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Resenha Crítica do Livro Pré-História do Brasil

Por:   •  2/5/2020  •  Resenha  •  1.566 Palavras (7 Páginas)  •  309 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Alinne Victória Martins Ferreira

Resenha Crítica do Livro: Pré-História do Brasil

Trabalho para obtenção da primeira nota na disciplina História da América: da Pré-História à conquista europeia.

São Luís - MA

2019

Resenha Crítica

A obra Pré-História do Brasil, publicada pela primeira vez em 2002, foi produzida pelos arqueólogos brasileiros Pedro Funari e Francisco Noelli e apresenta uma leitura clara, permitindo ao leitor um aprofundamento instantâneo no conteúdo. Esta obra consiste em expor o desenvolvimento de conceitos referente a Pré-História e questões que tangem o trabalho arqueológico e histórico, além de teorias que tentam explicar o processo de povoação da América e, mais precisamente, do Brasil.

Para tanto, o livro divide-se em cinco capítulos, onde em sua introdução há uma reflexão sobre o conceito por trás da palavra Brasil. Funari e Noelli (2006), então, contextualizam o nascimento do Brasil, um Estado Nacional, relembrando que é um país original do ano de 1822. Desta forma, afirmam que: O Brasil é um Estado nacional, um tipo de organização social, política e econômica muito recente, surgida em fins do século XVIII e que, aqui começou a adquirir formas concretas em 1822, com a proclamação da Independência.

Partindo dessa noção de Estado Nacional, os autores esclarecem que antes desta concepção surgir os indivíduos identificavam-se com sua dita terra natal (cidades, aldeias).  Corroborando isto, os autores destacam que em italiano “paese” significa “cidade”, “aldeia”. Ressaltando também que “país”, referia-se ao lugar da qual nos originamos e em que os habitantes partilham dos mesmos costumes, língua, normas. Contudo, os indivíduos também se identificavam com grandes estados, impérios com uma enorme diversidade de costumes.

Funari e Noelli, voltam-se novamente a ideia do Estado Nacional como um aglomerado mais homogêneo, expondo que:

Os Estados Nacionais, surgidos no final do século XVIII, começam a substituir as antigas cidades e os Impérios, criando países baseados nas noções de um povo, com uma língua e uma cultura mais ou menos homogênea, em um território delimitado e, em geral, contínuo (pág. 10).

Logo observa-se a relevância em criar fronteiras para determinar que em tal território há uma cultura diferente daquela que existe para além dos limites. Apontando, então, para a criação de identidades nacionais. No que se refere ao Brasil, antes de 1822 havia um território colonizado, em especial, pelos portugueses.

Após tais explicações conceituais, os autores enfatizam que a concepção de uma História anterior aos primeiros relatos bíblicos (sobre a criação do homem e da mulher) foi considerada somente em meados do século XIX. É colocado que a partir de 1816, Christian J. Thomsen classificou as coleções de antiguidades em três idades: da Pedra, do Bronze e do Ferro. Esta ordem foi definida de acordo com o desenvolvimento de técnicas para utilização desses materiais, ou seja, primeiro o ser humano dominou a arte de trabalhar pedras; depois cobre e bronze; somente em seguida o ferro.

Na segunda metade do século XIX, Charles Darwin publicou A Origem das Espécies e posteriormente lançou A Origem do Homem e a Seleção Sexual, segundo os autores esta última obra completou a tese de Darwin sobre a evolução humana contrapondo-se a interpretação teológica do surgimento do homem.

Os autores frisam que no continente europeu os estudos sobre os seus antepassados ocorriam por meio da leitura de obras da Antiguidade. E, no século XIX, outras fontes de investigação foram utilizadas, como os vestígios materiais encontrados na França e Alemanha. Sendo denominados de culturas proto-históricas, “da primeira história”.  

É enfatizado o fato de que no século XIX a concepção do que é História foi resumida a “uma ciência voltada ao estudo do passado a partir dos documentos escritos”, contudo não é possível desconsiderar a existência humana antes da escrita, haja vista que a teoria do Evolucionismo demonstra que poderia haver vestígios humanos mais antigos. Desta forma, tudo anterior ao dito surgimento da escrita em diferentes períodos e locais do planeta passou a ser denominado Pré-História. E, consolidando isto, os autores apontam que: Em 1856, no vale do rio Neander, perto de Dusseldorf, na Alemanha, encontrou-se a calota craniana de um homem primitivo, que ficou conhecido como o “homem de Neandertal”. Quase uma década mais tarde começam a utilizar os termos Paleolítico e Neolítico, criando temporalidade dentro da Pré-História.

Os autores analisam que o conceito de Pré-História possui conotações diferentes para a Europa e para a América, visto que no primeiro continente a definição do termo consiste em uma “referência à História, como o período anterior à escrita”. Porém, na América, Pré-História está relacionada com o período anterior a chegada dos europeus. Isto reforça o teor eurocêntrico da História, desconsiderando os costumes dos povos que já habitavam a América e tornando irrelevante o fato de que a escrita foi desenvolvida por estes povos antes da chegado dos colonizadores, haja vista que o conceito de História, então, adotado utiliza a escrita como o seu marco inicial. Nesse sentido, Funari e Noelli (2006) afirmam que:

Os maias, civilização que se desenvolveu no México e na América Central, possuíam uma escrita muito elaborada, embora usada quase sempre em contexto religioso, ainda por ser totalmente decifrada. Os incas usavam cordas para registrar eventos, chamados quipos. Na verdade, muitos povos americanos tinham sistemas de registros comparáveis à escrita, como os povos nambiquaras e tupis [...] como propôs recentemente o americanista britânico Gordon Brotherston (pág. 13).

Funari e Noelli, em outro tópico intitulado “Como se pode conhecer a História?”, enfatizam que o estudo deste passado pré-histórico necessita de vestígios materiais. Lembrando, então, da Arqueologia, ciência que estuda o mundo material ligado às sociedades.

Observam, portanto, que há tipos de restos materiais como os líticos, artefatos feitos de pedras; zoolítos, esculturas feitas em pedras representando animais ou seres humanos; e as cerâmicas, ou seja, artefatos feitos de barro cozido. Tais artefatos dizem muito sobre os hábitos e técnicas desenvolvidos pelos seres humanos. Segundo os autores, a análise da cerâmica pode informar como era feita a armazenagem de produto ou mesmo do que se alimentavam. Além destas evidências, há também as pinturas rupestres que demonstram as habilidades de comunicação aprimoradas pelo homem e colaboram para compreender seu cotidiano. Funari e Noelli (2006), explicam que: O conjunto dessas informações resultantes de artefatos produzidos ou simplesmente utilizados pelo homem, bem como os locais que transformavam para habitar, é considerado a sua cultura material (pág. 20). Enquanto os locais onde distintas atividades eram realizadas são chamados de “áreas de atividade”.

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