O Departamento de Ciências Humanas e Filosofia
Por: Bruna.95 • 21/4/2020 • Trabalho acadêmico • 612 Palavras (3 Páginas) • 197 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Departamento de Ciências Humanas e Filosofia
Disciplina: CHF 184 - História do Brasil III
Prof. Maria Aparecia Prazeres Sanches
Bruna Batista Silva
29/11/2019
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. P. 140-160.
No capítulo V o autor trata do comportamento político do Rio de Janeiro, observando que a população demonstrava um comportamento participativo na religião, na assistência mútua e nas grandes festas. Ressaltando ser nessas ocasiões e por esses motivos que a população atuava e reconhecia-se enquanto comunidade em contra ponto com a notória indiferença a assuntos associados a participação política.
“Segundo levantamento encomendado pela prefeitura, havia na cidade, em janeiro de 1912, 438 associações de auxilio mútuo, cobrindo uma população de 282 937 associados. Isto representava, aproximadamente, 50% da população de mais de 21 anos, um número impressionante.” (CARVALHO, 1987, p.143.)
No início do capitulo ao autor faz um paralelo entre a visão dos reformistas políticos e a real atuação da população da época. Na visão desses reformistas o cidadão tem plena consciência de seus direitos e deveres e atua segundo esses preceitos, se organizando para fins de reivindicações e melhorias. Porém esse modelo de cidadania não era encontrado nas ruas do Rio de Janeiro, o que não anula o molde próprio de atuação cidadã na cidade, que através das associações que se baseavam em grupos de pertencimento, com o tempo foi obtendo um caráter civil e até mesmo político.
“De modo geral, não eram colocadas demandas mas estabelecidos limites. Não se negava o Estado, não se reivindicava participação nas decisões do governo; defendiam-se valores e direitos considerados acima da esfera de intervenção do Estado, ou protestava-se contra o que era visto como distorção ou abuso.” (CARVALHO, 1987, p.146)
É ressaltado que essa população ainda se mantinham em um papel de súdito, aceitando a sua atuação como um ser sem qualquer direito de influência sobre o Estado. O autor se utiliza dos estudos de Max Weber sobre as cidades do sul e do norte da Europa, a reforma protestante e o desenvolvimento do capitalismo moderno, as indagações de Albert Sales, para contrastar a formação comunitária de influência Ibérica dos brasileiros com a formação individualista dos povos anglo-saxões.
“Albert Sales dizia, por exemplo, que o brasileiro era muito sociável mas pouco solidário. Sua sociabilidade e extroversão davam-se nas relações pessoais e nos pequenos grupos. Faltava-lhe o individualismo dos anglo-saxões, responsável pela capacidade de associação desses povos. Para ele, era a consciência da individualidade, dos interesses individuais, que constituía a base da capacidade associativa.” (CARVALHO, 1987, p.150)
A cultura brasileira de tradição comunitária sofreu grandes transformações com o advento da abolição e da proclamação da República, com a introdução de elementos da tradição liberal individualista, resultou em um hibrido. Fazendo com que o avanço liberal disparasse em comparação a liberdade e participação política. Era necessário do desenvolvimento de formas de convivência em um Estado antes colonial e depois nacional, fazendo das associações meios de contato entre burocracia e a população.
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