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A LITERATURA E A MULHER

Por:   •  14/5/2019  •  Bibliografia  •  2.462 Palavras (10 Páginas)  •  292 Visualizações

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A LITERATURA E A MULHER

1.1 A literatura no mundo e no Brasil

A literatura possui uma representação de espelho da sociedade, retrata a realidade vivida na época, como os acontecimentos econômicos, políticos, filosóficos e resgata as transformações sociais em tempos passados, serve como ponte de comunicação e expressão prazerosa tanto em sua forma oral como escrita.

Como relatado acima, a literatura possui a funcionalidade de representação do real. Assim o crítico e sociólogo Antônio Candido constrói o seu conceito de literatura:

A arte, e portanto a literatura, é uma transposição do real para o ilusório por meio de uma estilização formal da linguagem , que propõe um tipo arbitrário de ordem para as coisas, os seres, os sentimentos. Nela se combinam um elemento de vinculação à realidade natural ou social, e um elemento de manipulação técnica, indispensável à sua configuração, e implicando em uma atitude de gratuidade. (CANDIDO, 1972:53).

Na citação acima, Candido comenta o indispensável uso de um elemento de manipulador técnico, que é um fator determinante se um texto ou obra é ou não literário. Este elemento se deduz dizer que é a linguagem classificada por Barthes como a linguagem literária, que estabelece uma ordem nova para a representação das coisas, isso em relação à realidade natural. Porém mesmo que a literatura crie espaços não reais, elas são inventados ou baseados no espaço em que o escritor vive. Deste modo vemos a literatura vinculada à realidade, mas há uma fuga através da estilização da linguagem. Marisa Lajolo relata este papel determinante que a linguagem possui na classificação de uma obra como literária:

É a relação que as palavras estabelecem com o contexto, com a situação de produção da leitura que instaura a natureza literária de um texto [...]. A linguagem parece tornar-se literária quando seu uso instaura um universo, um espaço de interação de subjetividade (autor e leitor) que escapa ao imediatismo, à predictibilidade e ao estereótipo das situações e usos da linguagem que configuram a vida cotidiana.  (LAJOLO, 1981:38).

Desde os primórdios houve a necessidade de interpretação da literatura, compreendê-la em sua situação atual e em vários ângulos. Desde o século XIII com as obras de Homero, Odisseia e Ilíada, veio à necessidade de se construir uma teoria literária, várias análises foram discutidas, forma, a fonte e a essência da literatura, que desde os primórdios além de seduzir os leitores, quando transmitidas ainda de forma oral, declamados em momentos festivos, outro fato se deve a idade média com a utilização das epopeias como a “canção de Rolando” ou o poema do Cid, cuja autoria é desconhecida, esses poemas eram repassados de forma oral.

Zilberman relatou que a cultura popular é rica por aqueles que decoram seus versos e estrofes, mas isso não significa que isso não seja considerado como literatura. Com isso ela explicou:

“Portanto, o termo literatura pode ser um tanto inexato para definir seu material, tendo de ser utilizado com ressalvas para não excluir as ricas manifestações poéticas de exclusiva circulação oral”. (2012, P.12).

Segundo Zilberman(2012), a literatura se organiza de acordo com a humanidade, ou seja , ela se perdura no universo social, tanto na oralidade, quanto na escrita e o mais importante é o seu valor estético artístico, este que necessariamente precisa de um estudo e enfim de uma teoria, segundo ela um “posicionamento critíco”

No Brasil, Segundo Cândido (1999) a literatura é parte da literatura do ocidente da Europa, na época da independência em 1822, uma teoria nacionalista invadiu o país, procurando entender o que nossas produções tinham de originais, a nossa literatura modificada pelas transformações que ocorriam na época, mas ainda fazendo parte do conjunto das literaturas ocidentais. Cândido (1999, p.12) afirmou que “Assim, a literatura não “nasceu” aqui: veio pronta de fora para transformar-se à medida que se formava uma sociedade nova”.

Nossa literatura não diferentemente das outras é o reflexo da sociedade e principalmente da imposição cultural que foi se modificando ao longo do tempo.

A história da literatura brasileira é em grande parte a história de uma imposição cultural que foi aos poucos gerando expressão literária diferente, embora em correlação estreita com os centros civilizadores da Europa. (CÂNDIDO (1999, p.13).

A literatura Brasileira possui grande destaque na área cultural do país, tendo importante valor na mídia, os jornais dedicam grande parte dos seus cadernos culturais á análise e critica literária.

1.2 A mulher na Escrita

“ O que sinto em mim, quando diante do computador busco a essência do homem, a essência profunda do animal e da pedra, que me permitirá escrevê-los, o que sinto, vívido, é o que procuro dentro de mim, através de mim, através da minha própria, mais profunda essência. E que essa essência é, antes de mais nada, uma essência de mulher.” Marina Colasanti.

Quando nos recorremos à literatura, vem na mente uma gama de autores masculinos em nosso pensamento, mas não nos damos conta da quantidade de mulheres que tiveram e tem um papel significativo da construção da literatura no mundo. A mulher desde o inicio dos tempos foi classificada como ser inferior, vivendo nas sombras dos homens em diversas áreas, desde então elas vêm conquistando o seu posto em muitos setores da sociedade e principalmente na literatura. A escrita das mulheres já foi bastante rejeitada, criticada, a justificativa dada era que o valor estético era inferior às produções masculinas.

Ao recorrer à escrita da mulher é o mesmo que recorrer qual o papel da mulher na sociedade, um debate sobre seus direitos e sua posição no passado, presente e futuro. Contam que o primeiro romance do qual se tem notícia foi escrito por uma mulher: Murasaki Shikibu, uma japonesa da classe nobre, que escreveu no ano 1007 um livro chamado “A História de Genji”. Assim como ela, existem muitas escritoras que ganharam (e continuam ganhando) destaque na literatura mundial, como Jane Austen,  Virginia Woolf, Agatha Christie, Hilda Hist,, Suzanne Collins, Gillian Flynn, Veronica Roth,, Cornelia Funk, Cressida Cowell e várias outras.

No Brasil a primeira mulher a romper a barreira na escrita literária foi Nísia Floresta Brasileira Augusta,nascida no Rio Grande do Norte. Publicou textos Jornalísticos. Seu livro, “Direitos das mulheres e injustiça dos homens” (1932), é o primeiro livro a tratar dos direitos das mulheres à instrução e ao trabalho no Brasil. Outras escritoras do mesmo modo desafiaram o mundo literário brasileiro, como Ana Eurídice Eufrosina Barandas, considerada a primeira cronista do país; Raquel de Queiroz, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras; Clarice Lispector, uma das escritoras brasileiras mais renomadas do século XX; e Nélida Pinon, primeira mulher a ser Presidente da Academia Brasileira de Letras.

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