Fronteira – Inserção do gado e conflito com o indígena.

Fronteira – Inserção do gado e conflito com o indígena.

A fronteira transcende o território que por sua vez compõe elementos de hábitos culturais ou sociais de um povo, e se torna o lugar de conflitos não apenas pela tentativa de apropriação do território mas também a tentativa de subjugação do outro, o que por ventura inclui a anulação do que não prevalece ao empasse.

“...a fronteira é, na verdade, ponto limite de territórios que se redefinem continuamente, disputados de diferentes modos por diferentes grupos humanos. Na fronteira, o chamado branco é civilizado é relativo a sua ênfase nos elementos materiais da vida e na luta pela terra também o é.” MARTINS pg. 10

O conceito de fronteira se torna amplo a interpretações, de forma que cada sociedade possui um olhar acerca dessa realidade, cada colônia foi forjada a critério de seus colonizadores e adquiriram traços de suas características de exploração, o continente americano foi colonizado por diferentes povos ao longo de sua extensão, testemunhamos colônias de exploração e de produção, o fato é que, os norte-americanos possuíam um olhar sonhador, com o otimismo embutido em conhecer e desbravar o novo, enquanto para os sul americanos mais especificamente os brasileiros com o dilema de sua região centro oeste denominada sertão, o consideravam um espaço, com dimensões e delimitações geográficas que era belicoso, fora dos limites de Deus e da sociedade ou Estado. Onde a natureza não havia sido moldada aos anseios metropolitanos, assim como os povos que originalmente povoavam as terras.

“[...] a tradição norte-americana a fronteira tinha conotações de oportunidade, de um lugar para começar de novo, para os brasileiros o sertão era um espaço escuro, desconhecido e perigoso, sem Deus, sociedade ou Estado”.2Whereas in the North American tradition the frontier had connotations of opportunity, of a place to start over, for Brazilians the sertão was a dark, unknown, and dangerous space, without God, society, or the state (tradução livre do autor). McCREERY, David, ibidem, p. 15.  

No Sertão de Amaro Leite o gado acirra empasses já que possui o papel de apropriação do território, que usualmente pertencia ao indígena. Dulce Madalena Rios Pedroso em sua obra A História de resistência dos Avá-Canoeiro (1992), descreve a existência de conflitos entre os Avá-Canoeiro e colonizadores já durante o século XVIII, onde se pensa a primeiro momento uma utilidade para as vastas e férteis terras ao norte e uma economia que posteriormente seria uma das principais fontes de renda da província, que testemunharia suas minas exauridas, o que justificaria a economia agropastoril, que em um segundo momento depreciava as terras de posse indígena, ocasionando conflitos na “fronteira da fronteira”.

 A partir de meados do século XVIII, a colonização

atinge o território Avã-Canoeiro, onde as frentes agro-past~

ris e a navegação pelo rio .Tocantins fazem iniciar os confli

tos entre índios e colonos.  PEDROSO pg. 05

A fixação de estabelecimentos agro-pastoris em

territórios de explorações dos Avá-Canoeiro, a partir de mea

dos do século XVIII, desencadeou uma reação violenta entre

esses índios, os quais impuseram resistência a esta invasão. PEDROSO pg. 07

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