cícero Romão Batista, ficou lecionando Latim no Colégio Padre Ibiapina, fundado e dirigido pelo seu primo e amigo Prof. José Marrocos, que mais